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Mercado Financeiro

Ranking do semestre: bitcoin lidera, bolsa se recupera e dólar fica na lanterna; confira

Ainda faltam os dados desta sexta-feira, 30, mas o bitcoin deverá ser o ativo com o melhor desempenho no semestre: bolsa sobe cerca de 8% e dólar cai cerca de 8%

Data de publicação:30/06/2023 às 08:00 -
Atualizado um ano atrás
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Dificilmente algum ativo vai conseguir tirar a liderança do bitcoin no ranking de rentabilidade do primeiro semestre de 2023. Ainda faltam os fechamentos dos mercados desta sexta-feira, 30, mas a distância para o segundo colocado, os fundos imobiliários, é grande o suficiente para preservar a sua posição. 

A moeda digital saiu de um nível de US$ 16,6 mil no fim do ano passado. para US$ 30,4 no fechamento desta quinta-feira. O Ibovespa também fez bonito, com valorização de quase 8%, faltando os dados de hoje. Na sequência do topo com a renda variável segue o pelotão da renda fixa, sustentado por uma Selic em 13,75% em todo o período. e euro ocupam as últimas posições do semestre.

Investimento/indicadorRendimento/variação
Bitcoin83,16%
Fundos Imob. Ifix  8,93%
Bolsa  7,88%
Títulos IPCA  6,67%
CDB  6,54%
Fundo Renda Fixa  6,06%
Fundo DI  6,05%
Poupança   4,08%
IPCA  2,95%(*)
Ouro-3,49%
IGPM-4,46%
Euro-6,71%
Dólar-8,13%

(*) Acumulado até maio, porque em junho é esperada inflação negativa, deflação

Retrospectiva

Em retrospectiva do que aconteceu no primeiro semestre do ano e afetou negativamente os mercados, houve um início de governo tumultuado, com incertezas tanto em relação à segurança das instituições como a questões fiscais, passando por crises financeiras no varejo e problemas no crédito privado. Lá fora o cenário é marcado pelo aumento de juros em todo o mundo, quebra de bancos no exterior e desaceleração da economia da China.

Já do lado positivo da balança, o PIB do País surpreendeu, assim como a inflação, que foi perdendo fôlego abrindo caminho para perspectiva de queda dos juros no segundo semestre.

Eventos que, de um jeito ou outro, estão refletidos nos resultados dos ativos nessa primeira metade do ano.

Arcabouço fiscal e incertezas

O começo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi marcado pela insegurança em relação à dívida pública, herdada pela revogação do teto de gastos por meio de emenda constitucional no ano anterior. 

Em substituição ao teto, foi arquitetado o arcabouço fiscal, “que ficou praticamente o semestre todo em elaboração, discussão, e foi aprovado recentemente pela Câmara e pelo Senado”, aponta Denis Medina, economista e professor da FAC-SP.

Embora criticado como insuficiente por especialistas, “é esse arcabouço que vem proporcionando alguma ancoragem aos gastos públicos”, analisa o professor.

“Tivemos o evento do dia 8 de janeiro. Essa invasão a Brasília, repercute ainda hoje em todas as esferas, e continua uma polarização entre direita e esquerda, muito forte” pondera Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT Capital.

A pressão pública do governo contra o Banco Central para baixar a Selic provocou ruídos no mercado financeiro com o receio de interferência na autonomia do BC. 

Ao mesmo tempo favoreceram os mercados o andamento da reforma tributária e, bem ou mal, do próprio arcabouço fiscal.

Inflação e PIB

Embora no primeiro trimestre o IPCA tenha mostrado algum gás, já nos últimos três meses, a inflação vem apresentando uma queda relevante, o que na opinião de Medina pode ajudar na queda da taxa báscia de juros, que ainda está elevada, em 13,75% ao ano, no segundo semestre.

As perspectivas para o crescimento da economia este ano, e retratadas no Boletim Focus do Banco Central, não eram nada animadoras. No entanto, já nos três primeiros meses, os resultados da evolucão do PIB surpreenderam com avanço de 1,9%.

“Mas foi totalmente puxado pelo agronegócio” pontua o professor. “Serviço, indústria e comércio tiveram crescimento nulo, zero”. Ainda assim, o desempenho do setor “trouxe reflexos positivos para a balança comercial e algumas perspectivas positivas para o futuro, enquanto isso o dólar cai.”

No fim de 2022, o dólar era cotado entre R$ 5,28 e R$ 5,29%. Nesta quinta-feira fechou a R$ 4,86, com um recuo em torno de 8% frente ao real.

Ao mesmo tempo, a Bolsa foi beneficiada, o economista lembra que o Ibovespa fechou o ano passado aos 109.700 e no encerramento do pregão deste dia 29 ficou em 118.382 pontos, com valorização de 7,88%.

Crise no crédito privado

“No crédito privado tivemos um caso emblemático das Lojas Americanas no início do ano, com manipulação de dados e um efeito de cauda, não esperado pelo mercado, espalhando-se para outras empresas do setor”, ressalta Richetti.

Grandes players foram prejudicados, aponta Medina, como Tok&Stock, Riachuelo, Renner, Marisa, Magalu, Livraria Cultura, Pão de Açúcar. Também afetados pela manutenção dos juros em níveis elevados, o que encarece e restringe o crédito.

Mas não foi apenas no varejo que empresas tiveram problemas financeiros. “A LIght está com dificuldades para pagar suas debêntures” afirma o sócio da GT Capital. “Alguns FIIs (fundos imobiliários) também tiveram problemas com a emissão de CRA e CRI por defaults”.

Ele explica que por mais que as empresas tenham um rating a ser verificado para a certificação da qualidade do crédito emitido, o assunto merece atenção.

“Buscar crédito privado ficou mais complicado e caro” diz Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira. 

“Você tem uma taxa Selic a 13,75%, então no crédito privado o tomador vai ter de pegar a 16%, 17% 18%. A Via tem um endividamento a 15,75%, é o CDI mais 2,1%, parecido com o da Magalu”. exemplifica Brasil. Ele ainda destaca a falta de segurança ao se apoiar em agência de rating, diante de casos como o de Americanas, que quebrou do dia para a noite, e de dois bancos americanos.

Fatores externos

Alguns episódios de dificuldades financeiras com bancos americanos e suíços trouxeram apreensão aos mercados em todo o mundo.

“O ponto abrangente para todo o mercado internacional é o controle da inflação. Nos EUA houve aumento da taxa de juros, na Europa, na Ásia na Oceania. Em todo o mundo houve aumento da taxa de juros para controlar a inflação”, resume Richetti.

“Tanto nos Estados Unidos como na Europa, a inflação foi um fantasma no primeiro semestre e fez com que os bancos centrais elevassem as taxas de juros, mas é possível verificar os reflexos disso com a inflação deles cedendo”, comenta Medina.

Os juros elevados fizeram vítimas no setor financeiro, entre eles, alguns bancos americanos. “Jerome Powell comentou que as causas são muito similares entre os bancos, e ligadas ao gerenciamento das taxas ruins pelas instituições bem como a um modelo ineficiente para depósitos não segurados”, esclarece o sócio da GT Capital.

Problemas rapidamente contornados com a atuação do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que bancou todos os pagamentos aos clientes desses bancos.

No outro continente, lembra especialista, o Credit Suisse jogou a toalha em virtude de sua alavancagem, e teve de ser adquirido por outro banco suíço, o UBS, reforçando o cenário de instabilidade bancária mundial.

Ainda nos Estados Unidos, o professor da FAC-SP destaca a discussão ferrenha do governo com o congresso sobre o teto da dívida, os juros mais altos dos últimos 20 anos, e a inflação cedendo lentamente.

A desaceleração da economia chinesa, e queda no preço das commodities foram pontos de atenção dos analistas neste primeiro semestre.

Sobre o autor
Regina Pitoscia
Editora do Portal Mais Retorno.