Bitcoin se recupera, sobe 39% e lidera ranking das aplicações em janeiro; bolsa fica em 2°
As demais moedas, euro e dólar, ficaram na lanterna do balanço mensal
Em recuperação surpreendente, após meses de seguidas quedas, o bitcoin valorizou-se 38,82% e liderou o ranking dos melhores investimentos em janeiro. A Bolsa também não fez feio, fechou positivo em janeiro, com alta de 3,37%, embora tenha sido um mês marcado por início de novo governo, cercado por tensões políticas e incertezas econômicas, e elevada volatilidade no mercado.
O ouro foi o terceiro colocado, com alta de 2,72%, seguido pela família da renda fixa que também foi positiva no mês.
Investimento/Indicador | Rendimento/Variação |
1 - Bitcoin* | 38,82% |
2 - Bolsa | 3,37% |
3 - Ouro | 2,72% |
4 - Títulos IPCA | 0,90 a 1,30% |
5 - CDB** | 0,96 a 1,26% |
6 - Fundos de Renda Fixa*** | 0,20 a 1,20% |
7 - Poupança | 0,71% |
8 - Fundos DI*** | 0% a 1,10% |
9 - IPCA**** | 0,56% |
10 - IGP-M | 0,21% |
11 - Fundos Imobiliários (Ifix) | -1,60% |
12 - Euro | -2,19% |
13 - Dólar | -3,88% |
Obs.:
*Cotação do Investing.com
**Indicativo
*** Média
**** Estimativa
Mercado apreensivo e ajuda externa
Os primeiros dias do governo Lula foram permeados por algumas medidas econômicas e declarações do presidente sobre o ajuste fiscal e independência do Banco Central que causaram apreensão nos investidores.
Uma ajuda à Bolsa, para especialistas, veio do exterior, com a reabertura da economia da China, após a flexibilização das medidas de covid zero. A decisão chinesa animou as expectativas em relação à economia global, estimuladas também por bons dados de crescimento econômico dos EUA.
O mercado doméstico de ações encontrou suporte ainda na retomada de compras com mais apetite pelos investidores estrangeiros. O aumento do fluxo de capital estrangeiro na Bolsa deprimiu o dólar, que recuou 3,88%, pressionado pela oferta ampliada de moeda no mercado.
Dados da B3 apontam que o capital estrangeiro registra um saldo positivo (compras menos vendas de ações) de R$ 10,890 bilhões em janeiro, até dia 27. “O investidor externo vem mantendo um fluxo semelhante ao de 2022”, avalia Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos.
Renda fixa na maré dos juros altos
As principais aplicações de renda fixa continuam surfando na maré de juros altos referenciados na Selic de 13,75% ao ano. Acomodadas no pelotão intermediário do ranking, todas as opções conservadoras entregam ganho real, acima do IPCA de 0,56% estimado para o mês.
Os resultados de fundos de renda fixa, principalmente, e DI com debêntures da Lojas Americanas e outros títulos privados foram impactados negativamente pelo episódio do rombo fiscal da varejista.
Perspectivas
Especialistas esperam um ambiente de elevada volatilidade no mercado financeiro também em fevereiro. O novo mês começa com a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que, pela unanimidade das opiniões de analistas e economistas do mercado, deve manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano.
A estabilidade do juro básico não assegura uma trajetória linear das taxas de juro na renda fixa, bastante influenciada pelos juros futuros. A expectativa é de movimentos bruscos nesse mercado, impactados por eventos no cenário político e econômico doméstico, principalmente.
Pauta política
A pauta política ganha destaque com a abertura dos trabalhos legislativos no Congresso e a eleição do comando nas duas Casas, Câmara e Senado. Tomam posse também os parlamentares eleitos nas últimas eleições, crivo por onde passará boa parte das propostas econômicas do novo governo.
Medidas econômicas por si só já atrairão a atenção do mercado financeiro. Especialmente as que sinalizem a posição do governo em relação ao compromisso fiscal e à simplificação da estrutura tributária que venha a reduzir o chamado custo Brasil.
Ancoragem fiscal
“A principal incerteza que se tem hoje é o risco doméstico, principalmente a questão da ancoragem fiscal”, pontua Bertotti, da Messem Investimentos. Especialistas não arriscam palpite sobre uma tendência para a Bolsa. A ideia é que o mercado acompanhe as notícias político-econômicas do dia a dia e reaja mais a expectativas e fatores pontuais.
O cenário externo também continua foco de atenção dos investidores, sobretudo as decisões relacionadas à política monetária dos EUA.
Nesta quarta-feira, 1º de fevereiro, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) finaliza a primeira reunião do ano, com provável aumento de juros já precificado pelo mercado, de acordo com especialistas.