Finanças Pessoais

Quanto devo poupar para a aposentadoria?

Em tempos de Reforma da Previdência, é natural que a aposentadoria seja uma pauta ainda mais comum. São, afinal, diversas incertezas que chegam para a população…

Data de publicação:27/08/2019 às 12:12 - Atualizado 4 anos atrás
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Em tempos de Reforma da Previdência, é natural que a aposentadoria seja uma pauta ainda mais comum. São, afinal, diversas incertezas que chegam para a população sobre esse assunto.

Nessa hora, com tantas novas possibilidades para regras e pagamentos, uma preocupação costuma surgir: como garantir um futuro e uma terceira idade sem sustos do ponto de vista financeiro?

E como fazer isso? Quanto poupar para a aposentadoria? Existe uma forma melhor que as demais para aplicar o dinheiro pensando nesse objetivo? Esse artigo tentará responder a perguntas como essa.

Por que é importante poupar para a aposentadoria?

Muita gente sabe a finalidade de uma aposentadoria, mas poucos param para pensar na razão pela qual essa é uma prática bem recomendada para todos os níveis de profissional.

O grande ponto é o futuro. Por mais competente ou workaholic (termo destinado aos "viciados em trabalhar") que você seja, o corpo tem limites. O cansaço começa a chegar conforme a idade avança e, portanto, fica cada vez mais difícil manter-se produtivo.

Não bastasse isso, também existe o preconceito de mercado. Por melhor que sejam as suas intenções e que você siga estudando, é natural que pessoas mais novas cheguem ao mercado com novos conhecimentos e com aptidões melhores adaptadas para as necessidades do futuro.

Por fim, é claro, ninguém vai querer trabalhar até o final da vida. Chega uma hora em que curtir a vida também se faz necessário.

Por tudo isso, é fundamental preparar uma aposentadoria que permita uma vida tranquila e confortável. Assim, não haverá a necessidade de manter o ritmo profissional eternamente. Ou, se fizer desta forma, que seja apenas por opção.

Quanto poupar para uma aposentadoria confortável?

Nesse assunto todo de aposentadoria, a grande dúvida é sobre valores. Afinal, quanto precisamos poupar para garantir a aposentadoria? É preciso economizar altos valores mensais? Existe uma recomendação?

Tudo isso depende diretamente do padrão de vida de quem estiver calculando a sua própria aposentadoria. Qual é o seu gasto médio por mês? Três mil? Cinco mil? Dez mil? Vinte mil?

Nem é preciso dizer que alguém que tem um padrão de vida mais simples não precisa ter como meta a arrecadação de vinte mil reais mensais após aposentar, certo?

Também não é preciso ser tão literal nesse valor: conquistar um rendimento médio um pouco acima do gasto médio permite maior tranquilidade e até mesmo alguns gastos esporádicos sem sustos — como viagens ou passeios especiais em datas comemorativas, quando tudo é mais caro.

Portanto, o primeiro passo é entender qual o valor desejado para a aposentadoria. A partir dessa informação, o planejamento pode começar. É o que veremos na sequência.

Como calcular a aposentadoria da forma correta

Como vimos, tudo começa a partir de um valor definido para a sua renda mensal. Vamos imaginar que, por exemplo, esse valor mensal necessário seja de R$ 5.000,00.

Isso significa que você precisará de uma forma que gere essa mesma quantia mensalmente no futuro, garantindo assim o padrão de vida desejado sem precisar seguir trabalhando.

Ou seja, para esse caso hipotético, estamos falando de R$ 60.000,00 por ano.

Para isso, você pode usar de investimentos de renda fixa e variável, que permitirão ganhos crescentes a longo prazo e, a partir dessa rentabilidade, você pode achar quanto precisa acumular para esse objetivo.

Antes disso, porém, é preciso fazer um alerta sobre juros.

Juros Nominais x Juros Reais

Nesse processo de encontrar valores para a aposentadoria, não se pode ignorar um conceito importante sobre os juros.

Nem sempre o que as aplicações e investimentos oferecem como rentabilidade são, de fato, o valor que você vai ganhar ao longo do período.

Isso porque não se pode ignorar o efeito da inflação que, em resumo, é o aumento de preço dos produtos e serviços a cada ano.

Você já reparou com as coisas são mais caras hoje no supermercado do que 10 anos atrás? Esse é o efeito da inflação.

Por isso, uma parte dos rendimentos é destinada exclusivamente a compensar esse aumento de preços ou, em outras palavras, a desvalorização do seu dinheiro com o passar do tempo.

Agora que você entende isso, podemos apresentar os dois tipos de taxas de juros existentes:

  • Juros Nominais: são os juros totais, considerando tanto a inflação quanto os juros reais. É o rendimento bruto.
  • Juros Reais: é o valor que efetivamente valoriza do seu investimento e aumenta o seu capital, descontando a inflação.

Apenas para que fique claro, suponha que você tenha um retorno de 8% ao ano em um investimento.No entanto, você também tem uma inflação de 3%.

Ou seja, os Juros Nominais são de 8% ao ano, mas os Juros Reais, ou seja, aqueles que realmente aumentam o seu patrimônio ao longo do tempo, são de apenas 4,85% ao ano ((1+8%)/(1+3%)).

Como criar a sua aposentadoria com investimentos?

Para criar a sua aposentadoria, a melhor forma de trabalhar o capital é com investimentos e aportes regulares. Eles permitem que uma quantidade de dinheiro vá aumentando enquanto você ainda trabalha de maneira progressiva.

Tudo isso é possível por conta dos juros compostos. Ou seja, quanto mais dinheiro você tem, mais ele vai render.

Suponha, apenas hipoteticamente, que você tenha R$50.000 em uma aplicação financeira cujo rendimento mensal seja de 0,5%.

No primeiro mês, esse exemplo geraria R$250. No segundo mês, no entanto, o rendimento seria de R$251,25. Isso significa que, conforme o dinheiro aumenta, mais ele rende.

É por essas e outras que trabalhar com aplicações financeiras nesse propósito de garantir renda no futuro é fundamental. É a forma mais fácil de fazer o dinheiro trabalhar para você.

Pensando a longuíssimo prazo, existem dois tipos de investimentos muito simples que você pode utilizar para criar a sua aposentadoria.

Tesouro Direto

Uma das formas de investir mais conhecidas e populares pensando em aposentadoria é o Tesouro Direto. Nesse modalidade, o investidor irá comprar títulos públicos — isto é, papéis emitido pelo próprio governo.

Existem algumas razões pelas quais esse é um formato muito recomendado para a aposentadoria.

O primeiro é a segurança. O Tesouro Direto é um modelo de renda fixa, o que significa que o dinheiro vai crescendo aos poucos, mas de maneira constante.

Além disso, o responsável por ficar com o dinheiro é o próprio governo. Esse cenário traz tranquilidade ao investidor, pois é muito improvável tomar calote do próprio país, concorda?

Por fim, esse é o tipo de investimento focado no longo prazo: as taxas de juros são atrativas para renda fixa desde que o dinheiro não seja retirado com pressa.

Quando se pensa em aposentadoria, porém, isso não costuma ser um problema. Não apenas isso, o Tesouro Direto permite uma boa previsibilidade do dinheiro que será retornado, ajudando na programação.

Inclusive, investindo em NTN-Bs (também conhecidas como Tesouro IPCA), é possível que o investidor tenha melhor previsibilidade e garantia de que seu dinheiro sempre terá valorização real ao longo do tempo.

Previdência Privada

Outro investimento muito usado por quem deseja criar a sua aposentadoria é a Previdência Privada. Esse é um modelo de investimento, aliás, destinado exatamente para essa finalidade futura.

Um fundo de previdência tem por intuito receber aportes financeiros periódicos que serão acumulados a longo prazo em diferentes estratégias e com vantagens tributárias exclusivas. Depois de um certo tempo (o prazo até chegar na aposentadoria), o dinheiro pode ser resgatado com o pagamento dos juros acumulados.

Atualmente existem diversas assets independentes que figuram entre as mais competentes e procuradas por investidores, já fazem a gestão de fundos de previdência. Existem gestoras especializadas em todos os tipos de fundos, sejam eles de renda fixa, multimercado ou de ações.

O assunto é um pouco longo, mas extremamente válido para quem está interessado em conhecer mais sobre essa modalidade de investimentos.

Por isso, se você quiser aprender mais sobre a Previdência Privada e usar dessa alternativa para montar a sua aposentadoria, não deixe de baixar o nosso e-book gratuito sobre o tema.

Aproveite e acompanhe também a nossa live sobre como reformar a sua previdência:

Afinal, é mesmo possível criar a nossa própria aposentadoria?

Falar de investimentos pode assustar um pouco pessoas que não têm tanta afinidade com temáticas financeiras. No entanto, montar a sua aposentadoria é mais simples do que parece.

Os números desse artigo te assustaram? Parece absurdo chegar ao seu primeiro milhão? Então você já parou para pensar que chegar lá não é tão absurdo assim?

Pois é! Economizando mensalmente R$1.588,91 a partir dos 30 anos, você acumulará R$ 1 milhão aos 60 anos (considerando taxa de juros reais de 0,29% ao mês ou 3,5% ao ano, algo que você consegue hoje com NTN-Bs).

Com cerca de R$ 800,00 mensais, você já acumularia R$ 500 mil na aposentadoria. Isso investindo em alternativas conservadoras (títulos públicos).

Se você estiver disposto a assumir risco maiores, e buscar algo como 150% desse resultado (0,43% ao mês ou 5,25% ao ano em em termos reais), então com aportes de R$ 1.173,47 por mês você chega ao R$ 1 milhão em 30 anos. Com R$ 586,73, alcançaria os R$ 500 mil.

Por fim, se começar cedo, investindo desde os 20 anos de idade, então você conseguiria chegar ao R$ 1 milhão com apenas R$ 633,78 de aportes mensais, começando do zero.

Lembrando que todas as contas consideram juros reais, o que quer dizer que você teria um valor muito maior que esse lá na frente, mas com o poder de compra que R$ 1 milhão tem hoje.

Portanto, perceba que a maior exigência na elaboração de uma aposentadoria é o planejamento e a preparação. E, claro, quanto antes você começar, mais fácil será acumular a riqueza desejada.

Vale ressaltar que todos os cálculos foram feitos considerando que você não tinha patrimônio algum e começou do zero.

Também não considera que você possa receber alguma herança, bonificação ou acerto rescisório ao longo da sua vida, questões que são mais ou menos prováveis dependendo de cada pessoa. Até porque o objetivo desse texto é tratar apenas daquilo que está sob seu controle.

Ou seja, esse cenário eventualmente pode ser muito menos pesado do que as contas iniciais sugerem.

E claro, tenha sempre em mente que cada 1% ao ano que conseguir a mais de retorno, faz toda a diferença a longo prazo! Veja a seguir o impacto do retorno dos seus investimentos no tempo necessário para a sua aposentadoria com aqueles R$ 1 milhão acumulados:

Por isso faça sempre uma boa pesquisa e comparação de fundos de previdência e acompanhe com certa frequência se o desempenho corresponde às suas expectativas.

Na pior das hipóteses, a portabilidade é sempre uma alternativa barata de trocar de investimentos na previdência privada.

Vivendo de renda na aposentadoria

Agora que você viu como acumular para a sua aposentadoria e o quão importante é você começar a investir o mais cedo possível, cabe voltar àquela pergunta lá do começo do texto: Afinal, quanto investir para ter uma renda de R$ 5.000,00 na minha aposentadoria?

O primeiro ponto que você precisa ter em mente aqui é que quanto mais próximo você estiver de começar a utilizar seus investimentos para sua renda periódica, mais você terá que os destinar para investimentos de baixo risco. Afinal de contas, no momento em que depender desses recursos, você não poderá mais "se dar ao luxo" da incerteza da renda variável para pagar suas contas.

Isso posto, agora você tem que levar em consideração mais dois caminhos possíveis:

  • Consumir ao longo da sua aposentadoria tudo o que acumulou em vida: Se esse for o seu caso, então o valor que você precisará acumular será um valor menor e a conta será basicamente a divisão do saldo acumulado pelos anos que você espera viver. Logo, se você pretende se aposentar aos 60 anos com uma renda mensal de R$ 5.000,00 e espera viver até os 90, precisaria de pelo menos R$ 1,8 milhão para atingir sua meta (1800000/360).

Na prática você não precisaria de todo esse dinheiro, pois o patrimônio acumulado estaria sendo rentabilizado enquanto você não o consome.

Logo, considerando o retorno real conservador de 0,29% ao mês (como no nosso exemplo do tópico anterior), você precisaria acumular algo como R$ 1,1 milhão.

Aqui o cálculo é um pouco mais chato de ser feito sem uma calculadora financeira, por isso não entrarei em maiores detalhes.

  • Ter uma renda vitalícia e que seja transferida aos seus herdeiros: Nesse caso você terá que considerar que os R$ 5.000,00 serão apenas os rendimentos reais dos seus investimentos, de forma que você nunca precisaria mexer no montante total que acumulou em vida. Nesse caso a conta é mais simples. Supondo aqueles mesmos juros de 0,29% ao mês de rendimento real conservador, então você precisará de R$ 1,72 milhão para conseguir viver com os R$ 5.000,00 mensais.

Veja que com uma diferença de pouco mais de R$ 600 mil, você poderia ter a mesma renda para sempre ou consumindo todo seu patrimônio em 30 anos, considerando a mesma taxa de retorno dos seus investimentos.

E claro, todas essas simulações consideram que você fará todo esse esforço sozinho, sem ajuda de um cônjuge ou mesmo de benefícios públicos como INSS. Logo, a situação pode ser melhor que essa ou simplesmente o esforço não ser tão grande.

Conclusão

Como você viu, a parte de planejar a aposentadoria é a mais fácil (e divertida). No entanto, boa parte do resultado vai vir da parte mais difícil: sua disciplina e comprometimento com o plano.

Por isso o ideal não é esperar o próximo dia, semana ou mês, mas começar hoje a por em prática seu plano de aposentadoria. O importante é ter consistência e não desistir, que a longo prazo o juro composto fará o papel dele para te levar ao objetivo final.

Investindo bem e sempre na pior das hipóteses você terá um futuro muito melhor do que se não tivesse feito nada. E pode contar com a gente para te ajudar ao longo de toda essa trajetória!

Sobre o autor
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