Economia

Projeção para inflação em 2023 no cenário de referência está em 4,0%, aponta RTI

Para 2024, a estimativa do Banco Central é de 2,7%

Data de publicação:30/06/2022 às 12:12 - Atualizado 2 anos atrás
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O Banco Central (BC) manteve suas estimativas de inflação para anos de 2022 a 2024 no cenário de referência, que utiliza juros conforme o Boletim Focus e câmbio atualizado de acordo com a Paridade do Poder de Compra (PPC).

O cenário descrito pelo BC indica um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 8,8% para este ano, 4,0% no próximo e 2,7% em 2024. Essas projeções constaram na ata e no comunicado do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Foto: Envato

As informações constam no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira, 30. A publicação, originalmente, deveria ter sido feita no dia 23, mas, devido à greve dos servidores do BC, foi adiada para hoje, prazo final.

A projeção feita pela autoridade monetária, porém, não considera o efeito das medidas tributárias propostas pelo governo para baixar os preços de itens essenciais, como combustíveis e energia.

No mercado, a aprovação da limitação da cobrança de ICMS para esses produtos a 17% ou 18% tem provocado revisão de baixa forte para 2022, mas de alta para 2023.

Acima da meta

A estimativa do indicador para 2022 encontra-se muito acima da margem de tolerância da meta (3,50%, com 1,50 ponto porcentual de banda para mais ou menos), enquanto, para 2023, está no meio do caminho entre o centro (3,25%) e o teto (4,75%). Para 2024, a meta é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 1,75% a 4,75%).

Segundo as estimativas divulgadas pelo BC no comunicado do Copom, as medianas do Boletim Focus estavam em torno de 8,5% para 2022, 4,7% para 2023 e 3,25% para 2024, considerando como data de referência o dia 10 de junho.

O Banco Central também divulgou no RTI suas projeções de inflação de curto prazo, que abarcam os meses de junho a agosto.

A previsão do BC para o IPCA (o índice oficial de inflação) para junho é de 0,81%. Já a projeção para julho é de 0,84% e, para agosto, de 0,33%.

Estouro do teto da meta

O Banco Central informou nesta quinta-feira que, em seu cenário de referência, a probabilidade de a inflação de 2023 ficar acima do teto da meta, de 4,75%, está em 29%. Já a probabilidade do IPCA ficar abaixo do piso da meta em 2023, de 1,75%, é de 5%.

Para este ano, a probabilidade de estouro do teto de 5,00% da meta é de 100%. Já a possibilidade de estouro do piso de 2,00% da meta é inexistente, de acordo com o documento.

Em horizontes mais longos, o BC calcula para 2024, a probabilidade de estouro do teto de 4,50% da meta é de 10%. Já a possibilidade de estouro do piso de 1,50% da meta é maior, de 19%.

Para 2022, segundo o RTI, a meta de inflação perseguida pelo BC é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,00% a 5,00%). Para 2022, a meta é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 1,75% a 4,75%). Já para 2024, o objetivo é de 3,0%, com tolerância de 1,5% a 4,5%.

Taxa de juros real neutra sobe de 3,5% para 4,0%

O documento também trouxe a mudança da projeção do BC da taxa de juros neutra, de 3,5% no relatório de março para 4,0% ao ano.

O BC também afirma que os cenários de inflação considerados consideram o fenômeno La Niña nas projeções, assim como a bandeira tarifária amarela em energia no fim de todos os anos até 2024.

Em relação ao petróleo, o BC destaca que usa, no cenário de referência, o barril da commodity seguindo a curva futura e terminando o ano de 2022 em US$ 110/barril. Depois, sobe a 2% ao ano.

A autoridade monetária ainda voltou a destacar que as projeções de seu cenário de referência não consideram "os efeitos de diversas medidas em tramitação envolvendo a tributação de combustíveis, energia elétrica e telecomunicações".

Taxa de juros real a 7,0%

O RTI também informou que a taxa de juros real alcança o pico de 7,0% ao ano no segundo trimestre de 2022, permanecendo neste nível até o fim deste ano. O vale, segundo o BC, em -1,3% ao ano, foi atingido no último trimestre de 2020.

Segundo a autoridade monetária, depois do vale, a taxa de juros real entrou "trajetória rapidamente ascendente".

Depois do fim deste ano, o BC estima que a taxa de juros real entra em trajetória de queda, terminando 2023 em 5,4% e 2024 em 4,4%, ainda acima da taxa de juros real neutra estimada pelo BC, atualmente em 4%.

"Quando se observa o desvio da taxa real de juros em relação à taxa de juros neutra considerada, como houve aumento desta última na comparação com o relatório anterior, esse desvio é mais baixo em todo o horizonte considerado, à exceção dos três últimos trimestres de 2023, quando o aumento da taxa real é superior à elevação da taxa neutra", acrescentou o BC, no RTI. / com Agência Estado

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