Economia

PEC da Transição e nova equipe econômica devem dar o tom ao mercado financeiro em dezembro; veja o que mais está no radar

No cenário externo, reabertura na China e alta dos juros nos EUA também devem interferir nos ativos

Data de publicação:01/12/2022 às 05:00 - Atualizado um ano atrás
Compartilhe:

O mercado financeiro inicia os negócios do último mês do ano com o andamento da tramitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC da Transição), no Congresso, e a montagem da equipe econômica do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no radar. Principalmente à indicação de quem comandará o Ministério da Fazenda.

O foco é o ambiente interno, mas o cenário doméstico dividirá a atenção dos mercados com o quadro internacional, de acordo com os especialistas. A perspectiva de relaxamento de medidas contra a covid na China e de redução do ritmo de alta dos juros americanos são dois temas que o mercado também vai acompanhar de perto.

Valor e prazo para gastos fora do teto preocupam o mercado financeiro - Foto: Envato

Um abrandamento das medidas de restrição contra a covid é positiva para o Brasil, principalmente para as empresas exportadoras”, avalia Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos. Ideia compartilhada por Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, para quem o grande destaque no Exterior poderá ser a China.

Em uma indicação de otimismo com essa possível reabertura da economia do gigante asiático, “a bolsa chinesa subiu perto de 26% em novembro, o preço do minério de ferro quase 25%”, comenta o gestor. “Os traders relacionados à reabertura da China parecem começar a andar.”

Outro ponto de interesse no exterior é a política monetária americana, aponta Bertotti. “A expectativa do mercado é que o Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) seja menos agressivo na reunião de dezembro e siga na direção de uma magnitude menor no reajuste de juros.” A reunião do Fed para a decisão sobre o rumo dos juros está marcada para o dia 14 de dezembro.

O cenário no Brasil é pouco mais nebuloso, aponta o economista da Messem, “embora a expectativa seja de que o Congresso desidrate o valor alto proposto para os gastos fora do teto”, avalia.

A grande preocupação dos especialistas está relacionada ao valor e ao prazo de licença propostos para os gastos fora do teto e à definição da âncora fiscal que venha a substituir a regra constitucional que limita o aumento de gastos públicos à inflação do ano anterior.

Especialistas dizem que a PEC que passa a tramitar no Congresso vai dar a viabilidade fiscal ao novo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Investidores e gestores do mercado estão atentos a dois pontos dessa proposta: ao valor de gastos fora do teto que será aprovado pelo Congresso e ao tempo de duração dessa licença para gastar.

Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, diz que o mercado vai acompanhar o andamento da tramitação da PEC de Transição, atento principalmente à definição do valor extrateto, e ao anúncio de nomes que comporão a equipe econômica. Principalmente o do ministro da Fazenda.

“Há muita incerteza em torno da pauta econômica”, aponta Bertotti. E a divulgação de nomes da equipe poderia acalmar as expectativas, acredita. O nome mais comentado até agora para a Fazenda, o de Fernando Haddad, não teria agradado aos investidores, comenta. “O mercado quer um nome técnico, que traga mais confiabilidade aos agentes econômicos, tanto ao investidor doméstico quanto ao externo”, avalia.

A falta de definições, tanto da equipe como de política econômica, ou de consenso em torno de nomes escolhidos tende a gerar muita volatilidade nos mercados, dizem especialistas. “Interessa saber também como se dará a articulação política para a aprovação de propostas”, questiona Bertotti, em um Congresso não muito amigável ao novo governo. 

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.