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Economia

Para BC, em relação à pandemia, estresse para sistema financeiro já passou

No primeiro semestre de 2021, os bancos registraram lucro líquido de R$ 62 bilhões, alta de 53% em relação ao mesmo período de 2019

Data de publicação:18/10/2021 às 14:31 -
Atualizado 3 anos atrás
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O diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Paulo Souza, afirmou nesta segunda-feira que o estresse ligado à pandemia de covid-19 já "passou" para o sistema financeiro. "Neste ano, com a recuperação da economia superior a 5%, retomada de atividade e aquele período de estresse passando, principalmente com o avanço da vacinação, se abre um cenário bastante favorável", disse.

De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do BC, no primeiro semestre de 2021 os bancos registraram lucro líquido de R$ 62 bilhões, alta de 53% em relação ao mesmo período do ano passado e de 3% quando comparado ao primeiro semestre de 2019, pré-pandemia.

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Paulo Sérgio Neves de Souza | Foto: Beto Nociti/BCB

No acumulado de 2020, enfrentando o principal momento da crise sanitária no Brasil, os bancos reportaram lucro líquido de R$ 88,6 bilhões. Este volume representa uma queda de 26% quando comparado ao ano imediatamente anterior, quando as instituições financeiras embolsaram R$ 119,7 bilhões.

"A não ser que surja nova cepa, algo que não está no cenário base, o estresse da pandemia passou. Mesmo sem programas emergenciais de auxílio ao crédito, o crédito está crescendo fortemente no caso de micro, pequenas e médias empresas", afirmou Souza, citando que o sistema total está crescendo na faixa de 25% ao ano e de cooperativas de crédito, superior a 40%.

Contudo, o diretor ponderou que surgem outras preocupações no cenário, como o risco fiscal e o aumento de juros longos. "Logicamente, se abre nova preocupação com toda questão fiscal e da curva de juros, com superação de dois dígitos na curva de 3 a 5 anos. É um ponto de atenção."

Endividamento

O diretor de Fiscalização do Banco Central afirmou também que a autarquia está sempre atenta ao aumento do endividamento, principalmente em um momento de elevação da taxa Selic.

Nesse sentido, Souza disse que eventuais renovações das operações pelas famílias com os juros mais altos podem ter impacto no comprometimento de renda. No ano passado, lembrou, os juros baixos ajudaram a mitigar a crise, sem comprometer a renda das famílias.

"O que poderia agravar essa situação seria uma nova crise. Um arrefecimento no crescimento do PIB ou até uma queda da atividade econômica, o que faz parte do teste de estresse do BC. Mas, mesmo em um cenário bastante adverso, ainda assim, em termos de estabilidade financeira, o sistema financeiro está preparado para absorver novos choques, se necessário", comentou Souza.

Em relação aos riscos políticos, o diretor admitiu que, ao que tudo indica, a eleição presidencial de 2022 será bastante acirrada, polarizada. "Um complicador maior é que, nesse período, há maior aversão a risco de famílias e empresas, o que prejudica a atividade econômica", reconheceu.

Comprometimento de renda

O diretor de Fiscalização do Banco Central afirmou ainda que, apesar de aumento do endividamento das famílias contumazes no crédito nos últimos meses, há redução do comprometimento de renda.

Em relação ao endividamento, desconsiderando o 1% com as menores e maiores dívidas, a média do endividamento em relação à renda anual é de 70%, devido ao crescimento do crédito imobiliário, rural e consignado, disse Souza, enquanto a mediana é de 30%.

O comprometimento de renda, por sua vez, tem mediana de 15% e média de 25%. "Os bancos têm por política evitar comprometimento de renda acima de 30% para evitar um aumento de inadimplência. Esse fenômeno mostra que, mesmo após a crise do ano passado, o comportamento da inadimplência tem se mantido de forma muito satisfatória." / com Agência Estado

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