Para a Verde Asset, de Luis Stulhberger, piora no cenário externo fez a Bolsa cair em setembro, mas agora há ações baratas
Com a queda da Bolsa em setembro, há empresas boas com ações a preços interessantes
Na edição de setembro de seus tradicionais relatórios apresentados aos investidores mensalmente, a Verde Asset, dos gestores Luis Stulhberger e Luiz Parreiras, se dedicou à análise dos impactos trazidos pelos movimentos diferenciados para enfrentamento da pandemia e de modo desorganizado, no Brasil e no mundo, além da ameaça de uma crise energética global. Foi mais o cenário externo que fez o mercado de ações cair em setembro, mas isso levou boas empresas a negociar seu papéis a preços bastante interessantes.
Os analistas consideram que "o mundo e os mercados continuam a oscilar à mercê de desequilíbrios múltiplos causados pela reação à pandemia", com medidas que são adotadas de forma desigual e "nada sincronizadas" entre os países no enfrentamento ao coronavírus.
No documento, a gestora considera que, se pelo lado da demanda, há economias, sobretudo as de países desenvolvidos, reabrindo de maneira "super-estimulada por injeções sem precedentes", mesmo que tais impulsos estejam agora desacelerando, o lado da oferta sofre com falta de insumos na cadeia de suprimentos.
"A economia global está vivendo um enorme ciclo de reestocagem e, provavelmente, o crescimento em várias indústrias parece maior do que de fato é, exacerbando os efeitos no preço de muitos bens (e ativos) e dificultando a projeção para a frente. Somam-se a isso efeitos climáticos e oligopólios localizados, como vemos no mercado de energia, e a coisa toda fica mais complicada ainda", diz um dos relatórios.
Nesse contexto, a gestora explica que tem mantido a disciplina de alocação quando os preços exageram para um lado ou para o outro. "No mercado de juros nos EUA e Europa ainda acreditamos que a direção de taxas é para cima, mas reduzimos um pouco as posições. Há que se ter cuidado para não exagerar na dose pensando em 2022", ressalta o documento.
A carta sobre o fundo Verde destaca ainda que os gestores têm aumentado, gradativamente, as alocações no mercado de juros reais brasileiro. "Nos parece que as curvas (e o Banco Central) estão muito focadas na inflação corrente, ignorando uma provável desaceleração econômica em curso, fruto da perda de renda real do consumidor, ainda antes do efeito completo da alta de juros tenha sido sentido".
Mercado acionário brasileiro para a Verde Asset
Em relação ao mercado de ações no Brasil, a Verde Asset considera que a Bolsa de Valores parece precificar um cenário "bastante inóspito".
"A dinâmica de fluxos, até recentemente bem favorável, agora sofre com aumento da Selic e má performance recente das empresas que vieram a mercado. Acreditamos que uma série de boas empresas estão negociando a valores bastante interessantes, e temos, seletivamente e com disciplina, aumentado posição neste mercado", afirma a gestora.
No relatório específico do fundo Verde AM Ações - que caiu 5,45% em setembro ante queda mais expressiva, de 6,57%, do Ibovespa -, a asset comenta que, diferentemente dos últimos meses, quando a Bolsa foi impactada principalmente pelo cenário político e fiscal no País, o resultado de setembro reflete sobretudo a piora do cenário internacional.
"Novos choques de oferta no mundo, como a crise energética na China, aumentam a preocupação com inflação e contribuem para a abertura da curva de juros dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que retardam a retomada econômica global. Além disso, a crise da gigante Evergrande acende o alerta para o risco de desaceleração do mercado imobiliário chinês", diz o documento.
De acordo com informações da gestora, os destaques negativos do portfólio do fundo no último mês foram os papéis da BR Distribuidora, Suzano e Natura, os três com queda entre 10% e 13%.
Enquanto isso, PetroRio subiru 30,5% em setembro, com as expectativas de que a empresa consiga comprar ao menos um dos campos de produção de petróleo do sistema Albacora, da Petrobras, e Assaí , que valorizou 13,3% foram os destaques positivos da carteira.
O relatório finaliza comentando sobre o Assaí: "iniciamos este investimento há três meses, pois a empresa tem um histórico excepcional e opera um modelo que avaliamos ser vencedor no atacarejo nacional. Ao longo da última década, a companhia cresceu cerca de 30% ao ano, com um retorno sobre o capital investido bastante elevado, de cerca de 25%. Na nossa opinião, o Assaí deverá ter vários anos de crescimento robusto e liderar a consolidação do setor".