Mercado Financeiro

O que esperar dos investimentos em junho; estímulos na China e juros nos EUA podem pesar mais

Cenário interno pode ganhar relevância com agenda de privatização e condução da Selic

Data de publicação:01/06/2022 às 12:30 - Atualizado 2 anos atrás
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O comportamento do mercado financeiro doméstico em maio teve como foco principal, segundo especialistas, o cenário internacional, com baixa influência de fatores locais. E o que esperar dos investimentos em junho?

Este início de junho não deve ser diferente. “O mercado começa o mês com a expectativa voltada ao relaxamento dos lockdowns e a possíveis novas medidas de estímulo econômico na China”, pontua Gustavo Bertotti, head de renda variável da Messem Investimentos.

Foto: Marco Ankosqui/Agência O Globo

Analistas e investidores não deixarão de dispensar atenção também “à postura do Fed (banco central americano) e dos demais bancos centrais, sobretudo do BCE (Banco Central Europeu), em relação à política de controle da inflação”.

O cenário doméstico também pode ganhar mais relevância para o comportamento dos investimentos com o avanço da agenda reformista, “que começa a andar com o programa de privatização da Eletrobras”, aponta o head de renda variável da Messem Investimentos.

Inflação e juros também estarão com mais destaque no radar dos investidores e no centro de debates dos analistas do mercado financeiro.  Um interesse reforçado pela nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 14 e 15 de junho.

A expectativa não está focada tanto em torno da nova elevação da Selic, que está em 12,75% ao ano e pode subir mais 0,50 ponto porcentual, para 13,25%, como já contratou o Banco Central (BC).

O interesse maior está em saber se essa elevação significará o fim do ciclo de elevação da Selic, iniciado em março de 2021, como já adiantou também o BC. Cresce a ideia no mercado, contudo, de que ele poderia ser estendido até agosto, por causa da persistente pressão inflacionária.

Retrospectiva de maio

Maio terminou com um sentimento mais positivo dos investidores e os mercados, global e local, em recuperação. A melhora no humor do mercado financeiro foi consequência do afrouxamento das medidas de restrição adotadas pela China para conter o novo surto de covid em algumas regiões do país, incluindo Shangai.

O alívio nas expectativas negativas em relação ao impacto de possíveis novos bloqueios chineses na economia global não afastou as preocupações com o avanço inflacionário pelo mundo.  Uma pressão sobre os preços, originada no choque de oferta, causada principalmente pela guerra no Leste da Europa, entre Ucrânia e Rússia.

A escalada dos preços das commodities e de energia, que favoreceu as exportadoras como a Vale e a Petrobras, ajudou a impulsionar o Ibovespa. Em contrapartida, aumentou a preocupação com a inflação global e acentuou o sentimento de aversão ao risco dos investidores.

A ação dos bancos centrais das principais economias do mundo para o controle da inflação, via manejo de juros, não tem causado maiores estresses nos mercados, principalmente nos de risco. As bolsas de valores passaram por forte volatilidade, mas fecharam o mês em recuperação.

Para especialistas, os bancos centrais têm adotado uma gestão moderada de política monetária em meio a uma preocupação crescente com o surto inflacionário que se espalha pelo mundo. Em alguns casos, a opção tem sido claramente de aumentar menos os juros para não sufocar a economia.

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.