O benefício de reinvestir dividendos
Você já parou para pensar quão poderosa arma são os dividendos? Além de fonte de renda adicional, é também uma forma de suavizar momentos de prejuízo….
Você já parou para pensar quão poderosa arma são os dividendos? Além de fonte de renda adicional, é também uma forma de suavizar momentos de prejuízo.
Antes de mais nada, se você tem dúvidas do que são os dividendos, consulte o artigo “O que são dividendos” aqui no próprio Mais Retorno, mas não deixe de voltar para esse texto.
Se você é um investidor que tem a possibilidade de ficar um prazo maior com seus investimentos, os dividendos são uma arma potente para catapultar seus rendimentos de longo prazo. Pense em algo acima de 5 anos, o que é tempo para receber uma boa quantia em dividendos.
A lógica é bastante simples, mas oferece uma oportunidade bastante interessante e pouco utilizada por investidores inexperientes.
O efeito de reinvestir os dividendos
É evidente que terão mil e uma utilidades para os recursos conquistados com os dividendos, no entanto deixaremos aqui um exercício simples, mas que já mostra o grande poder de fogo de investidores que aproveitam essa oportunidade.
Vamos supor que, em março de 1999, você resolveu investir uma grana e tenha montado uma carteira com ações que seja exatamente igual a composição do Ibovespa, isso demandaria algo como R$ 10,7 mil.
De lá para cá as ações do Ibovespa vão pagando uma certa quantia de dividendo, o que nos permite inicialmente imaginar dois cenários:
- Você resolve reembolsar esse dinheiro para outras finalidades da sua vida;
- Ia cada vez que você recebe dividendo, reinveste esse montante na sua carteira que tem a composição do Ibovespa.
Focando mais no cenário ii, é possível elaborar um exercício e verificar qual seria seu rendimento durante um período de tempo em que você ficou reinvestindo.
Nesse exercício os dividendos foram calculados a partir do chamado dividend yield do Ibovespa, que é a relação de dividendos pagos pelo valor do índice.
(Em termos algébricos, a dividend yield é dada por DY=DA×100, em que D é o dividendo pago e A o preço da ação (ambos em R$).
Vamos supor que no fim de janeiro de 2019 você precisa retirar todo do dinheiro da carteira para poder fazer algum uso particular. O resultado terá sido esse:
É importante ressaltar que se trata de um rendimento bruto, sem qualquer abatimento de impostos e demais taxas cobradas nas operações, mas como afetariam ambos cenários, o impacto de tais custos adicionais não mudaria significativamente a resultado principal desse exercício: a diferença dos retornos.
Assim, ao longo desses 20 anos, após investir cerca de R$ 10 mil reais você terá R$ 97 mil reais, no cenário em que você reembolsa os dividendos, ou R$ 340,2 mil no cenário em que reinvestiu esses dividendos na bolsa.
Desta foram, o seu retorno não terá sido de 812%, mas incríveis 2.965%! O efeito é em cascata, pois o reinvestimento dos dividendos numa carteira que costuma dar dividendos gera mais dividendos no futuro.
Claro, esse é apenas um exercício simples, considerando que você é um investidor de longo prazo e não tenha tirado seu dinheiro antes (sobretudo em momentos de crise aguda). É possível reproduzi-lo em diversos períodos diferentes, mas sempre teremos um resultado consideravelmente maior quando se considera o reinvestimento dos dividendos.
Dito isso, vamos supor um terceiro cenário em que, ao invés de reinvestir os dividendos novamente na carteira composta pelos ativos do Ibovespa, você atua de forma mais conservadora e resolve reinvesti-los em ativos que remunerem 100% o CDI (ver o que é CDI em “O que é CDI e taxa DI? aprenda de forma prática”).
Conforme o gráfico abaixo, no final do mesmo período do exercício anterior, você terá uma carteira que vale R$ 250,4 mil! Isso equivale a um retorno de 2.155% do seu investimento inicial.
Desta forma, independente da variação de cenário que você construa, o seu retorno é significativamente superior quando se considera reinvestir seus dividendos.
É bem importante você acompanhar ações que tem um histórico de boa pagadora de dividendos, sobretudo para ajudar em momentos que seu rendimento esteja caindo e amortecer suas perdas, por exemplo.
Achou um pouco complicado? Pois é, difícil manter e observar uma carteira com tantas ações como é a carteira teórica do Ibovespa.
Mas você pode tentar encontrar empresas desse grupo que pagam mais dividendos (ou seja, tem maior dividend yield) e que você confia. Assim o volume de trabalho diminui, mas não necessariamente o retorno.
Índice Dividendos
Agora vamos nos transportar para um outro exercício e aproveitar para apresentar outro índice bastante interessante.
Assim como apresentado em “Montando uma carteira com ativos industriais: INDX”, a B3 elabora diversas carteiras teóricas e podemos destacar uma que é composta pelos ativos que apresentaram melhor remuneração em termos de dividendo (pela dividend yield): o Índice Dividendos (IDIV).
Conforme a B3, os Ativos Elegíveis do IDIV devem ser ponderados pelo dividend yield, mas antes devem atender todos os critérios listados abaixo:
- Estar presente em 95% das sessões de negociação no período de vigência das 3 carteiras anteriores;
- Não ser classificado como Penny Stock, ou seja, ações de baixa cotação (centavos);
- Estar dentro dos 33% do total de ativos com os maiores dividend yields;
- Ter o somatório dos dividend yields de cada 12 meses consecutivos observados no período de 36 meses maior do que 0.
O IDIV sinaliza, além da própria variação dos ativos que o compõem, o impacto da distribuição de dividendos dessas empresas no mercado. Em suma, ele serve como um farol para aqueles que acreditam na agregação de valor que o dividendo traz.
É claro, você não consegue negociar diretamente essa carteira teórica, mas há algumas opções, com destaque para:
i) pode montar por contra própria essa carteira acompanhando a composição da B3 divulgada aqui;
ii) pode operar uma ETF que imita o IDIV conhecido como DIVO11 (veja aqui o que é uma ETF e como operar), o que obviamente é a forma mais fácil.
O desempenho recente do índice pode ser verificado no gráfico abaixo e vale pouco mais de 5,3 mil pontos nesses últimos dias.
Mas qual interesse nele? Bem, se fizermos novamente uma comparação do seu retorno com o Ibovespa, é possível verificar que desde maio de 2011 até o fim de janeiro de 2019 o índice mostra retorno de 103%, ao passo que o índice mais clássico da bolsa brasileira rendeu cerca de 49%.
Também é fácil ver que ao longo de todo o período o índice bateu o Ibovespa com certa folga, inclusive em momentos de crise em que o retorno foi negativo.
Conclusão
Para quem opera no mercado de renda variável, a observação atenta e decisão ótima certamente tem que levar em conta os dividendos. O seu reinvestimento abre a possibilidade de maior rendimento futuro, sobretudo pelo efeito cascata de aumentar o volume de dividendos que serão recebidos no futuro e (se possível) serão reinvestidos novamente.
Claro, mesmo um perfil mais conservador e que prefere utilizar esses recursos em aplicações com rendimento mais seguro, como aqueles que pagam CDI, naturalmente terão uma riqueza maior no futuro.
Além disso, empresas que costumam se destacar por pagar dividendos apresentam uma performance acionária melhor que o mercado, situação ilustrada pela diferença entre o IDIV e o Ibovespa.
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