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Montando uma carteira com ativos industriais
Índices e Indicadores

Montando uma carteira com ativos industriais: INDX

Você já pensou em montar uma carteira de investimentos setorial? Pois é, assim como o índice Ibovespa serve de termômetro para o mercado de ações no…

Data de publicação:28/01/2019 às 10:48 -
Atualizado 4 anos atrás
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Você já pensou em montar uma carteira de investimentos setorial? Pois é, assim como o índice Ibovespa serve de termômetro para o mercado de ações no Brasil, é possível você acompanhar e operar no mercado de ações da indústria da mesma forma.

O Mais Retorno já explicou em “Ibovespa: o que é, como funciona e para que serve” que o Ibovespa é um indicador que na verdade é uma carteira teórica com um punhado de ações mais negociadas na bolsa brasileira. Vamos dar uma olhada no que seria o termômetro para a indústria.

O que é INDX

O que é INDX

Pensando em ter mais carteiras teóricas, a BM&FBovespa (B3) criou em 2006 uma carteira teórica para o mercado de ações da indústria, o chamado INDX. Como explica a própria instituição:

“O objetivo do INDX é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade dos setores da atividade industrial compreendidos por materiais básicos, bens industriais, consumo cíclico, consumo não cíclico, tecnologia da informação e saúde.” (B3).

O índice pode não ser tão conhecido, sobretudo quando comparado com o seu primo rico Ibovespa, mas é usado e acompanhado por alguns gestores do mercado.

E por que você olharia esse índice? Bem, sempre é importante diversificar sua carteira e a verdade é que o INDX apresentou uma performance mais segura nos últimos anos, não tendo caído tanto durante a crise brasileira como aconteceu com o Ibovespa. Além disso, cabe notar que desde o fim de 2016 o índice já cresceu quase 30%.

Nessa carteira, os pesos dos ativos dependem do valor de mercado, com limite de participação baseado na liquidez. Claro, empresas em regime de recuperação judicial e outros casos problemáticos não podem participar do índice.

A sua composição, ou seja, as 43 ações que formam esse índice podem ser verificadas no final desse artigo. Como sabemos que não é usual um investidor PF operar 43 ações numa carteira, vale a pena ressaltar que as 10 primeiras já representam um total de 75% da carteira, mostrando bastante representatividade.

O índice é mais um do amplo leque de informações e fontes que os investidores podem contar na hora de acompanhar o mercado de ações. Sabidamente quanto mais informação de qualidade e utilidade, maior a segurança e precisão na hora de tomada de decisão.

A relação da carteira INDX com o índice produção industrial

A relação da carteira INDX com o índice de produção industrial

Vamos combinar que é muito difícil ficar acompanhando notícias de tantas empresas e de segmentos industriais diferentes, certo? Se você não é um investidor profissional, que fica o dia inteiro acompanhando o mercado, isso é praticamente impossível.

Pensando nisso, talvez seja possível olhar apenas um indicador e ter alguma noção do que esperar para a carteira INDX ao longo do ano. Vamos tratar aqui de 2019.

Por ser ligado a indústria, buscamos uma relação com a produção industrial brasileira. O IBGE divulga mensalmente a chamada Pesquisa Mensal da Indústria, apresentando um índice que ilustra a produção industrial brasileira desde 2002.

E se criarmos um modelo que relaciona o INDX com a produção industrial?

Faz algum sentido, certo?

Assim, utilizando modelos de séries de tempo apropriados e essa série de produção, podemos estimar novamente toda a série do INDX baseado nesse modelo como um teste para saber se essa “máquina de salsicha” teria tido um bom desempenho estimando o passado (como se ele não tivesse acontecido ainda), para então pensarmos no futuro.

Aqui vale explicar uma coisa: foi necessário tirar o efeito da inflação da série. Como assim?

Quando uma operação com ações resulta num retorno de 10% num ano em que a inflação foi de 6%, em termos reais mesmo você ficou aproximadamente 4% mais rico, e não os 10% (por conta da inflação).

Foi necessário tirar esse efeito inflacionário pois nos próximos passos vamos tentar projetar o valor da carteira e não queremos e nem precisamos ter que projetar o efeito da inflação junto. São apenas tecnicidades, mas fazem bastante diferença para quem olha os dados.

Assim, a carteira INDX sem efeito de inflação foi estimada utilizando esse índice de produção e o resultado pode ser verificado abaixo.

Próximo, não? Claro, difícil ter um modelo que atinge a perfeição, mas sempre buscamos aquele que minimiza o erro.

Mas tudo bem, o passado já passou, mas e o futuro? É claro que projetar qualquer série de mercado financeiro é um desafio enorme e que vale dinheiro, então aqui estamos apenas dando uma sugestão de cenário.

Como esse índice de produção industrial do IBGE é o nosso insumo para o modelo, precisamos de sua projeção também. A nossa sorte é que o mercado já nos fornece semanalmente por meio do Relatório Focus do Banco Central aqui.

Se você não sabe o que é o Relatório Focus, recomendo ler mais em “Relatório Focus: saiba o que é e qual sua importância nos investimentos aqui” no site.

Atualmente é esperado que a produção brasileira cresça em torno de 3% em 2019 e com essa informação vamos tentar projetar o que esperar da carteira do INDX para esse ano.

O modelo e o gráfico abaixo nos sugerem que a carteira tem um potencial de valorização de praticamente 10% baseado no que o boletim Focus nos forneceu. É um resultado bastante interessante e bem maior do que alguns investimentos tradicionais de mercado.

Então você deve estar pensando: A relação é até bacana, mas ainda não vi utilidade prática. Não quero ter que acompanhar mais de 43 ações e nem ter que ficar fazendo modelo para saber mais dessa carteira.

Certo, como regra de bolso o que a gente consegue dizer é que, em média, todas as vezes que a produção industrial cresceu no ano alguma porcentagem X, o INDX cresceu nominalmente cerca de 3X a 4X. Assim, é uma carteira interessante para acompanhar ao longo desse ano.

Conclusão

Em suma, é sempre uma boa oportunidade pensar nessa carteira composta por ativos ligados a segmentos da indústria quando se tem uma boa previsão para a produção industrial naquele ano. As projeções, como já dito antes, podem ser acompanhadas semanalmente no Relatório Focus.

O modelo teve o intuito de mostrar essa forte relação estatística e devemos ressaltar que o setor industrial é um potencial segmento de grandes retornos nos próximos anos, muito por causa da esperada recuperação e aceleração do consumo da economia brasileira. Fiquem de olho!

Tabela 1 - Composição da carteira INDX - Industrial

CódigoAçãoTipoPart. (%)
ABEV3AMBEV S/A
ON21.03
SUZB3SUZANO PAPELON NM9.65
JBSS3JBSON NM8.19
BRFS3BRF SAON NM7.36
GGBR4GERDAUPN N15.78
EMBR3EMBRAERON NM5.50
WEGE3WEGON NM5.23
BRKM5BRASKEMPNA N14.62
KLBN11KLABIN S/AUNT N24.06
NATU3NATURAON NM3.00
CSNA3SID NACIONALON2.34
USIM5USIMINASPNA N11.93
CYRE3CYRELA REALTON NM1.68
GOAU4GERDAU METPN N11.58
MRVE3MRVON NM1.53
MDIA3M.DIASBRANCOON NM1.47
DTEX3DURATEXON NM1.35
HGTX3CIA HERINGON NM1.34
MYPK3IOCHP-MAXIONON NM1.11
SMTO3SAO MARTINHOON NM1.10
ALPA4ALPARGATASPN N11.07
MRFG3MARFRIGON NM0.92
POMO4MARCOPOLOPN N20.89
GRND3GRENDENEON NM0.88
TEND3TENDAON NM0.66
RAPT4RANDON PARTPN N10.63
EZTC3EZTECON NM0.57
UNIP6UNIPARPNB0.56
EVEN3EVENON NM0.52
TUPY3TUPYON NM0.50
CAML3CAMILON NM0.43
LEVE3METAL LEVON NM0.39
PMAM3PARANAPANEMAON NM0.37
BEEF3MINERVAON NM0.35
FESA4FERBASAPN N10.33
DIRR3DIRECIONALON NM0.25
GFSA3GAFISAON NM0.24
VULC3VULCABRASON NM0.22
PTBL3PORTOBELLOON NM0.16
HBOR3HELBORON NM0.12
TCSA3TECNISAON NM0.10
FJTA4FORJA TAURUSPN N20.03
FHER3FER HERINGERON NM0.03

Fonte: B3. Elaboração de Arthur Lula para Mais Retorno.

IMPORTANTE: Vale ressaltar que o cenário descrito, bem como os efeitos no Mercado Financeiro apresentados tem propósito único e exclusivamente educacionais e em nenhum momento você deve encarar qualquer parte do texto como recomendação de investimentos.

Compartilhe esse texto com mais investidores que você deseja ajudar a obter Mais Retorno entendendo melhor sobre como montar uma carteira com ativos industriais.

Sobre o autor
Arthur Lula Mota
Economista, já atuou no mercado financeiro e em departamento econômico, com elaboração de cenários macroeconômicos e estudos setoriais. Atualmente é Mestrando em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e dono de um dos maiores sites independentes de economia no Brasil – o Terraço Econômico.
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