Michael Burry, que inspirou o filme ‘A Grande Aposta’, investe US$ 534 mi contra ações da Tesla
Michael Burry, famoso por ter feito fortuna ao investir contra o mercado imobiliário dos Estados Unidos, prevendo a crise do subprime de hipotecas, voltou a ser…
Michael Burry, famoso por ter feito fortuna ao investir contra o mercado imobiliário dos Estados Unidos, prevendo a crise do subprime de hipotecas, voltou a ser destaque no noticiário financeiro internacional. Desta vez, seu alvo é a montadora Tesla. Burry passou a operar vendido em meio bilhão de dólares contra a empresa, em uma operação conhecida como 'short'.
O gestor da Scion Asset Managment adquiriu derivativos na bolsa dos Estados Unidos que dão o direito de vender os papéis da empresa quando eles estiverem em queda.
Segundo informações de documentos da Comissão de Valores dos Estados Unidos, Burry teria comprado derivativos contra 800.100 ações da Tesla até o final do 1º trimestre, o que representa US$ 534 milhões.
Anteriormente, Burry chegou a mencionar no Twitter que os papéis da companhia estão “ridiculamente” caros e que a confiança da Tesla em créditos regulatórios para gerar lucros é um impedimento para as perspectivas de longo prazo da empresa.
Na última segunda-feira, as ações da Tesla caíram mais de 4%, elevando as perdas acumuladas no mês para quase 20%, após um aumento colossal de 740%.
Fama de 'matador'
Burry, cuja empresa é a Scion Asset Management, alcançou a fama ao apostar contra títulos hipotecários antes da crise de 2008. A sua estratégia foi bem-sucedida e foi descrita no livro The Big Short, que foi para as telas de cinema, com o ator Christian Bale interpretando o investidor, e que levou um Oscar no bolso.
Além de seu “big short” no subprime, Burry fez outra jogada ousada durante a pandemia do coronavírus. Anunciou a compra de 5,3% do varejista de videogames GameStop, entre US$2 a US$ 4,2 por ação, aportando o total de cerca de US% 15 milhões.
Em uma carta redigida ao conselho de administração da GameStop, Burry pediu que a empresa esgotasse sua autorização para recompra de ações de US$ 300 milhões – na época, esse era o valor da capitalização de mercado total da companhia.
A estratégia de Burry contribuiu para desencadear uma das negociações mais descontroladas da história de Wall Street, que gerou mais de US$ 30 bilhões em lucros no papel para vários investidores e causou perdas em bilhões para vários fundos de hedge mais sofisticados.
Maré baixa para a Tesla
A empresa está vivendo um ano turbulento em meio aos desafios como a queda de venda de veículos contabilizada em abril na China e a escassez de peças que impediram uma boa performance da produção, tanto lá quanto nos Estados Unidos.
Com isso, a Tesla atrasou a produção e entrega das versões atualizadas dos modelos S e X, sedan e SUV top de linha. O problema também se estende para a fabricação das células de bateria 4680, projetadas sob medida para uso em veículos como Cybertruck e o Tesla Semi.
À medida que mais fabricantes de automóveis passaram a investir na produção de seus próprios veículos elétricos, aparentemente ficarão menos dependentes dos créditos regulatórios da Tesla, tornando sua produção compatível com a regulação ambiental.
Além disso, o empreendimento de veículos elétricos de Elon Musk está enfrentando um escrutínio regulatório na China, que sinalizou querer limitar o uso de carros da companhia devido à suspeita de que eles são usados na espionagem dos Estados Unidos.
Após revisão de segurança nos veículos da montadora, o governo chinês concluiu que eles podem ser utilizados para vazar informações que colocam em risco a segurança nacional, o que tem gerado uma publicidade negativa para a marca e investigações pelas autoridades de ambos os países.
Créditos regulatórios
No primeiro trimestre de 2021, a Tesla relatou US$ 518 milhões em vendas de créditos regulatórios, que a empresa de Elon Musk geralmente recebe de programas governamentais de apoio à energia renovável.
A empresa os vendeu para outras montadoras, principalmente para FCA (agora Stellantis), quando precisaram de créditos para compensar sua própria pegada de carbono.
No quarto trimestre de 2020, o lucro líquido de US$ 270 milhões da Tesla foi possibilitado pela venda de US $ 401 milhões em créditos regulatórios para outras montadoras.
Historicamente, a companhia acumulou cerca de US$ 1,6 bilhão em créditos regulatórios de energia, principalmente créditos de veículos com emissão zero, o que ajudou a empresa a reportar mais de quatro trimestres consecutivos de lucratividade, qualificando a montadora para ser adicionada ao índice S&P 500.
Bitcoins
Vários analistas acreditam que os tweets publicados por Elon Musk sobre bitcoin e dogecoin também contribuíram para a volatilidade das ações da Tesla, já que o diretor-presidente da montadora tem dezenas de milhões de seguidores na plataforma.
Defensor da criptomoeda em geral, Musk anunciou na semana passada que a Tesla estava suspendendo por tempo indeterminado a aceitação do bitcoin para pagamento de carros, alegando que estava preocupado com o “uso cada vez maior de combustíveis fósseis para a mineração e transações de Bitcoin”. No início de 2021, a empresa comprou US$ 1,5 bilhão em bitcoins.