Mercado Financeiro

Petrobras e exterior seguem na mira dos investidores

O mercado financeiro teve um respiro na véspera, após o susto da véspera provocado pela escalada da inflação nos Estados Unidos. A Bolsa retomou a valorização…

Data de publicação:14/05/2021 às 01:30 - Atualizado 4 anos atrás
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O mercado financeiro teve um respiro na véspera, após o susto da véspera provocado pela escalada da inflação nos Estados Unidos. A Bolsa retomou a valorização e fechou o pregão com alta de 0,93%, aos 120.819 pontos.

Investidores de olho em indicadores da economia americana à procura de pistas sobre a inflação por lá

“Em recuperação, o Ibovespa sustentou-se acima de 119 mil pontos, após os comentários de membros importantes do Fed sobre o ritmo de alta dos juros”, avalia Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Apesar do dia positivo, os investidores não baixaram a guarda, ressabiados ainda com a inflação nos Estados Unidos, apesar das declarações de integrantes do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) que minimizam as preocupações com a inflação.

O diretor do Fed Christopher Waller afirmou no dia anterior que precisarão “vários meses” de dados de inflação para considerar uma mudança na política monetária. O vice-presidente do Fed, Richard Clarida, classificou de temporária a recente alta da inflação nos EUA.

Apesar dessas declarações, os investidores permanecem cautelosos em relação à inflação nos Estados Unidos, comenta Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.

“O salto da inflação americana em abril acendeu a luz amarela para os investidores, que estarão atentos a ela por algum tempo, pelo menos no curto prazo.”

Nessa linha de preocupação, os investidores estarão atentos nesta sexta-feira, 14, à divulgação, nos EUA, de novos dados, desta vez sobre vendas no varejo e produção industrial em abril.

Resultados da Petrobras podem mexer com mercado

A Petrobras divulgou balanço ontem com lucro de R$ 1,17 bilhão no primeiro trimestre, abaixo da média das projeções de analistas que apontava para um lucro líquido ao redor de R$ 2 bilhões.

Se o lucro líquido veio abaixo das estimativas, outro item que recebe bastante atenção dos analistas, o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) alcançou o valor total de R$ 48,9 bilhões, acima dos R$ 46,8 bilhões estimados pelos analistas de mercado.

A dúvida de especialistas é saber a que dados os investidores darão mais peso na avaliação do balanço da Petrobrás para a tomada de decisões no pregão desta sexta-feira na bolsa de valores.

Balanços: varejo, commodities e construção civil

Após uma “super quinta”, com uma leva considerável de divulgação de resultados trimestrais das companhias, os investidores seguem atentos nesta sexta-feira para mais um dia bastante movimentado.

Na véspera, os destaques foram o desempenho do 1º trimestre do Magazine Luiza, que registrou lucro de R$ 258,6 milhões, alta de 739,7%.

A incorporadora Cyrela viu seu lucro líquido crescer 588% no período, totalizando R$ 192 milhões. A CCR obteve alta de 137% no lucro líquido dos três primeiros meses do ano, somando R$ 688,9 milhões. Já a Lojas Renner reverteu o lucro e somou um prejuízo de R$ 147,7 milhões

Os investidores seguem nesta sexta-feira atentos a mais uma leva de balanços trimestrais que serão divulgados pelas empresas Cosan, Cemig, Cogna, Vivara, CVC, Enjoei, Portobelo, Ser Educacional, Le Lis Blanc, BR Brokers, entre outras.

CPI da Covid: Pazuello e Pfizer

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid se mantém no radar do mercado financeiro nesta sexta-feira, acompanhando o trabalho feito pelo colegiado na busca de informações sobre as irregularidades cometidas na gestão da pandemia pelo governo federal.

Na véspera, a Advocacia Geral da União (AGU) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para blindar o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em depoimento à CPI, garantir o direito ao silêncio e inclusive barrar qualquer possibilidade de prisão durante a fala do general aos senadores.

Para a AGU, há “justo receio da prática de ato ilegal” durante a oitiva de Pazuello à CPI, marcada para a próxima quarta-feira, 19. Ao deixar o cargo, Pazuello ligou sua demissão a um complô de políticos interessados em verba pública e ao “pixulé”.

Também no dia anterior, o ex-presidente da Pfizer, Carlos Murillo, falou no Senado que fez várias tentativas de oferecimento da vacina para o governo federal.

"Não teve resposta positiva nem negativa", afirmou Murillo. Ele lembrou ainda que o CEO da Pfizer, Albert Bourla, enviou em setembro do ano passado uma carta ao presidente Jair Bolsonaro, em que falava da proposta feita ao Brasil.

A carta foi apresentada à CPI na última quarta-feira pelo ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fábio Wajngarten. "Em 12 de setembro mandamos comunicação ao Brasil para se chegar a um acordo de propostas", disse.

Além do presidente Jair Bolsonaro, o CEO da Pfizer endereçou cartas ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, ao então ministro da Casa Civil (hoje Defesa), Walter Braga Netto, ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Foster.

Segundo Murillo, não se sabe se o governo apresentou alternativas ao contrato proposto pela farmacêutica para a compra de vacinas.

Entre os pontos levantados pelo Palácio do Planalto como problemáticos estavam o foro para a resolução de conflitos em Nova York, os dispositivos de responsabilidade e a conta para depósito dos valores contratados.

As cláusulas do contrato Pfizer, contestadas por apoiadores do governo, teriam sido o principal impeditivo para que fosse celebrado um acordo entre a empresa e o governo brasileiro para compra de imunizantes.

O senador Jean Paul Prates, que perguntou sobre as ações do governo diante do impasse, criticou o Executivo por ter, segundo ele, não ter feito uma contraproposta à empresa e ter ido à imprensa reclamar das cláusulas propostas pela farmacêutica.

Segundo Murillo, nenhum dos outros 110 países que contrataram vacinas das empresas contestaram as cláusulas apresentadas. O gerente também reforçou que quando os imunizantes da empresa foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a farmacêutica já teria condições de fornecer a vacina ao Brasil.

Wall Street: futuros em alta

Os contratos futuros negociados nas bolsas de Nova York operam em alta nesta sexta-feira, com os investidores atentos à divulgação de mais dados relevantes da economia americana, como o desempenho de vendas no varejo e produção industrial em abril.

Na véspera, os índices registraram ganhos, recuperando parte das perdas do restante da semana até agora. O setor financeiro liderou as altas, mas a grande maioria dos outros setores também subiu, com a exceção do de energia, em jornada negativa para o petróleo.

De acordo com o sócio da Wisir Research, Filipe Teixeira, os mercados parecem ter se recuperado de um surto de volatilidade após um aumento inesperadamente acentuado no índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos. 

“A queda nos pedidos de auxílio desemprego ajudou a fomentar esse sentimento , devolvendo a atenção dos investidores a uma recuperação econômica mais robusta”, destacou Teixeira.

O índice Dow Jones fechou em alta de 1,29%, em 34.021,45 pontos, o S&P 500 subiu 1,22%, a 4.112,50 pontos, e o Nasdaq avançou 0,72%, a 13.124,99 pontos.

No dia anterior, o índice de preços ao produtor (PPI) nos EUA superou as expectativas na leitura de abril, como tinha ocorrido com a inflação ao consumidor na quarta, porém isso não teve grande impacto nesta quinta nas bolsas.

O NatWest comenta que os mercados reverteram boa parte das movimentações da quarta-feira, em meio a indicadores.

Além do PPI, foi informado que os novos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA recuaram 34 mil na semana, a 473 mil, ante previsão de 500 mil dos analistas.

Ainda no noticiário, autoridades nos EUA flexibilizaram as regras para pessoas totalmente vacinadas no país, liberando-as inclusive de máscaras em locais fechados, com a exceção de viagens.

A retomada da economia tende a apoiar o mercado acionário, embora os riscos à inflação tenham ficado em foco em dias recentes.

Bolsas asiáticas fecham em alta

As bolsas asiáticas fecharam em alta expressiva nesta sexta-feira, 14, à medida que Wall Street encerrou na véspera uma sequência de três pregões negativos com um amplo rali liderado pelo setor financeiro.

O índice acionário japonês Nikkei saltou 2,32% em Tóquio hoje, aos 28.084,47 pontos, praticamente apagando o tombo da sessão anterior, enquanto o Hang Seng avançou 1,11% em Hong Kong, aos 28.027,57 pontos, o sul-coreano Kospi se valorizou 1% em Seul, aos 3.153,32 pontos, e o Taiex registrou alta idêntica de 1% em Taiwan, aos 15.827,09 pontos.

Na China continental, o Xangai Composto teve alta de 1,77%, aos 3.490,38 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 1,80%, aos 2.293,87 pontos. O bom humor na Ásia veio após as bolsas de Nova York se recuperarem com firmeza na véspera.

Nos últimos meses, o Fed vem reiterando a promessa de manter a postura acomodatícia e avaliando que o repique inflacionário é apenas temporário, mas os números mais recentes de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, que vieram bem acima das expectativas, causaram turbulência nos mercados globais esta semana.

Na Oceania, a bolsa australiana voltou para o azul hoje, também se recuperando depois de três sessões negativas. O S&P/ASX 200 apresentou ganho de 0,45% em Sydney, aos 7.014,20 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.