Mercado: com pauta esvaziada nesta terça, investidor mira Copom amanhã
Na quarta-feira acontecem as reuniões do Copom e Fomc para a definição dos juros
A expectativa de analistas é que o mercado financeiro adicione uma pitada de cautela nos negócios desta terça-feira, 15, véspera do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), que decidirá o rumo da taxa básica de juros, a Selic. A previsão é que o comitê repita as decisões de duas reuniões anteriores e eleve mais 0,75 ponto porcentual, como já antecipou, a Selic, que subiria para 4,25% ao ano.
No mesmo dia, o Comitê de Mercado Aberto (FOMC), do Fed (Federal Reserve, banco central americano), se reúne para deliberar sobre a política monetária em um momento que alguns dados indicam inflação pressionada, mas os principais dirigentes do Fed insistem na sinalização de que os juros americanos serão mantidos onde estão.
Um ponto que pode vir ao debate, apesar da aparente disposição do Fed de manter os juros inalterados, é a possibilidade de redução dos estímulos monetários, programa que injetou bilhões de dólares no sistema financeiro para ajudar a economia americana a recuperar-se da crise da pandemia do coronavírus.
Mercado animado com vacinação antecipada
A atenção centrada nesses dois eventos, considerados os principais na agenda desta semana, foi desviada na véspera pela animação do mercado com a possível antecipação do calendário de vacinação de adultos no Estado de São Paulo.
O entendimento de que essa aceleração no ritmo de aplicação de vacinas pode reforçar a perspectiva de reabertura da economia e dar largada a um ciclo mais forte de atividade impulsionou a alta das ações de empresas de setores que tendem a ser beneficiados por esse possível novo cenário, notadamente do varejo.
“Papéis que se beneficiam da reabertura econômica, como shoppings, varejistas e empresas de educação subiram”, comenta Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos, diante do sinal de que a normalização da atividade pode ser mais rápida do que estava precificado anteriormente.
O mercado financeiro torce pela reabertura da economia e vê sinais animadores no possível avanço do ritmo de vacinação, mas investidores e profissionais de mercado devem voltar suas atenções hoje novamente às decisões sobre juros, aqui e nos Estados Unidos.
Com o mercado convencido de que a Selic subirá mais 0,75 ponto porcentual, por decisão do colegiado do BC, e o juro americano penderia mais à estabilidade, a analista da Rico Investimentos diz que o mercado vai tentar identificar algum sinal sobre o ajuste parcial da política monetária (alteração na dose de calibragem da Selic) no comunicado que o Copom divulgará no término da reunião desta quarta-feira.
NY: futuros em alta
Nos Estados Unidos, os contratos futuros negociados nas bolsas de Nova York operam em alta com o mercado em compasso de espera para a reunião do Fomc (Copom americano) que tem início hoje e termina amanhã, com a decisão sobre os novos rumos da política monetária do país.
Na véspera, o índice Dow Jones recuou 0,25%, em 34.392,75 pontos, o S&P 500 subiu 0,18%, a 4.255,15 pontos, e o Nasdaq teve alta de 0,74%, a 14.174,14 pontos.
As fortes acelerações econômica e inflacionária nos Estados Unidos devem ser reconhecidas pelo Fed na reunião de política monetária do Fomc, o que provocará mudanças nas projeções dos dirigentes da autoridade monetária americana, preveem analistas do Brown Brothers Harriman e do Bank of America (BofA).
A pesquisa de maio de 2021 de expectativas dos consumidores nos Estados Unidos, divulgada pelo Federal Reserve de Nova York, mostrou que a mediana das expectativas de inflação em um ano aumentou, passando de 3,4% em abril a 4,0% em maio. O Fed de NY apontou em comunicado que esta é a sétima alta mensal consecutiva e a nova máxima nessa série.
A mediana de expectativas de inflação no horizonte de três anos também subiu, passando de 3,1% ao ano a 3,6% ao ano.
A sondagem também mostra um aumento nas expectativas para preços de residências, aluguéis, salários e gastos em maio ante o mês anterior, no contexto de retomada econômica, conforme a vacinação contra a covid-19 avança.
"As expectativas no mercado de trabalho melhoraram, com o desemprego e a probabilidade de alguém perder o emprego atingindo as mínimas da série" da pesquisa.
CPI da Covid: Amazonas
Nesta terça-feira, o ex-secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, presta depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid no Senado.
O estado enfrentou um colapso sanitário por falta de oxigênio nos hospitais que recebiam pacientes com covid-19. Soma-se a isso uma investigação feita pela Polícia Federal que envolve desvio de dinheiro no combate à pandemia.
Reforma tributária: definição de relatores
No cenário doméstico, a reforma tributária volta à atenção dos investidores. O presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que irá definir no fim desta semana os nomes dos deputados responsáveis pelas relatorias dos projetos de lei referentes à reforma tributária.
"Vamos definir até o final desta semana os relatores da reforma tributária que irá tramitar na Câmara. Conversei com o presidente do Senado, @rpsenador, para que os relatores nas duas Casas sejam definidos simultaneamente, para começarmos juntos as análises dos projetos", escreveu Lira no Twitter, nesta segunda-feira, 14.
E acrescentou: "Ainda no âmbito da reforma tributária, tenho reuniões esta semana com os líderes e com integrantes da equipe econômica sobre as questões relativas ao imposto de renda."
Bolsas asiáticas fecham sem direção única
As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam sem direção única nesta terça-feira, na expectativa para o resultado da reunião de política monetária do Fed nesta semana.
O índice acionário japonês Nikkei subiu 0,96% em Tóquio hoje, aos 29.441,30 pontos, com a ajuda de ações de farmacêuticas e ligadas a bens de consumo.
Enquanto isso, o sul-coreano Kospi avançou 0,20% em Seul, aos 3.258,63 pontos, nova máxima histórica, e o Taiex registrou ganho de 0,92% em Taiwan, aos 17.371,29 pontos, na volta de um feriado.
Já na China continental e em Hong Kong, os mercados ficaram no vermelho, após de não operarem na véspera em função de um feriado.
Pressionados por ações financeiras e de mineradoras, o Xangai Composto caiu 0,92%, aos 3.556,56 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composite recuou 0,83%, aos 2.387,91 pontos. O Hang Seng, por sua vez, teve baixa de 0,71% em Hong Kong, aos 28.638,53 pontos.
Na Oceania, a bolsa australiana renovou recorde de fechamento nesta terça-feira, também ao retornar de um feriado. O S&P/ASX 200 avançou 0,92% em Sydney, aos 7.379,50 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado