Mercado Financeiro

Bolsa sobe 2,33% e recupera os 120 mil pontos com Vale, Petrobras e bancos; dólar caiu a R$ 5,25

Investidores seguem mais otimistas, guiados pelo exterior, e atentos ao cenário fiscal e político doméstico

Data de publicação:24/08/2021 às 10:49 - Atualizado 3 anos atrás
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O Ibovespa acelerou o ritmo de alta nesta terça-feira, 24, e subiu 2,33%, aos 120.210,75 pontos, em dia de recuperação generalizada, puxada principalmente por Petrobras, Vale e bancos.

Já o dólar fechou em queda de 2,34%, cotado a R$ 2,254, acompanhando a perda de força da moeda no exterior, diante da alta do petróleo e do minério de ferro pelo mundo. Além disso, o otimismo tomou conta do mercado com o avanço da vacina contra a covid-19 nos Estados Unidos e os novos capítulos em relação ao cenário político e fiscal do País. Especialmente, após Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, ressaltar o compromisso do Congresso em respeitar o teto de gastos.

Dólar cai mais de 2,3% nesta terça-feira, 24 - Foto: Envato

Os investidores passaram o dia monitorando, ainda, a queda dos juros futuros, após o Tesouro voltar a antecipar a divulgação da oferta de NTN-B – títulos atrelados à inflação - para o leilão que aconteceu hoje, com lote reduzido.

A antecipação do anúncio da oferta, com lotes baixos, é considerada positiva por profissionais de mercado, já que evita adicionar mais volatilidade aos negócios diante de desconforto dos investidores com incertezas nos cenários fiscal e político do País.

Alta generalizada na Bolsa

Com a disparada no preço do minério de ferro na China, as ações das siderúrgicas reportaram ganhos, o que ajudou o Ibovespa a subir com mais força. Vale, Usiminas, CSN e Gerdau avançaram 3,65%, 5,35%, 7,10% e 3,73%, respectivamente.

A Petrobras também viveu um dia de valorização em seus papéis, assim como a PetroRio, com a elevação do preço do barril do petróleo. As ações das empresas subiram 2,07% e 2,14%, na sequência.

Os bancões, que respondem por cerca de 17% da carteira teórica da B3, tiveram um pregão de valorização. Bradesco, Itaú e Santander avançaram 2,63%, 2,79% e 1,60%.

As varejistas seguiram na mesma esteira e fecharam o dia no azul, após queda na véspera. Magazine Luiza, Via, B2W, Lojas Marisa, C&A e Lojas Americanas reportaram variação positiva de 6,12%, 4,63%, 9,69%, 6,29%, 11,41% e 11,81%, respectivamente.

Após ter seu site e app invadidos por hackers, a Lojas Renner retomou as operações de seus canais de venda online e informou que não pagou o resgate exigido pelos invasores virtuais. Com a informação, as ações da companhia subiram 2,23%.

Com as boas notícias no exterior sobre o avanço da vacina contra a covid-19 em jovens nos Estados Unidos, empresas ligadas ao turismo como Embraer, Azul, Gol e CVC registraram avanço significativo em suas ações na B3. Os papéis das companhias saltaram 8,13%, 7,30%, 10,97% e 6,38%, na sequência.

Após ter tido sua cobertura iniciada pelo BBI, as ações da Cyrela dispararam 12,33% na Bolsa. E os papéis da Smartfit, que também passaram a ser acompanhados pelo Itaú BBA, subiram 0,94%.

Reforma do IR e Aras

Os mercados locais também tiveram as atenções voltadas para uma nova tentativa de votação do projeto que altera o Imposto de Renda, na Câmara dos Deputados.

Durante participação em evento da XP Investimentos, o presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que o projeto de reforma do IR não estará na pauta de assuntos desta semana, mas reafirmou o compromisso de respeitar o teto de gastos.

"Vamos mudar a estratégia, o governo vai entrar, ficou ratificado que uma convergência é necessária", disse Lira para investidores.

Lira afirmou que está conversando com quem tem interesse em aprovar dividendos no Brasil e que também irá fazer mais uma rodada de conversa com líderes da Câmara.

"Se houver convergência suficiente para votar o texto, votaremos", disse. "Não iremos especular nenhuma possibilidade esta semana, vamos conversar com tempo suficiente", acrescentou. A votação do parecer foi adiada por três vezes, mas a matéria conta com o patrocínio de Lira, que defende o texto.

O presidente da Câmara disse ainda que trabalha para "desmistificar versões" sobre a reforma. Segundo ele, interesses que apareceram no plenário surgiram de forma transvestida e, na verdade, representavam outros interesses. Lira disse ainda que o texto é sensível, difícil, mas não impossível de ser aprovado.

Aos investidores, Lira também fez uma defesa enfática sobre o teto de gastos e disse que não haverá rompimento da responsabilidade fiscal. "Não vamos praticar irresponsabilidade fiscal", disse. "O Congresso não deu uma vírgula de possibilidade de que nós fôssemos romper o teto de gastos."

A sabatina do procurador-geral da República, Augusto Aras, no Senado, também está no radar em um cenário de crise institucional que tem apoiado a desconfiança dos investidores sobre o País.

Impeachment de ministros

O pedido de impeachment do ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apresentado ao Senado pelo presidente Jair Bolsonaro, adicionou mais incerteza em relação aos desdobramentos da crise política, que tem como ponto central o embate entre Poderes.

Ao fazer a solicitação ao Senado, na sexta-feira, o presidente Bolsonaro adiantou que esta semana faria mais. Prometeu apresentar pedido idêntico contra outro ministro do STF, Luís Roberto Barroso, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Os capítulos que se sucedem a cada dia lançam temor no mercado sobre os próximos lances do confronto que, para parte dos especialistas, poderiam levar ao aumento de radicalização por parte de pró-bolsonaristas em enfrentamentos até com ingredientes de violência. 

A inquietação dos investidores com o aumento de risco político caminha em marcha batida com outra preocupação, a persistente dúvida em relação à manutenção do ajuste fiscal, mediante controle das despesas do governo nos limites impostos pela regra do teto de gastos.

CPI da Covid: Belcher Farmacêutica

O colegiado da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Coivd no Senado ouve o empresário Emanuel Catori, diretor-presidente da Belcher Farmacêutica, que se apresentava ao governo Bolsonaro como uma representante do laboratório chinês CanSino, fabricante da vacina contra a covid-19 Convidecia.

O empresário conseguiu no Supremo Tribunal Federal o direito de não responder a perguntas que possam incriminá-lo, mas está obrigado a responder questionamentos sobre temas que não o incriminem.

Senadores veem semelhança na atuação da Belcher com a da Precisa Medicamentos, que representava o laboratório indiano Bharat Biotech na negociação das vacinas Covaxin.

NY: mercados em alta

Nos Estados Unidos, as bolsas de Nova York fecharam em alta, com o mercado mais otimista, o que se refletiu na véspera com a alta dos mercados, sobre as vacinas no país, além dos dados econômicos divulgados durante o dia.

O índice S&P 500 subiu 0,16%, com Dow Jones e Nasdaq 100 na mesma esteira, com ganhos de 0,09% e 0,29%, na sequência.

As vendas de moradias novas nos Estados Unidos subiram 1,0% em julho ante junho, para uma taxa anual sazonalmente ajustada de 708 mil unidades, segundo dados publicados pelo Departamento do Comércio americano.

Analistas esperavam alta de 3,6% no período, para 700 mil unidades. Os dados de junho foram revisados para cima, de 676 mil para 701 mil unidades.

A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, a Anvisa norte-americana) anunciou, pela primeira vez, a aprovação integral - não mais apenas emergencial - da aplicação da vacina contra a covid-19 em maiores de 16 anos. O imunizante produzido pela Pfizer, em parceria com a BioNTech, recebeu a concessão.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou a aprovação um "marco" no combate à pandemia e informou que mais de um milhão de doses do imunizante foram aplicadas nos últimos três dias, maiores taxas desde junho.

Na análise da TD Securities, é o medo da cepa delta do coronavírus que impulsiona a vacinação pelo país. Para a Oxford Economics, de modo geral, a delta não é motivo para "grande pânico", pois "em vez de empurrar as economias de volta à recessão, o mais provável é que a recuperação apenas recue no curto prazo".

Na semana, investidores também aguardam o Simpósio de Jackson Hole, evento anual do Fed de Kansas, que acontece na próxima sexta-feira, 27. Nesta segunda, porta-voz da Casa Branca disse que Biden não tem cronograma para decidir sobre o próximo presidente do banco central.

Além disso, a trajetória dos preços segue no foco dos investidores. Em entrevista o professor da Universidade de Chicago, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) e ex-presidente do banco central da Índia, Raghuram Rajan, afirmou que a inflação dos EUA ficará elevada por um período mais longo do que o previsto pelo Fed, por conta do mercado de trabalho já estar "bem apertado".

Bolsas asiáticas fecham em alta

As bolsas asiáticas fecharam em alta nesta terça-feira, seguindo o desempenho positivo dos mercados de Nova York, que ontem foram impulsionados por esperanças de maior imunização contra covid-19 nos EUA após a aprovação integral da vacina da Pfizer e BioNTech pelo regulador de saúde do país.

O índice acionário japonês Nikkei subiu 0,87% em Tóquio hoje, aos 27.732,10 pontos, enquanto o Hang Seng avançou 2,46% em Hong Kong, aos 25.727,92 pontos.

O sul-coreano Kospi valorizou 1,56% em Seul, aos 3.138,30 pontos, e o Taiex registrou ganho de 0,46% em Taiwan, aos 16.818,73 pontos.

Na China continental, o Xangai Composto teve alta de 1,07%, aos 3.514,47 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,77%, aos 2.463,85 pontos, após indícios de que o último surto de coronavírus do país perdeu força.

Há preocupações com o lento ritmo de vacinação na região asiática. Embora estejam em queda na Índia, Taiwan e Indonésia, os casos de infecção por covid-19 ganharam força no Japão, Coreia do Sul, Malásia, Filipinas e Vietnã.

Na Oceania, a bolsa australiana ficou levemente no azul hoje, apesar de fortes perdas de empresas que divulgaram balanços anuais. O S&P/ASX 200 subiu 0,17% em Sydney, aos 7.503,00 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado

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