Bolsa sobe 0,45% com dados da China, aos 128 mil pontos; dólar cai 0,13%
Investidores digerem os dados da inflação americana
A Bolsa fecha o segundo pregão consecutivo em alta e consegue retomar o nível dos 128 mil pontos. O Ibovespa registrou valorização de 0,45% aos 128.167,74. O dólar contabilizou mais uma queda, de 0,13%, negociado a R$ 5,181.
Para Rafael Ribeiro, da Clear Corretora, na reta final dos negócios o mercado foi beneficiado pela alta do minério de ferro, assim como os fortes dados da balança comercial chinesa, que favorecem o setor siderúrgico e mineração. No cenário interno, a sinalização de alterações na reforma tributária também agradou o mercado.
Na apresentação do parecer preliminar do deputado Celso Sabino (PSDB-PA), relator da reforma tributária, os fundos imobiliários não serão tributados, permanecendo a redução da alíquota de 20% para 15% no ganho de capital. Essa notícia, em especial, impulsiona o setor de construção e shoppings, uma vez que os fundos são usados como uma forma de financiamento.
O relator também aprofundou a redução do IRPJ para empresas de todos os regimes tributários. A alíquota, hoje de 15%, será reduzida para 5% em 2022 e para 2,5% a partir de 2023. O adicional de 10% para maiores empresas (lucros superiores a R$ 20 mil por mês) está mantido no substitutivo preliminar. Desta forma, na prática, para grandes empresas que excedem R$ 20 mil de lucro mensal, a alíquota vai cair para 12,5%
Durante o dia , o investidor dividiu as atenções entre informações sobre a inflação e início da safra de balanços nos EUA, dados de serviços e tensão política no Brasil , além de notícias de empresas brasileiras, sendo a principal delas envolvendo a Eletrobras.
Isso porque o presidente Jair Bolsonaro sancionou a medida provisória que abre caminho para a capitalização da companhia.
A ratificação conta com 14 vetos, dentre eles de um artigo que determinava que o Poder Executivo aproveitasse empregados da Eletrobras e de suas subsidiárias demitidos sem justa causa durante os 12 meses subsequentes à desestatização. Os vetos podem gerar incômodo no mercado.
Inflação americana
Divulgado nesta manhã, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, em inglês), que mede a inflação dos Estados Unidos, subiu 0,9% em junho ante maio, de acordo com o Departamento do Trabalho. O resultado veio bem acima da mediana de projeções dos analistas, que esperavam alta de 0,5%.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o CPI de junho subiu 5,4%, também com resultado aquém do aguardado pelos especialistas, que estimavam um CPI acima dos 4,9%. Com esse avanço, o índice alcançou o maior número desde 2008.
O índice mede a evolução de preços de uma cesta de bens e serviços – gastos com transporte, educação, lazer, dentre outros – consumidos pelos americanos em junho, excluídas as despesas com itens essenciais, como alimentos e energia elétrica.
O CPI ocupa lugar de destaque no radar dos investidores porque sua variação pode influenciar a orientação de política monetária do Fed (Federal Reserve, banco central americano) e as deliberações sobre eventual alteração nas taxas de juro. O receio é a de que uma inflação mais acelerada provoque alta dos juros americanos antecipadamente.
Sobe e desce da B3
Puxando a fila das valorizações do dia, apareceram as mineradoras e de siderurgia. Papeis da Vale, CSN, Usiminas e Gerdau subiram 0,59%, 1,00%, 1,33% e 0,39%, respectivamente.
Empresas como Dotz e Enjoei também estão no grupo de fechamento positivo. Analistas do Itaú BBA e Credit Suisse começaram a cobertura para a ação da Dotz com recomendação de compra. Os papéis da companhia saltaram 7,19%.
Com o anúncio de que irá emitir R$ 1,25 bilhão em debêntures, as ações da Cogna valorizaram 0,47%.
As ações da Petrobras também encerraram o pregão com valorização. Os papéis da companhia fecharam em alta de 0,61%.
Já as ações da Eletrobras fecharam em queda após a divulgação da medida provisória sobre a privatização da estatal feita no Diário Oficial da União. Os papéis da companhia elétrica caíram 0,54% (ELET6) e 0,62% (ELET3).
Ainda no bloco das baixas da Bolsa, a Cyrela também viveu um dia de perdas após divulgar a prévia operacional do segundo trimestre de 2021. As ações recuaram de 0,34%.
Reforma tributária: lucros e dividendos
No cenário local, os passos da reforma tributária têm sido acompanhados com atenção pelos investidores, cujo texto tem sido fortemente criticado pelas empresas e pelo mercado.
Segundo negociações entre o relator do texto da reforma tributária, deputado Celso Sabino e a área econômica do governo, o relatório deve manter a taxação sobre a distribuição de lucros e dividendos a acionistas, mas dar um alívio maior às empresas. O parecer deve ser apresentado hoje aos líderes partidários.
Em entrevista, o chefe do Centro de Estudos Tributários da Receita Federal, Claudemir Malaquias, disse que a retomada da tributação de lucros e dividendos é um “caminho sem volta”. Extinta em 1996, a taxação está no centro da polêmica que envolve a proposta apresentada pelo governo ao Congresso.
Mais de duas semanas depois da apresentação do projeto, apenas na véspera a Receita abriu os números sobre o impacto da proposta na arrecadação e apontou uma revisão das estimativas, após a pressão do setor privado e de parlamentares para o governo apresentar os detalhes das projeções.
Os críticos apontam, porém, distorções com a volta da taxação de dividendos e o risco de aumento da carga tributária. O relator do texto prometeu que, com as mudanças em relação à versão original do governo, haverá uma redução da carga em R$ 20 bilhões para enfrentar as resistências das lideranças empresariais.
As críticas e a mobilização dos empresários deixaram o presidente Jair Bolsonaro desconfortável com o projeto num momento de tensão política com os avanços da CPI da Covid e uma queda da sua população. Bolsonaro cobrou ajustes para atender pontos específicos, entre eles, manter a isenção dos Fundos de Investimento Imobiliário (FII).
NY: bolsas sem rumo único
No cenário externo, as bolsas de Nova York fecharam em queda, com os investidores digerindo os dados do CPI americano de junho, que veio bem acima do esperado pelos analistas.
O S&P 500 fechou com queda de 0,35%, com Dow Jones na mesma esteira, com baixa de 0,31% e o Nasdaq 100, com recuo de 0,38%.
Segundo analistas, os dados do CPI vão movimentar o mercado, em grande parte pela observação das reações do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e o que isso pode trazer para os direcionamentos da política monetária do país.
No dia anterior, o dirigente da distrital de Nova York, John Williams, afirmou que a instituição ainda não atingiu as condições para o "tapering", como é chamado o processo de redução gradual das compras de ativos. Segundo Williams, a "alta incerteza" ainda domina as perspectivas econômicas do país.
CPI da Covid: novos depoimentos
Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado seguem sendo acompanhados pelos investidores. Nesta terça-feira, o colegiado ouve a diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades.
Porém, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, atendeu parcialmente um pedido da diretora para ficar em silêncio em relação a fatos que a incriminem durante o depoimento.
Fux também determinou que a responsável técnica da Precisa não seja submetida ao compromisso de dizer a verdade, mas negou o pedido para que ela tivesse o direito de não comparecer à oitiva.
A empresa atuou como intermediária entre o laboratório indiano Bharat Biotech e o Ministério da Saúde na venda de doses da Covaxin - e teria pedido inclusive um adiantamento dos pagamentos, o que não é usual.
O nome de Medrades aparece em vários momentos nas trocas de e-mails entre a empresa e o Ministério da Saúde. Os sigilos telefônico e telemático (mensagens) dela já foram quebrados pela CPI.
Os depoimentos seguintes são sobre a suposta tentativa de venda de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca pela Davati. Na quarta-feira, fala o reverendo Amilton Gomes de Paula, um religioso do Distrito Federal que teria facilitado o acesso do representante da Davati ao Ministério.
Na quinta, está marcado o depoimento do coronel da reserva do Exército Marcelo Blanco. Ele participou do jantar no qual um servidor do Ministério da Saúde teria pedido propina ao suposto vendedor de vacinas da Davati, o cabo da PM de Minas Luiz Paulo Dominghetti Pereira.
Bolsas asiáticas fecham em alta
As bolsas asiáticas fecharam em alta nesta terça-feira, após mais um dia de recordes em Wall Street e com o desempenho bem melhor do que o esperado das exportações chinesas no último mês.
O índice acionário japonês Nikkei subiu 0,52% em Tóquio hoje, aos 28.718,24 pontos, enquanto o Hang Seng avançou 1,63% em Hong Kong, aos 27.963,41 pontos.
O sul-coreano Kospi valorizou 0,77% em Seul, aos 3.271,38 pontos, e o Taiex registrou ganho de 0,19% em Taiwan, aos 17.847,52 pontos.
Na China continental, o Xangai Composto avançou 0,53%, aos 3.566,52 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto subiu 0,27%, aos 2.491,97 pontos.
A China surpreendeu com um salto anual de 32,2% nas exportações de junho, maior do que o acréscimo de 27,9% de maio e também bem acima das expectativas.
As importações chinesas igualmente subiram mais do que se previa no mês passado, mas em ritmo consideravelmente menor do que em maio.
Os sólidos dados da balança comercial chinesa chegam em um momento de dúvidas sobre o grau de recuperação da segunda maior economia do mundo, após os choques da pandemia de covid-19.
Na Oceania, a bolsa australiana fechou praticamente estável, com baixa marginal de 0,02% do S&P/ASX 200, aos 7.332,10 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado