Mercado Financeiro

Mercado ao vivo: Bolsa busca recuperação com bancos e payroll; dólar cai mais de 1,4%

Investidores seguem também com a PEC dos Precatórios no radar e de olho nos balanços corporativos

Data de publicação:05/11/2021 às 10:42 - Atualizado 2 anos atrás
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Após um novo tombo de 2,09% e despencar ao menor patamar do ano, na casa dos 103 mil pontos, a Bolsa opera nesta sexta-feira, 5, em alta, buscando recuperação com a valorização das ações dos bancos - o IFNC, índice financeiro da B3 avança mais de 2%.

Além disso, os investidores repercutem a geração de empregos nos Estados Unidos (payroll) acima do esperado. Às 14h49, o Ibovespa subia 1,12%, perdendo os 105 mil pontos – 104.572. Já o dólar à vista se mantinha no sentido contrário, em forte queda de 1,47%, cotado a R$ 5,524.

Sede da B3 em São Paulo - Foto: B3/Divulgação

Lá fora, os ânimos estão otimistas, com as bolsas americanas em alta. O Departamento do Trabalho americano divulgou que o payroll de outubro contabilizou a criação de 531 novas vagas e registrou queda de 0,2% na taxa de desemprego, para 4,6%. O número veio bem acima das projeções do mercado, que esperavam mediana positiva de 400 mil novos postos de trabalho.

De acordo com o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, o payroll é um dos dados mais "emocionantes" para o mercado, não somente pela sua importância nas discussões de política monetária, mas também pela elevação na volatilidade dos preços dos ativos após sua divulgação.

“É verdade que parte significante dessa volatilidade advém da briga entre algoritmos supervelozes dos fundos quantitativos, mas, de forma geral, o relatório de emprego não permite uma interpretação consensual”, avalia

Para o economista, o resultado pode ser um divisor de águas. “Não somente por ser o primeiro após o fim dos benefícios estendidos, mas pelos seus efeitos sobre a taxa de juros. Para os comprados, ganhos salariais são essenciais para a tese altista de juros ganhar musculatura”, explicou Borsoi.

A performance forte do payroll de outubro já era esperada pelo mercado diante dos dados do ADP apresentados na quarta-feira, 3, que já trouxeram dados animadores – criação de 571 mil empregos contra 395 mil de projeção.

Ajudou a dar ainda mais combustível a esse cenário o número de pedidos de auxílio desemprego, comunicados na véspera, que apontou uma redução de 14 mil solicitações, totalizando 269 mil na semana encerrada em 30 de outubro.

O resultado consolida a quinta queda consecutiva do volume de pedidos e atingiu o patamar mais baixo desde meados de 2020, o que mostra uma retomada de fôlego por parte da economia americana.

Juros futuros

Os juros futuros sustentam o movimento de alta moderada após os dados do payroll acima das expectativas. As taxas já começaram a manhã nessa direção em meio às incertezas com o andamento da PEC dos Precatórios. Os curtos, no entanto, operam estáveis.

Sobe e desce da Bolsa

Encerrando a temporada de balanços privados, os resultados do Bradesco surpreenderam positivamente o mercado e refletem na alta de mais de 5 % nos papéis da gigante financeira. Na contramão, as ações do Itaú e Santander recuavam 1,94% e 0,44%, na sequência, às 14h34.

A queda consecutiva no preço do minério de ferro está castigando por mais um dia as ações das siderúrgicas. Às 14h41, as ações da Vale caíam 2,86%, com as demais gigantes do setor à reboque.

Ainda em commodities, após trafegar em alta durante toda a manhã, reflexo da elevação do preço do barril do petróleo, as ações da Petrobras viraram o sinal e operavam em queda de 0,50%, às 14h42.

Porém, os papéis da PetroRio disparavam mais de 19% no período, com a notícia de que os consórcios nos quais a petroleira participa foram escolhidos para iniciar as negociações dos termos finais para a compra dos campos de Albacora e Albacora Leste, da Petrobras.

Ainda segundo a PetroRio, há a possibilidade de haver uma oferta final sobre os ativos, localizados na bacia de Campos.

Refletindo os números divulgados em seus balanços de resultados do terceiro trimestre - que trazem dados mistos - as ações das empresas JHSF e Embraer subiam 2,24% e 4,65%, respectivamente. Dados atualizados às 14h47. Já a Minerva, após operar no azul, virou o sinal e apontava queda de 0,10%.

Cenário fiscal: PEC dos Precatórios

No ambiente doméstico, o cenário fiscal segue no radar dos investidores, que mantém a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Precatórios como principal ponto de atenção.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, reforçou sua defesa ao teto de gastos nesta manhã, mas admitiu que o pagamento dos precatórios dentro do teto, como prevê a lei, "engessa a máquina do Estado".

Lira afirmou que, em sua visão, mesmo "longe do ideal", a PEC, que foi aprovada em primeiro turno na madrugada da quinta-feira, 4, na Casa, "resolve o problema dos precatórios com relação a 2022".

De acordo com o parlamentar, todos os movimentos da Câmara ao longo deste ano foram para garantir o teto de gastos. Contudo, o parlamentar não deixou de criticar o limitador de gastos, avaliando que ele precisa de "ajustes" por estar "capenga".

A votação em segundo turno do texto-base acontecerá, na avaliação do presidente da Câmara, Arthur Lira, sem "mudanças radicais". "Dificilmente acho que a votação irá refluir para menor", disse o parlamentar, em entrevista à CNN Brasil.

Mesmo que a PEC tenha sido aprovada com uma margem de apenas quatro pontos, e com a pressão para que partidos de esquerda mudem de posição no segundo turno, Lira está seguro de que não houve uma falta de conhecimento com relação ao texto apresentado, e avaliou que os partidos da oposição deverão manter seus votos. Porém, ao chegar ao Senado, deve enfrentar resistências.

No olho desse furacão, está o PDT. Quinze parlamentares da sigla votaram a favor da proposta que permite o governo se esquivar do teto de gastos e viabilizar o Auxílio Brasil em ano eleitoral. A posição não agradou ao vice-presidente do partido Ciro Gomes, que anunciou a suspensão de sua candidatura até que a bancada da sigla na Câmara revisse o seu posicionamento.

Sobre o PDT, Lira avaliou que a sigla fez uma discussão "ética, correta, justa" e "defendeu o que se propôs desde o início".

O presidente da Câmara comentou que analisa como "justo" e "correto" o movimento de apreensão gerado na Bolsa de Valores em relação à PEC dos Precatórios que, para ele, está mais relacionado às incertezas sobre o texto na Câmara e no Senado e às mudanças de posicionamentos das bancadas.

"Essa insegurança no final dessa novela é o que vem desestabilizando o mercado", declarou, avaliando que um cenário menos instável virá após a aprovação da PEC.

Segundo apuração feita pela reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, o governo liberou R$ 1,2 bilhão do orçamento secreto a deputados na véspera da votação em primeiro turno do texto, que passou na Casa com 312 votos, apenas quatro a mais que o mínimo exigido para aprovação de proposta de mudança na Constituição do País.

Tudo indica que o governo pode gastar ainda mais recursos para tentar convencer parlamentares a votar a favor da proposta na próxima semana.

Lá fora: Europa e Ásia

No cenário internacional, o mercado europeu também repercute o payroll forte americano de outubro, porém, na contramão, absorve os últimos dados econômicos do continente, que vieram mais fracos.

De acordo com a Destatis, agência de estatísticas da Alemanha, a produção industrial do país caiu 1,1% em setembro ante agosto, segundo dados com ajustes sazonais divulgados nesta sexta-feira. O resultado frustrou a expectativa dos analistas, que previam alta de 1% no período.

Outro número que decepcionou os analistas foram, as vendas do varejo da zona do euro em setembro, que recuaram 0,3% ante agosto, conforme dados divulgados pela agência oficial de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. O mercado previa um avanço de 0,2%.

Na comparação anual, por outro lado, as vendas do setor varejista do bloco tiveram expansão de 2,5% em setembro. A Eurostat também revisou suas estimativas para as vendas de agosto, para alta mensal de 1% e ganho anual de 1,5%

Do outro lado do mundo, as bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa nesta sexta-feira, em meio a preocupações renovadas com a frágil situação financeira do setor imobiliário chinês.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng teve queda de 1,41%, aos 24.870,51 pontos, pressionado por ações de incorporadoras chinesas como a Evergrande (-2,54%), que vem enfrentando graves problemas de liquidez nos últimos meses, gerando temores sobre a solidez da indústria imobiliária da China.

O mau humor foi deflagrado pela suspensão de negócios com ações da incorporadora chinesa Kaisa em Hong Kong, após a unidade financeira da empresa falhar no pagamento de uma dívida de um produto de gestão de riquezas. Assim como a Evergrande, a Kaisa é um grande emissor de bônus no mercado internacional.

Na China continental, o Xangai Composto caiu 1%, aos 3.491,57 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto recuou 0,77%, a 2.406,42 pontos.

Em outras partes da Ásia, o japonês Nikkei teve baixa de 0,61% em Tóquio, aos 29.611,57 pontos, e o sul-coreano Kospi cedeu 0,47% em Seul, aos 2.969,27 pontos. Exceção na Ásia, o Taiex subiu 1,28% em Taiwan, aos 17.296,90 pontos.

Na Oceania, a bolsa australiana contrariou o tom predominantemente negativo da Ásia, e o S&P/ASX 200 avançou 0,39% em Sydney, aos 7.456,90 pontos, na esteira de novos recordes do S&P 500 e do Nasdaq em Wall Street. / com Tom Morooka e Agência Estado

Sobre o autor
Julia ZilligA Mais Retorno é um portal completo sobre o mercado financeiro, com notícias diárias sobre tudo o que acontece na economia, nos investimentos e no mundo. Além de produzir colunas semanais, termos sobre o mercado e disponibilizar uma ferramenta exclusiva sobre os fundos de investimentos, com mais de 35 mil opções é possível realizar analises detalhadas através de índices, indicadores, rentabilidade histórica, composição do fundo, quantidade de cotistas e muito mais!