Mercado ao vivo: Bolsa volátil com commodities, inflação e PEC dos Precatórios
Mercado acompanha agenda política e repercute novos dados econômicos
Após iniciar o pegão desta segunda-feira, 8, em queda, a Bolsa passou a zanzar pelo terreno positivo e negativo. Ora beneficiada pela valorização das ações da Petrobras e Vale - altas de 1,39% e 4,40%, respectivamente, ora afetada pelas falas do presidente Bolsonaro sobre a estatal petroleira, greve dos caminhoneiros e orçamento secreto.
Além disso, na pauta do dia estão os novos dados sobre a inflação, projeções econômicas do Boletim Focus e o cenário fiscal marcado pelas incertezas, em virtude da PEC dos Precatórios. Às 16h40, o Índice Ibovespa caía 0,05%, aos 104.776 pontos. Na contramão, o dólar subia 0,34%, cotado a R$ 5,542.
Durante a manhã, o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou que o Índice Geral de Preços – Demanda Interna (IGP-DI) avançou 1,60% em outubro. O resultado superou as expectativas dos analistas, que apostavam em uma mediana de 1,56%.
Ainda no mesmo período, o Boletim Focus do Banco Central reforçou as projeções altistas dos economistas para a inflação, que seguem sofrendo variações positivas consecutivas, tanto para 2021 quanto para 2022. Para o fim deste ano, foram ajustadas de 9,17% para 9,33%. E de 4,55% para 4,63% para o ano seguinte.
As revisões seguem afastando cada vez mais a inflação da meta estipulada pelo Banco Central de 3,25% para o índice. O BC já sinalizou que irá fazer o que for possível – inclusive aumentar a taxa de juros - para trazer a inflação para esse patamar, porém, isso só deve acontecer em 2023, quando as estimativas preveem 3,27%.
Já as estimativas para a Selic, taxa básica de juros do País, ficaram estáveis em 9,25% para este ano e subiram de 10,25% para 11,00% em 2022.
Incertezas rondam a PEC dos Precatórios
No âmbito político, os investidores acompanham os desdobramentos da decisão da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, que suspendeu o pagamento de emendas de relator do Orçamento 2021. A decisão será julgada pela Corte nesta terça-feira, 9.
No último fim de semana, o deputado Rodrigo Maia enviou um pedido ao STF exigindo a suspensão da tramitação da PEC dos Precatórios do Congresso, cujo segundo turno da votação está marcado também para esta terça-feira, 9.
A ministra deu 24 horas para que o presidente da Câmara, Arthur Lira, e a Mesa Diretora da Casa prestarem informações.
A iniciativa dos deputados está causando mal-estar no mercado financeiro, que voltou a ficar preocupado com o andamento da PEC que parcela o pagamento dos precatórios e abre espaço fiscal no Orçamento para o financiamento do Auxílio Brasil.
Os parlamentares que recorreram ao Supremo entendem que a votação em segundo rodada não terá validade enquanto a primeira votação estiver sendo contestada judicialmente.
Juros futuros
Os juros futuros dispararam quase 40 pontos-base nesta segunda-feira após a abertura, com o movimento mais acentuado nos curtos.
Os demais vencimentos também sobem diante das incertezas com o andamento da PEC dos Precatórios com a judicialização da questão e com mais desancoragem das expectativas no relatório Focus. Às 9h30, a taxa do contrato de depósito interfinaceiro (DI) para janeiro de 2023 subia para 12,41%, de 12,05% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2025 avançava para 12,40%, de 12,12%, e o para janeiro de 2027 ia para 12,32%, de 12,09% no ajuste de sexta-feira.
Sobe e desde da B3
No pregão desta segunda-feira, as ações das commodities sobem, reflexo do aumento dos preços do barril do petróleo e da tonelada do minério de ferro - que volta a subir após baixas sucessivas. A elevação nos valores acontece com a aprovação do pacote de infraestrutura do presidente americano Joe Biden, de cerca de US$ 1 trilhão.
Às 13h47, além da Vale e Petrobras, as ações das siderúrgicas CSN, Usiminas e Gerdau avançavam 2,26%, 3,82% e 3,18%, respectivamente. Já a PetroRio subia 1,09%.
Na contramão, os grandes bancos - que juntos representam cerca de 17% da cesta de ativos do Ibovespa - reportam queda. As ações do Itaú, Bradesco e Santander desvalorizavam 0,31%, 0,30% e 0,27%, na sequência, no mesmo horário.
Após divulgarem seus números do terceiro trimestre - que apontaram queda de 25,9% em seu lucro líquido (R$ 265,4 milhões) ante a mesma base de 2020 - as ações da M. Dias Branco saltavam 6,55%, às 13h48.
Também com recuo no lucro líquido do período - 11%, totalizando R$ 975,8 milhões sobre os mesmos meses de 2020 - a BB Seguridade vive um dia de queda em seus papéis - baixa de 0,18%, às 13h47.
Com a notícia de que o Bradesco BBI deu início à cobertura das ações da Get Net, os papéis da companhia chegaram a subir próximo de 1%, mas passaram a operar em baixa de 1,08%, às 13h49.
Mais detalhes sobre o STF
A decisão da ministra Rosa Weber de suspender temporariamente os repasses feitos pelo governo Jair Bolsonaro a parlamentares da base aliada por meio do orçamento secreto tende a gerar um racha entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Interlocutores dos ministros afirmaram que a decisão de Weber tende a ser mantida, porém, com um resultado apertado, disputado voto a voto, diante das pressões exercidas por parlamentares que se beneficiam da distribuição sigilosa de emendas do relator-geral do orçamento (RP-9).
A chance de pedidos de vista (suspensão) ou destaque (encaminhamento ao plenário físico) surgirem durante o julgamento é considerada remota, sobretudo, por se tratar de uma decisão provisória em um contexto com implicações diretas na dinâmica entre o Executivo e o Legislativo.
A possibilidade de o julgamento terminar empatado é aventada por pessoas próximas aos ministros por causa da falta de consenso sobre o orçamento secreto.
Neste cenário, caberia a um novo ministro, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a cadeira vaga depois da saída de Marco Aurélio Mello, decidir os rumos do esquema que sustenta a governabilidade do Planalto. Para o cargo, foi indicado André Mendonça, mas seu nome ainda depende de sabatina no Senado e enfrenta resistências na Casa.
Interlocutores do presidente da Câmara, Arthur Lira, têm tentado convencer os ministros do STF de que a decisão de Weber pode ser correta do ponto de vista da publicidade dos gastos, mas avança sobre prerrogativas do Legislativo e do Executivo.
A eventual manutenção do entendimento da ministra afeta o poder de Lira em Brasília. Ele e o governo usam as emendas de relator para reunir maiorias na Câmara. Por isso, o deputado alagoano estaria decidido a reverter o quadro para garantir a influência sobre o plenário não apenas no segundo turno da PEC dos Precatórios, mas na apreciação de futuras matérias.
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, disse estar confiante na aprovação da PEC dos Precatórios em segundo turno, apesar da suspensão das emendas de relator. "Não é baseado nisso que construímos a nossa base. Temos uma relação ampla com a base do governo e essa relação não se restringe a emendas" afirmou.
Além de ordenar que nenhum recurso indicado por parlamentares via emendas de relator seja liberado até que o plenário do STF se manifeste sobre o tema, a ministra determinou que o valor dos repasses e os nomes dos responsáveis pelas indicações passem a ser amplamente divulgados em "plataforma centralizada de acesso público".
No exterior
Lá fora, ao contrário do mercado local, as bolsas operam no positivo em Wall Street, com os investidores repercutindo a aprovação do pacote de infraestrutura do presidente Joe Biden de cerca de US$ 1 trilhão na Câmara.
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou em comunicado que o pacote de investimentos de cerca de US$ 1 trilhão vai assegurar que a economia americana seguirá forte daqui a décadas.
"A força da economia de um país depende da força de sua infraestrutura e, com a votação, garantimos que a economia americana permanecerá forte nas próximas décadas", afirmou Yellen, para quem o pacote fará com que a economia cresça ao mesmo tempo em que a torna mais 'resiliente e sustentável'".
Em paralelo, o debate da inflação continua a obscurecer os mercados que, por hora, se mostra resiliente após números robustos de sua temporada de balanços, apesar da inflação mais alta e dos problemas da cadeia de abastecimento.
Nesta semana, investidores vão acompanhar a atualização do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, que vem se mantendo elevado por mais tempo do que se imaginava.
Entre as commodities, o petróleo avança à medida que investidores vão pesando as chances de utilização da Reserva Estratégica de Petróleo dos Estados Unidos, depois que a Opep+ resistiu a um apelo do presidente Joe Biden para aumentar o fornecimento mais rapidamente.
Do outro lado do mundo, as bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta segunda-feira, à medida que os investidores digeriram dados da balança comercial chinesa e do mercado de trabalho americano.
O índice japonês Nikkei caiu 0,35% em Tóquio, aos 29.507,05 pontos, enquanto o Hang Seng recuou 0,43% em Hong Kong, aos 24.763,77 pontos, e o sul-coreano Kospi cedeu 0,31% em Seul, aos 2.960,20 pontos.
Já na China continental, o dia foi de ganhos moderados. O Xangai Composto subiu 0,20%, aos 3.498,63 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,48%, aos 2.417,97 pontos. O Taiex também garantiu desempenho positivo em Taiwan, com alta de 0,68%, aos 17.415,30 pontos.
No fim de semana, números oficiais mostraram que as exportações da China tiveram expansão anual de 27,1% em outubro, superando as expectativas e ajudando o país a registrar superávit recorde em sua balança comercial, de US$ 84,54 bilhões. Por outro lado, as importações chinesas avançaram menos do que se previa na mesma comparação, com aumento de 20,6%.
Na Oceania, a bolsa australiana terminou o pregão de hoje em baixa marginal. O S&P/ASX 200 caiu 0,06% em Sydney, aos 7.452,20 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado