Mercado Financeiro

Bolsa fecha em alta de 0,59%, com Vale e bancos; dólar cai a R$ 5,16

Investidores estão atentos à reunião do Copom, balanços trimestrais e ruídos políticos

Data de publicação:02/08/2021 às 10:47 - Atualizado 2 anos atrás
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A Bolsa fechou em alta de 0,59% nesta segunda-feira, 02, marcando 122.515,74 pontos, puxada principalmente pela valorização nas ações da Vale e dos bancos. No radar dos investidores estão os novos resultados corporativos que serão divulgados nesta semana e a expectativa sobre a decisão do Copom sobre a Selic.

O dólar fechou em queda, influenciado pelo apetite por ativos de risco nos mercados no exterior na primeira manhã de negócios do mês de agosto. A moeda americana à vista caiu 0,86%, negociada a R$ 5,165.

Dólar cai forte nesta segunda-feira com o mercado de olho na elevação da Selic na próxima reunião do Copom - Foto: Envato

Dólar em queda

A queda de 0,86% no preço do dólar hoje pode ter espelhado, de acordo com operadores de câmbio, a antecipação de investidores na venda, diante das perspectivas de atração de capitais estrangeiros de olho na elevação da Selic em pelo menos 1 ponto percentual, a 5,25% ao ano, na próxima reunião do Copom, que começa amanhã e termina na quarta-feira, 4.

Soma-se a isso ainda o IPO da Raízen na B3, que acontece nesta terça-feira, 3, e que pretende captar R$ 10 bilhões.

Além disso, o relatório Focus divulgado nesta manhã trouxe uma nova piora significativa nas estimativas para a inflação de 2021, subindo de 6,56% para 6,79%, bem acima do teto da meta deste ano, de 5,25%. A projeção do IPCA 2021 atualizada nos últimos cinco dias úteis escalou de 6,67% para 6,88%.

Para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, a expectativa passou de alta de 5,29% para elevação de 5,30%. Há quatro semanas, a estimativa era de 5,18%. Para 2022, o mercado financeiro manteve a previsão do PIB de alta de 2,10%.

A mediana das expectativas para o câmbio no fim de 2021 foi de R$ 5,09 para R$ 5,10, ante R$ 5,04 de um mês atrás. Para 2022, a projeção permaneceu em R$ 5,20, mesmo valor de quatro pesquisas atrás.

Sobe e desce da B3

Nesta segunda-feira, as ações dos bancos viveram um dia de ganhos, com o mercado na expectativa da divulgação dos números trimestrais do Itaú, que acontece hoje após o fechamento da Bolsa, e do Bradesco, que serão apresentados no dia seguinte.

Os papéis do Itaú, Bradesco e Santander subiram 1,21%, 0,91% e 0,32%%, respectivamente.

Na mesma esteira de alta, a Vale colheu ganhos, após um pregão anterior de perdas por conta da derrocada no preço do minério de ferro na China, que chegou a cair mais de 7%. As ações da mineradora avançaram 0,68%.

Já a CSN, Usiminas e Gerdau seguiam no caminho contrário, com baixas de 1,50%, 0,44% e 0,39%, na sequência.

Após reportar lucro líquido recorrente de R$ 111,4 milhões no segundo trimestre, o que representou um salto de 228,7% ante o mesmo período de 2020, a Alpargatas reportou forte alta de 16,46% em suas ações na B3.

Também com números positivos no trimestre - lucro líquido de R$ 68 milhões, alta de 342% sobre a mesma base comparativa do ano anterior - a Irani fechou com ganhos de 4,57%.

Já a BB Seguridade, que comunicou um lucro líquido 23% menor no período - R$ 754 milhões - viu seus papéis caírem 0,98% no pregão de hoje.

Ruídos políticos

O cenário político traz novos ruídos que podem criar apreensão no mercado. Além das ações do governo na questão dos precatórios, o aumento das manifestações do presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores a respeito da defesa do voto impresso.

Além disso, Bolsonaro afirmou que a Petrobras tem uma reserva de R$ 3 bilhões para custear o vale-gás à população caraente – mais uma investida do presidente visando a reeleição em 2022. A petroleira informou em comunicado que “não há definição” quanto à implementação e o montante de participação em eventuais programas.

A empresa reforçou ainda que qualquer decisão estará "sujeita à governança de aprovação e em conformidade com as políticas internas da companhia".

NY: mercados mistos

Em Nova York, os contratos negociados nas bolsas locais fecharam majoritariamente em baixa, à medida que o pacote de infraestrutura de US$ 550 bilhões se aproxima da aprovação no Senado nesta semana.

O índice S&P 500 caiu 0,19% e Dow Jones reportou baixa de 0,28%. O Nasdaq 100, por outro lado, fechou praticamente estável, com 0,02% de variação positiva.

As ações globais em julho completaram sua sequência de vitórias mais longas desde 2018, mas o ritmo de ganhos foi o mais lento dos últimos seis meses, segundo Filipe Teixeira, sócio da Wisir Research.

“Os ganhos corporativos devem auxiliar esta retomada, mas os riscos incluem o impacto da inflação elevada e a tensão em torno da variante delta na economia mundial, bem como a pressão na China por mais controle sobre algumas de suas principais empresas”, aponta.

Para a Capital Economics, a opinião é semelhante: a recuperação dos mercados acionários de Nova York dos níveis baixos provocados pela crise do coronavírus já atravessou a maior parte de seu percurso, e os avanços dos índices devem moderar nos próximos.

A consultoria avalia que há pouco escopo para que os balanços de empresas surpreendam positivamente investidores daqui em diante, e duvida que o "impulso que os mercados receberam de avaliações mais positivas no ano passado continuarão".

Em outro tópico acompanhado de perto por investidores, o presidente da distrital de St. Louis do Fed, James Bullard, defendeu que a entidade comece a reduzir os estímulos monetários nos EUA a partir do fim de setembro, até o fim do primeiro semestre de 2022.

O dirigente disse ainda temer que um novo choque inflacionário no país obrigue o BC americano a reagir abruptamente, caso o aperto monetário seja adiado.

CPI da Covid: volta aos trabalhos

Outro tema que está no radar do mercado é o retorno dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado nesta semana. A comissão pautou para esta terça-feira, 3, a convocação do ministro da Defesa, Braga Netto. O pedido ainda divide os senadores da comissão, até mesmo dentro do grupo majoritário.

Na terça, a CPI retoma os trabalhos após o recesso parlamentar. A cúpula do colegiado deve discutir na noite desta segunda-feira, 2, a possibilidade de chamar o ministro para depor.

Braga Netto entrou em conflito com a cúpula da CPI ao assinar uma nota em conjunto com os comandantes das Forças Armadas criticando o presidente da comissão, Omar Aziz. Durante depoimento do ex-diretor do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde Roberto Dias, Aziz afirmou que o "lado podre das Forças Armadas" estava envolvido em "falcatruas" do governo.

No âmbito da CPI da Covid, senadores querem coletar informações do período em que Braga Netto chefiou a Casa Civil, entre fevereiro do ano passado e abril deste ano. A comissão quer apurar se houve pressão sobre o Ministério da Saúde para fechar contratos que viraram alvo da CPI, entre eles o da compra da vacina indiana Covaxin.

Bolsas asiáticas fecham em alta

Os mercados acionários da Ásia registraram ganhos nesta segunda-feira. Investidores monitoraram resultados da temporada de balanços, enquanto uma queda em leitura sobre a indústria da China não prejudicou o apetite por risco.

Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei terminou em alta de 1,82%, em 27.781,22 pontos. O resultado foi puxado por ações de empresas que publicaram balanços bem avaliados pelo mercado, mesmo em meio a preocupações com o reforço de medidas de controle contra a covid-19 no Japão.

Misumi Group subiu 8,8%, após elevar previsões para o ano fiscal, e Toto ganhou 6,0%, após seu lucro líquido superar a previsão dos analistas.

Na China, a Bolsa de Xangai fechou com ganho de 1,97%, aos 3.464,29 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, subiu 2,15%, aos 2.436,92 pontos. As ações chinesas se recuperaram de uma queda na semana anterior, com montadoras e companhias de bebidas compensando as perdas de siderúrgicas nesta segunda-feira.

Kweichow Moutai ganhou 4,5%, após balanço, enquanto Wuliangye Yibin avançou 6,2% e Luzhou Lao Jiao, 5,7%. BYD Co. teve alta de 10% e fechamento em nível recorde.

Já as siderúrgicas caíram, com a intenção de Pequim de reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa. Baoshan Iron & Steel perdeu 7,8%.

Na agenda de indicadores, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria da China, medido pela Caixin Media e pela IHS Markit, caiu de 51,3 e junho a 50,3 em julho, na mínima em 16 meses, mas ainda acima da marca de 50, o que indica expansão nessa pesquisa.

Na Bolsa de Seul, o índice Kospi fechou em alta de 0,65%, em 3.223,04 pontos. Ações de tecnologia, montadoras e varejistas puxaram os ganhos na Coreia do Sul, após uma leitura positiva das exportações do país. Samsung Electronics subiu 1,0%.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng subiu 1,1%, aos 26.235,80 pontos. Em Taiwan, o índice Taiex registrou alta de 1,49%, aos 17.503,28 pontos.

Na Oceania, a Bolsa da Austrália também encerrou com ganhos. O índice acionário S&P/ASX 200 avançou 1,34% em Sydney, aos 7.491,40 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado

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Julia ZilligA Mais Retorno é um portal completo sobre o mercado financeiro, com notícias diárias sobre tudo o que acontece na economia, nos investimentos e no mundo. Além de produzir colunas semanais, termos sobre o mercado e disponibilizar uma ferramenta exclusiva sobre os fundos de investimentos, com mais de 35 mil opções é possível realizar analises detalhadas através de índices, indicadores, rentabilidade histórica, composição do fundo, quantidade de cotistas e muito mais!