Mercado ao vivo: Bolsa sobe 1,8% com Vale e balanços; dólar recua
Investidores digerem novos dados econômicos e mantêm PEC dos Precatórios na pauta de monitoramento
Após fechar em alta de 0,52% na véspera, a Bolsa segue no terreno positivo nesta quinta-feira, 11, puxada pela valorização dos papéis da Vale, que reportam forte alta de mais de 4% com a elevação do preço do minério de ferro no mercado internacional.
Além disso, está sendo movimentada pela divulgação de balanços trimestrais das empresas, cujos números têm impactado nas ações. Os investidores também digerem os novos dados de performance do varejo e mantêm a PEC dos Precatórios na pauta de monitoramento. Às 17h30, o Ibovespa valorizava 1,59%, retomando o patamar dos 107 mil pontos - 107.657. Já o dólar à vista recuava 1,84%, cotado a R$ 5,40.
A moeda americana acompanha a desvalorização no exterior ante algumas divisas emergentes pares do real, como o peso mexicano, peso chinelo, rublo e rand sul africano. Os investidores ajustam posições de olho no cenário varejista.
Após a divulgação do IPCA salgado de outubro – alta de 1,25% - no dia anterior, o IBGE divulgou hoje os resultados das vendas do comércio varejista em setembro, que apresentaram queda de 1,3% ante agosto, na série com ajuste sazonal. O recuo foi mais acentuado do que o esperado pelos analistas do BTG, que previam uma mediana negativa de 0,8%. O resultado negativo não se tornou um freio na alta da Bolsa.
Na comparação com setembro de 2020, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram baixa de 5,5% em setembro de 2021. Nesse confronto, as projeções iam de uma queda de 6,4% a 1,5%, com mediana negativa de 4,0%. As vendas do varejo restrito acumularam crescimento de 3,8% no ano e alta de 3,9% em 12 meses.
De acordo com a especialista em ações da Clear Corretora, Pietra Guerra, a alta de juros e o aumento da inflação estão limitando o poder de compra do consumidor. “Afinal, o acesso ao crédito fica mais caro por conta dos juros e o preço dos produtos tem crescido em uma escala preocupante”.
Inflação em alta, juros em alta e ritmo de atividade em marcha lenta formam um cenário que parece ter sido absorvido, pelo menos por ora, por investidores e gestores do mercado.
Juros futuros
Os juros futuros recuam nesta quinta-feira, com os curtos influenciados pela queda maior do que se esperava das vendas no varejo em setembro. A ponta mais longa tem influência do dólar em queda e juros dos Treasuries longos também mais fracos.
Sobe e desce na Bolsa: balanços corporativos
Nesta quinta-feira, os contratos futuros do minério de ferro voltaram a subir, após vários dias em baixa. Com isso, além da Vale, as siderúrgicas vivem um dia de alta em seus papéis. Às 14h16, CSN, Usiminas e Gerdau disparavam 7,32%, 7,66% e 6,63%, respectivamente.
A Petrobras, empresa que tem um peso de quase 10% na cesta de ativos do Ibovespa, também reportava alta de 0,26% no mesmo período.
Após operar em alta, os grandes bancos seguem sem direção única no pregão durante à tarde. No mesmo horário, as ações do Itaú caíam 0,65%, enquanto que o Bradesco e Santander subiam 0,44% e 0,76%.
Com a temporada de balanços correndo em velocidade acentuada, algumas empresas colhem boas notícias no pregão, com os resultados impactando diretamente em suas ações. Entre elas, JBS, BRF, Aliansce, Locaweb, Smartfit, Caixa Seguridade e Azul. Às 14h18, os papéis dessas companhias subiam 3,06%, 0,13%, 6,05%, 1,10%, 5,2%, 2,86% e 10,93%, respectivamente.
Para hoje ainda estão previstas a comunicação de resultados do terceiro trimestre de empresas como Magazine Luiza, Raízen, Ambipar, Lojas Renner, B3, Natura, Rumo, entre outras.
A Via, dona da Casas Bahia e do Ponto, publicou fato relevante no qual anuncia uma elevação de sua provisão para demandas trabalhistas em R$ 1,2 bilhão. Houve aumento de 82% no volume de reclamações trabalhistas no primeiro semestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado. Com isso, as ações da varejista despencavam 10,50%, às 14h27.
Dança das cadeiras no BC
Mudanças à vista na cúpula do Banco Central. Mais cedo, a autoridade monetária informou, por meio de nota, a saída do diretor de Política Econômica Fabio Kanczuk, no fim de seu mandato, em 31 de dezembro deste ano.
Pela lei de autonomia do BC, o período poderia ser renovado por mais um ciclo. Para substituir Kanczuk, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, indicou o economista Diogo Abry Guillen, economista-chefe da Itaú Asset Management e professor vinculado ao Insper. Para a conclusão do processo, Guillen terá de ser sabatinado no Senado.
PEC dos Precatórios: nas mãos do Senado
No cenário fiscal, com a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Precatórios em segundo turno concluída na Câmara – algo já esperado pelo mercado – a expectativa dos investidores se volta para sua votação no Senado.
Segundo analistas, a proposta que parcela o pagamento de precatórios para abrir espaço para o governo bancar o programa social Auxílio Brasil pode enfrentar resistências.
Porém, apesar disso, o relator do texto na Casa, Fernando Bezerra, prevê que o relatório seja apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça ainda neste mês e votado pelo plenário até o dia 2 de dezembro.
O ministro da Cidadania João Roma, mostrou-se confiante no desfecho positivo da PEC no Senado. Além disso, ele diz esperar que os senadores mantenham o texto atual.
Roma insistiu que a PEC deve ser aprovada o mais rápido possível. "Se essa tramitação se estender até o próximo mês, irá inviabilizar que o benefício de R$ 400 chegue aos brasileiros em dezembro. Para funcionar, precisamos finalizar as tratativas até novembro, que não é apenas a aprovação da PEC, tem todo um bastidor para viabilizar", explicou o ministro. "Cabe ao Senado Federal ter sensibilidade e somar esforços."
Lá fora
No ambiente internacional, o clima é menos ameno, com as bolsas operando mistas em Nova York, tendo a repercussão do avanço da inflação ainda espalhando um pouco de pessimismo no mercado financeiro. Outro fato que ajuda a reduzir a liquidez é a o feriado do Dia dos Veteranos, que mantém o mercado de Treasuries fechado.
O argumento de que as pressões de preços são temporárias devido a distorções relacionadas à pandemia está sob pressão, baseado nos dados da inflação ao consumidor divulgados na véspera (CPI, na sigla em inglês), que apontou crescimento de 0,9% em outubro, ritmo mais acentuado em três décadas.
De acordo com Filipe Teixeira, sócio da Wisir Research, os investidores estão contemplando a perspectiva do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) aumentar as taxas de juros assim que concluir a redução gradual das compras de títulos até meados do próximo ano.
Por outro lado, segundo o presidente Joe Biden, o pacote bipartidário de infraestrutura de cerca de US$ 1 trilhão, aprovado no Congresso, irá reduzir os preços para consumidores e negócios e levar as pessoas de volta ao mercado de trabalho. A Casa Branca informou que o presidente deve assinar a lei na próxima segunda-feira, 15.
"Pandemias e casos extremos de clima irão nos atingir. Precisamos estar prontos", disse o líder. Até o momento, neste ano, foram cerca de US$ 99 bilhões perdidos por conta de tempestades, informou Biden.
Enquanto isso, o membro do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), Robert Holzmann, disse que a autoridade monetária poderá interromper a compra de títulos já em dezembro próximo se a inflação parecer ter retornado de forma sustentável à meta oficial.
A inflação na zona do euro – moderada nos anos que se seguiram à crise financeira global - segundo Teixeira, está duas vezes acima da meta oficial de médio prazo.
No continente asiático, os mercados acionários fecharam o pregão desta quinta-feira sem direção única. Incorporadoras da China estiveram em foco e subiram, com investidores especulando sobre a possibilidade de que possa haver apoio de Pequim ao setor, enquanto em Tóquio o setor financeiro avançou.
Na China, a Bolsa de Xangai fechou em alta de 1,15%, em 3.532,79 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, subiu 1,14%, aos 2.571,87 pontos.
Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei subiu 0,59%, aos 29.277,86 pontos. O setor financeiro se destacou, diante da perspectiva de juros mais altos após a inflação acima do esperado nos Estados Unidos.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng registrou ganho de 1,01%, aos 25.247,99 pontos. A sessão local foi volátil, com o índice se recuperando de uma queda que chegou a ocorrer em parte do dia. Em Taiwan, o índice Taiex foi na contramão e recuou 0,61%, aos 17.452,52 pontos.
Na Coreia do Sul, o índice Kospi terminou em baixa de 0,18% em Seul, aos 2.924,92 pontos. Temores com a inflação pesaram no mercado local. Entre os setores, eletrônicos, companhias aéreas e montadoras lideraram as quedas.
Na Oceania, na Bolsa de Sydney o índice S&P/ASX 200 teve queda de 0,57%, para 7.381,90 pontos. Trata-se da quarta queda consecutiva, após o desemprego na Austrália subir mais que o previsto, a 5,2% em outubro. / com Tom Morooka e Agência Estado