Mercado Financeiro

Bolsa fecha aos 125 mil pontos com política, Vale e Petrobras; dólar sobe acima dos R$ 5

Temor sobre o avanço da inflação, do aumento da Selic e do avanço da nova variante do coronavírus domina o mercado

Data de publicação:01/07/2021 às 10:51 - Atualizado 2 anos atrás
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A Bolsa sentiu o peso da tensão no cenário político, preocupações com a disparada da inflação e alta dos juros, fechando em queda de 1,04%, aos 125.477,99. Nem mesmo o clima mais favorável das bolsas internacionais conseguiram animar os investidores da B3. E dessa vez, Vale e Petrobras também não deram suporte exibindo quedas nas negociações.

As ações da petroleira fecharam com perdas de 1,39% e os papéis da mineradora, em baixa de 1,83%. Ambas têm participação significativa na carteira teórica da B3.

Sede da B3 em São Paulo - Foto: B3/Divulgação

No cenário político, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, afirmou na véspera que não vai acatar o "superpedido" de impeachment de Jair Bolsonaro protocolado pela oposição.

O pedido reúne os autores dos mais de 100 pedidos já protocolados desde o início do mandato, com 23 tipos de acusações de crimes penais que teriam sido cometidos pelo presidente. 

Juntam-se a isso os desdobramentos dos trabalhos da CPI da Covid no Senado, que passaram a ser acompanhados mais de perto pelos investidores, principalmente após a denúncia sobre o caso de oferecimento de propina pelo Ministério da Saúde para a compra de vacinas.

Sob o ponto de vista fiscal, a apreensão dos investidores está voltada para a possível escalada da inflação, com o reajuste de 52% aplicado, a partir de hoje, na bandeira vermelha nível 2, o que resulta em uma conta de luz bem mais salgada para o consumidor.

A analista da Clear, Pietra Guerra, afirma que, pelo impacto que tem na inflação, o aumento na conta de luz pode exercer uma pressão forte sobre o IPCA e acelerar a elevação das taxas de juro.

Sobe e desce da B3

Nesta quinta-feira, a BR Distribuidora registra forte alta em seus papéis, após a notícia sobre a venda da participação da Petrobras na empresa por meio de follow on. No fechamento, a distribuidora apresentava ganhos de 7,20%.

Na contramão, seguindo o viés baixista da Vale, as siderúrgicas CSN e Gerdau também reportaram perdas em suas ações. No encerramento do pregão, os papéis das empresas registraram baixa de 1,83%, 1,18% e 2,23%, respectivamente. Já a Usiminas fechou com pequena alta de 0,58%.

Dólar em alta

O mercado de câmbio operou com vigor nesta quinta-feira. No fechamento, a moeda americana exibiu alta de 1,45%, comercializada a R$ 5,045.

O sócio-gestor da Trópico SF2 Investimentos, Sérgio Machado, afirma que a retomada do patamar de R$ 5,00 responde à cautela política e ainda mal-estar com a reforma do Imposto de Renda, porque não se sabe o que vai ficar no texto final.

Somam-se a isso, de acordo com Machado, as preocupações com a inflação alta em meio à crise hídrica e previsões de aumentos da bandeira tarifária vermelha 2 nos próximos meses.

Para Machado, o mercado também parece estar de "ressaca" com o bom humor sobre Brasil em junho, quando o dólar acumulou queda de mais de 4% ante o real. O gestor observa que o real e o rand sul africano hoje tem o pior desempenho ante seus pares emergentes.

NY: bolsas mistas

No cenário externo, os contratos negociados nas bolsas de Nova York operam sem direção única com os investidores repercutindo os dados divulgados nesta manhã sobre o volume de pedidos de auxílio desemprego, do índice de gerentes de compras (PMI, em inglês) e na espera da divulgação do payroll, que acontece na próxima sexta-feira, 2.

No fim dos negócios, o índice S&P 500 apontava avanço de 0,52%, enquanto o Dow Jones registrava valorização de 0,13%, e o Nasdaq 100 com alta de 0,38%.

O número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos caiu 51 mil na semana encerrada em 26 de junho, totalizando 364 mil, atingindo nova mínima desde o início da pandemia de covid-19, segundo dados com ajustes sazonais publicados pelo Departamento do Trabalho americano.

 O resultado veio abaixo da expectativa de analistas, que previam queda a 390 mil. O total da semana anterior foi ligeiramente revisado para cima, de 411 mil para 415 mil solicitações.

Já o número de pedidos continuados teve alta de 56 mil na semana encerrada em 19 de junho, a 3,469 milhões. Esse indicador é divulgado com uma semana de atraso.

O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos em junho ficou estável em relação ao resultado do mês anterior, marcando 62,1 pontos, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pela IHS Markit.

O resultado manteve o indicador em seu maior patamar de toda a série histórica, iniciada em maio de 2007, mas contrariou a expectativa de alta a 62,6 de analistas.

Economista chefe para negócios do IHS Markit, Chris Williamson afirmou que o PMI industrial americano de junho registrou um forte nível da produção, com destaque para as novas encomendas. O avanço, no entanto, segue contido por gargalos na oferta de matérias-primas e mão de obra, disse ele em comunicado.

CPI da Covid: propina

Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado seguem com novidades a cada dia e com os investidores acompanhando cada passo da investigação.

Nesta quinta-feira, o colegiado colhe o depoimento de Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, que afirmou ter ouvido do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, um pedido de propina no valor de US$ 1 por dose da vacina negociada pela empresa com a pasta.

A Davati procurou o Ministério da Saúde com a proposta de negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca contra a covid-19.

A cobrança de propina para fechar contrato com a pasta teria acontecido no dia 25 de fevereiro, em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, na capital federal.

A CPI ouviria nesta quinta o empresário Francisco Emerson Maximiniano, sócio-administrador da empresa Precisa Medicamentos, mas o depoimento foi adiado e ainda não tem nova data para ocorrer.

Bolsas asiáticas fecham em baixa

As bolsas asiáticas fecharam em baixa generalizada nesta quinta-feira, na esteira de dados fracos da atividade manufatureira chinesa e em meio a temores com a disseminação da variante delta do coronavírus pelo mundo.

O índice acionário japonês Nikkei caiu 0,29% em Tóquio hoje, aos 28.707,04 pontos, enquanto o Hang Seng recuou 0,57% em Hong Kong, aos 28.827,95 pontos, o sul-coreano Kospi cedeu 0,44% em Seul, aos 3.282,06 pontos, e o Taiex registrou perda de 0,23% em Taiwan, aos 17.713,94 pontos.

Na China continental, o Xangai Composto teve baixa apenas marginal, de 0,07%, aos 3.588,78 pontos, enquanto o menos abrangente Shenzhen Composto se desvalorizou 0,97%, aos 2.442,26 pontos.

Pesquisa da IHS Markit/Caixin Media mostrou que o índice de gerentes de compras (PMI) industrial chinês diminuiu de 52 em maio para 51,3 em junho, atingindo o menor patamar em três meses.

Dados oficiais, publicados um dia antes, mostraram a mesma tendência de queda do PMI manufatureiro da China no período, de 51 para 50,9. Os números não muito distantes de 50 mostram que o setor industrial chinês está se expandindo em ritmo modesto.

Investidores também seguem atentos aos desdobramentos da variante delta do coronavírus, que se espalha rapidamente pela Ásia, Europa e África, ameaçando planos de reabertura econômica.

Na Oceania, a bolsa australiana também ficou no vermelho, pressionada por novos surtos de covid-19 no país. O S&P/ASX 200 caiu 0,65% em Sydney, aos 7.265,60 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado

Sobre o autor
Julia ZilligA Mais Retorno é um portal completo sobre o mercado financeiro, com notícias diárias sobre tudo o que acontece na economia, nos investimentos e no mundo. Além de produzir colunas semanais, termos sobre o mercado e disponibilizar uma ferramenta exclusiva sobre os fundos de investimentos, com mais de 35 mil opções é possível realizar analises detalhadas através de índices, indicadores, rentabilidade histórica, composição do fundo, quantidade de cotistas e muito mais!
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