Magazine Luiza compra 21 empresas em 18 meses; conheça a estratégia para ser um super app
De alimentação ao segmento de moda: o Magazine Luiza está investindo em se tornar o melhor superapp do Brasil e o mercado tem gostado disso
Desde o início de 2020, o Magazine Luiza já comprou mais de uma empresa por mês: foram 21 aquisições de startups de diferentes segmentos de fevereiro do ano passado até julho deste ano. A última incorporada foi a KaBuM, nesta quinta-feira, 15, um site focado nas categorias de informática, games e tecnologia. O valor do negócio foi anunciado em R$ 3,5 bilhões.
O mercado recebeu muito bem a operação e a gigante do varejo chegou a subir mais de 6% durante o pregão. No fechamento do dia, elas apresentaram uma valorização de 3,45%, negociadas a R$ 23,72.
Os especialistas do mercado consideram que a aquisição da KaBuM foi inteligente e favorável para o Magalu, que iniciou o movimento de integrar o mundo geek ao seu aplicativo com a compra do CanalTech, em agosto de 2020, e do site Jovem Nerd, em abril de 2021.
De acordo com Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos, o mercado de games global negociou algo em torno de US$ 170 bilhões até 2020, e a perspectiva é de um crescimento de mais de US$ 300 bilhões nos próximos 5 anos.
Em fato relevante, a companhia afirmou que “com a aquisição, o Magalu reforça o pilar estratégico de novas categorias, com um sortimento extremamente complementar ao atual e com enorme potencial de crescimento”.
O documento destacou ainda a sinergia que as duas empresas terão com a conclusão do negócio. Enquanto os produtos da KaBuM, que tem uma base de mais de 2 milhões de cliente, serão oferecidos no super app do Magalu, os produtos da varejista também farão parte do portfólio do site voltado ao público jovem e geek.
Super app do Magazine Luiza: a digitalização do varejo
O Magalu, que começou como uma pequena loja de presentes em 1957 e ficou conhecida no país inteiro como uma rede de móveis e eletrodomésticos, se tornou uma das principais empresas brasileiras de varejo digital. Com a aquisição de 21 startups dos mais variados segmentos e, em sua maioria, nativas digitais, a companhia avança na direção de ser o maior - e melhor - super app no Brasil.
As compras foram do setor de moda e beleza ao delivery de comida. O objetivo da empresa é que o consumidor possa encontrar tudo o que precisa dentro do aplicativo, entrando por uma porta e encontrando outras pelo caminho. Além disso, a aquisição de empresas como a Hub Fintech, plataforma de serviços para contas bancárias digitais e cartão pré-pago, e a GFL, especializada em logística, por exemplo, garante uma entrega final mais eficiente.
No entanto, o Magazine Luiza não foi atrás apenas de oferecer um leque amplo de produtos no seu app, mas também oferecer serviços. Hugo Queiroz, diretor do TC Matrix, explica que "o plano de estratégia do Magazine Luiza é virar um super app, com diversas categorias e ser especialista nessas categorias e não só comercializar, mas ter serviço também".
Voltando ao universo geek, temos um exemplo. A varejista adquiriu o site Jovem Nerd, referência em produção de conteúdo sobre o assunto, e, ao mesmo tempo em que pode oferecer os produtos voltados ao público gamer pela KaBuM, também tem conteúdos disponíveis para esse perfil de consumidor.
Há outras possibilidades: alguém que está navegando por algum dos portais controlados pela Magalu, fica sujeito a se deparar com a publicidade dos produtos da rede e seus parceiros.
Dentre as 21 compras feitas pelo Magazine Luiza entre 2020 e 2021, além da KaBuM- a mais cara até aqui - e o site Jovem Nerd, vale destacar outras 5 empresas.
Principais aquisições
A grande maioria dessas aquisições não teve seu valor divulgado pelo Magalu.
- Hub Fintech
A aquisição da Hub Fintech, startup voltada para serviços financeiros em contas bancárias digitais e cartão pré-pago, inaugurou o Magalu no mercado das fintechs. O valor da compra foi de R$ 290 milhões.
O CEO da empresa, Frederico Trajano, afirmou à época da aquisição que o negócio "adianta em vários anos a jornada de desenvolvimento da nossa plataforma de pagamentos, tanto para pessoas jurídicas quanto para pessoas físicas".
- Bit55
Complementando a estratégia da companhia de atuar no mercado de fintech, a Bit55, empresa de cartões de débito e crédito, foi adquirida por R$ 100 milhões em junho de 2021.
Em comunicado emitido pela varejista para anunciar o negócio, o Magazine Luiza disse que com a aquisição, a Bit55 complementa os serviços oferecidos pela Hub Fintech, que poderá oferecer aos seus clientes a emissão de cartões de crédito e débito, além dos atuais cartões pré-pago e contas digitais.
"A Bit55 passa a fazer parte das iniciativas de fintech do Magalu e é mais um importante passo na estratégia do Magalu de digitalização do Brasil", finaliza.
- AiQFome
O aplicativo de delivery de comida também inaugurou um movimento dentro do Magalu. Com o objetivo de ser uma plataforma que oferece tudo ao consumidor, ter um braço voltado para a alimentação era um ponto chave no negócio da empresa.
De acordo com uma nota emitida na época pelo CFO da rede, Roberto Bellissimo, a aquisição foi "mais um movimento cirúrgico do Magalu para desenvolver seu ecossistema de negócios e fortalecer seu superapp". E complementa: "Com a aquisição trazemos para dentro da empresa competências que ainda não possuímos."
- Stoq
A Stoq, empresa de tecnologia, desenvolve sistemas de pontos de venda (PDV) com o modelo Saas (Software as a Service). Dessa forma, o Magazine Luiza incorporou uma empresa que ajudou a implementar o modelo de venda dentro do app.
Em nota, Bellissimo apontou que "a tecnologia da Stoq amplia o alcance do Parceiro Magalu para varejistas especializados em categorias como bares e restaurantes, moda, supermercado e saúde e beleza".
- SmartHint
Em consonância com a compra da Stoq, o Magalu adquiriu a SmartHint em abril de 2021. Essa é uma plataforma de busca inteligente e recomendação de compras para e-commerce.
A empresa explicou que a aquisição foi para integrar o pilar estratégico do "Magalu as a Service (Maas)", na tradução livre, o Magalu como um serviço. Assim, a companhia passa a oferecer tecnologia de busca e recomendação para os milhares de vendedores conectados ao superapp.
O CFO da empresa escreveu em comunicado que a aquisição representa mais um importante passo na estratégia de digitalização do varejo brasileiro.