Economia

Inflação acelerada distorce análise sobre a economia global, diz Kinea, gestora do Itaú

O crescimento econômico é uma ilusão criada pela pressão inflacionária

Data de publicação:13/06/2022 às 09:07 - Atualizado 2 anos atrás
Compartilhe:

Em carta aos clientes, a equipe de análise da Kinea, gestora do Itaú, identifica um cenário mais claro de desaceleração da economia global, avaliado a partir de dados reais, expurgados os efeitos da inflação elevada. Diferente do transmitido pelos dados nominais que apontam até atividade em alta.

Para a equipe de analistas da gestora, o recente surto inflacionário mundial tem criado uma espécie de miragem. Ou algo como uma espécie de ilusão de crescimento econômico e de lucro de empresas onde não há.

Foto: Reprodução

Muitos dos números econômicos apresentados, cita a carta, são medidos de forma nominal, e não em formato real, distorcendo a análise em períodos de aceleração inflacionária.

Exterior: impactos da China

Nesse ambiente de desaceleração mundial, de acordo com a gestora, a China tem o potencial de causar grande variação no nível de atividade para o segundo semestre, em consequência do forte impacto econômico causado pela recente onda de covid no país.

A política de covid zero tem impactado de tal forma a economia chinesa que, na visão dos analistas, torna nulos os efeitos de medidas de afrouxamento monetário/fiscal.

Estratégias da Kinea

Diante desse cenário, a gestora diz ter optado pela manutenção de uma estratégia mais defensiva. O portfólio mantém posição comprada no dólar, vendida em bolsa global e aplicada em juros, sobretudo na Europa.

Estão mantidas também as posições compradas em commodities como energia, metais e grãos. Mercados com limitação de oferta, principalmente as metálicas, diz a carta.

Perspectivas para o Brasil

Para o Brasil, a Kinea prevê surpresas positivas na atividade no curto prazo, mas risco de desaceleração no segundo semestre. Está no radar da gestora uma economia ainda resiliente no segundo trimestre, em continuidade à boa dinâmica do primeiro. O impulso viria da antecipação do FGTS e do 13º salário a aposentados e pensionistas do INSS.

A gestora, de todo modo, espera um cenário menos favorável para o segundo semestre. Um dos motivos é que os vetores que contribuíram para reforçar a renda na primeira metade do ano deixarão de atuar.

Uma expectativa agravada ainda pela persistente inflação, que vai corroer os ganhos reais, e pelos efeitos contracionistas mais severos da política monetária, com elevados juros reais, comandada pelo Banco Central.

A queda de atividade, em contrapartida, pode gerar efeitos positivos na inflação. A gestora espera também melhor comportamento dos preços das commodities em moeda local, considerado desde o ano passado a principal locomotiva do processo inflacionário.

A carta destaca que a gestora mantém uma visão construtiva em relação ao Brasil, na comparação com os principais países desenvolvidos. Ainda que o País deva ter a economia impactada pela desaceleração global e política monetária mais dura, a gestora continua comprada em bolsa brasileira e aplicada na inflação de médio prazo.

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.