IPCA de abril ficou em 1,06 %: É hora da verdade sobre o desempenho dos investimentos no mês
Só ouro e dólar superaram a inflação, renda fixa e bolsa não tiveram força para proteger o investidor
Apenas a dupla verde-amarela, dólar e ouro, conseguiu superar a inflação oficial do mês de 1,06 %, medida pelo IPCA e divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE. Com ela é possível conferir o desempenho dos investimentos no mês a partir de dados concretos e não mais de projeções.
Nem todas as aplicações em renda fixa tiveram musculatura para proteger o dinheiro do investidor, com destaque para os títulos vinculados ao IPCA. Há também os fundos de renda fixa campeões. que superaram com larga vantagem as perdas para a inflação, confira aqui. Bolsa e bitcoin ficaram nas posições de lanterna.
Investimento | Rend. abril | Rend. 2022 |
---|---|---|
Dólar | 3,85% | -11,34% |
Ouro | 2,40% | -9,39% |
Títulos/IPCA | de 1,28% 1,38% | 6,08% |
Fundos imobiliários | 1,19% | 0,29% |
Fundos de renda fixa | de 0,76% a 0,86% | 3,43% |
Fundos DI | de 0,76% a 0,86% | 3,44% |
CDBs | de 0,73% a 0,83% | 3,25% |
Poupança | 0,56% | 2,23% |
Euro | -1,00% | -17,44% |
Bolsa | -10,10% | -2,91% |
Bitcoin | -14,48% | -18,53% |
A tabela acima foi elaborada a partir de dados calculados pelo administrador de investimentos Fabio Colombo. Os dados sobre o bitcoin são do Investing.com.
O retorno de cada investimento
Em meio a um cenário de renovado pessimismo, a Bolsa de Valores de São Paulo não saiu bem na foto e encerrou abril com uma desvalorização de 10,10%. Foi a pior queda mensal desde março de 2020, quando a covid-19 chegou ao País.
O dólar, que vinha de seguidas baixas, reagiu em abril, com valorização de 3,85%. Alta que não foi suficiente para neutralizar a perda acumulada de 11,34% no ano.
A Bolsa de Valores atravessou um mês que teve como cenário a atuação combinada de fatores adversos, tanto locais, como internacionais. Especialistas apontam pelo menos três como principais.
A inflação em persistente alta fortalece a perspectiva de uma política monetária mais dura, com taxas de juros mais elevadas, que a prevista, sem que, por enquanto, a inflação dê sinais de trégua. Todos os últimos indicadores domésticos apontam que os preços permanecem em alta.
A elevação dos juros vem permitindo à renda fixa rendimentos mais encorpados, ainda que nem sempre suficientes para cobrir a inflação.
A aceleração inflacionária não é um fenômeno restrito à economia brasileira. É uma preocupação global e põe pressão sobre os bancos centrais para uma política de aperto monetário.
A continuidade da guerra na Ucrânia acirra a espiral de alta de preços, puxada principalmente pelas commodities.
Os efeitos da alta da commodities
O movimento de alta das commodities, que beneficiou companhias exportadoras de minério de ferro e petróleo no primeiro trimestre, como Vale e Petrobrás, não foi uniforme em abril.
Incertezas com a economia chinesa, às voltas com o fantasma da covid-19, impactaram companhias mineradoras e siderúrgicas.
Inflação em alta é um fenômeno que incomoda sobretudo os Estados Unidos e joga luz sobre um ajuste mais duro nos juros americanos - um tema que interessa aos mercados globais.
Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, banco central americano) tem insistido cada vez mais agressivamente nessa direção.
O Fed define na reunião da próxima quarta-feira, 4 de maio, a nova alta dos juros. Em vez de uma elevação de 0,25, como se estimava anteriormente, analistas dão como favas contadas um ajuste de 0,50 ponto.
Uma perspectiva que deixa investidores e analistas em prontidão, pelo possível impacto sobre a maior economia do mundo e, por tabela, para a dos demais países.
Sem falar dos desdobramentos nos fluxos financeiros, à medida que juros mais altos tendem a atrair mais capitais aos EUA, com efeitos negativos sobre as bolsas de valores, principalmente.
A participação de capital estrangeiro na compra de ações, que vinha dando suporte à B3 até março, perdeu força em abril.
De compradores, os investidores passaram a vendedores, uma mudança que refletiria, segundo analistas, uma posição de maior aversão ao risco.
China e Fed
A volta do fantasma da covid-19 na China, seguida de adoção de políticas de bloqueio de isolamento de algumas cidades chinesas, retoma, para especialistas, as preocupações com os impactos da pandemia sobre a economia global.
E pode continuar impactando principalmente as ações de Vale, que tem na China o principal mercado para a venda de minério, além de outras siderúrgicas.
Ademais, para os analistas, a perspectiva para os mercados em maio continua dependendo dos fatores que deram o tom em abril: da evolução da covid-19 na China, dos desdobramentos da guerra na Europa, da resposta dos bancos centrais ao avanço da inflação.
O fator mais determinante, para especialistas, é a posição do Fed sobre os juros. Não apenas a decisão da próxima quarta-feira, 4, mas as indicações sobre os próximos passos da política monetária nos EUA.
Essa perspectiva de elevação dos juros americanos vem afetando também o comportamento do bitcoin que caiu quase US$ 9 mil no mês e atingiu a menor cotação do ano, em torno de US$ 37.900,00.
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