Inflação sobe 0,95% em novembro e acumula alta de 10,74% em 12 meses, aponta IBGE
Grupos como transporte e habitação ajudaram a puxar a alta do indicador no período
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,95% em novembro, 0,30 ponto porcentual abaixo da taxa de 1,25% de outubro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados nesta sexta-feira, 10. O indicador acumula alta de 9,26% em 2021 e, nos últimos 12 meses, de 10,74%.
O dado veio abaixo das expectativas dos analistas, que apostavam em uma variação positiva entre 1,06% e 1,15%. Porém, o resultado de novembro registrou a maior variação para o mês desde 2015, quando atingiu 1,01%. A variação acumulada em 12 meses, segundo o IBGE, é a maior desde 2003 – 11,02% - para o mesmo período.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a variação mensal foi de 0,89%, contra 0,95% deste mês de novembro.
Período | Taxa |
Novembro de 2021 | 0,95% |
Outubro de 2021 | 1,25% |
Novembro de 2020 | 0,89% |
Acumulado do ano (2021) | 9,26% |
Últimos 12 meses | 10,74% |
Alta em sete dos nove grupos pesquisados
Segundo o instituto, sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apontaram avanço em novembro. O grupo de Transportes registrou a maior variação (0,35%) e impacto (0,72%). Individualmente, sua contribuição correspondeu a 76% do índice do mês.
O segundo maior impacto (0,17%) veio de Habitação. Na sequência, o grupo de Despesas Pessoais contribuiu com 0,06%. Na variação negativa, os destaques foram as atividades Saúde e Cuidados Pessoais (-0,07%) e Alimentação e bebidas (-0,04%).
Contribuições
O grupo de Transportes, de acordo com o IBGE, foi influenciado principalmente pela alta nos preços da gasolina (7,38%), que contribuiu com o maior impacto individual no índice do mês – 0,46 ponto porcentual. Com o resultado de novembro, a variação acumulada do combustível nos últimos 12 meses foi de 50,78%.
Em Habitação, a maior contribuição (0,06%) veio mais uma vez da energia elétrica (1,24%). Desde setembro permanece em vigor a bandeira escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.
A queda da contribuição do grupo Saúde e cuidados pessoais foi puxada pela redução dos preços dos itens de higiene pessoal (-3,00%). E em alimentação e bebidas, a variação negativa foi reflexo da queda nos preços da alimentação fora do domicílio (-0,25%).
Alta em todas as regiões
À exceção da região metropolitana de Belém (-0,03%), todas as áreas pesquisadas tiveram alta nos preços em novembro, segundo o IBGE. A maior alta ficou com o município de Campo Grande (1,47%), onde pesaram a gasolina (8,89%) e os automóveis novos (4,46%).
Preços ao consumidor: alta de 0,84% em novembro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 0,84% em novembro, 0,32 p.p. abaixo do resultado de outubro (1,16%). No ano, o indicador acumula alta de 9,36% e, em 12 meses, de 10,96%, abaixo dos 11,08% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2020, a taxa foi de 0,95%.
Analistas: surpresa positiva
O mercado foi surpreendido positivamente pelo resultado do IPCA de novembro, abaixo das estimativas projetadas pelos analistas.
De acordo com o economista-chefe da Necton, André Perfeito, a conjunção de dados melhores na margem da inflação e de melhora nas expectativas do indicador no boletim Focus, do Banco Central, podem começar a reverter o mau humor com os ativos brasileiros.
“O IPCA de hoje é exemplo disso - se bem que se esperava isso para os dados de dezembro ou janeiro. O resultado veio bem abaixo das expectativas. O mercado esperava 1,06%, mas veio 0,95%”, avalia Perfeito.
Para o economista, surpresas positivas devem vir nos próximos meses, “com o mercado errando para pior, uma vez que há nos modelos da maioria dos economistas componentes inerciais relevantes que ainda irão jogar as projeções para cima”.
“No IPCA de hoje, nos chama a atenção a deflação de alimentos, que saiu de 1,25% em outubro para -0,04% em novembro”, aponta.
Perfeito ressalta ainda que esse movimento irá ficar cada vez mais evidente nas próximas semanas e há a expectativa de dados melhores no Focus. “Estamos entrando na fase ‘menos pior’ dos dados econômicos, na qual o valor em si ainda é ruim, mas já aponta fadiga. Isso não quer dizer que irá melhorar a economia no curto prazo, mas só de vir melhor na margem já irá abrir espaço para a correção dos juros e da Bolsa”.
Já os analistas do BTG esperam uma desaceleração do índice para o primeiro semestre de 2022, impulsionada por uma menor pressão em alimentos no domicílio, menores reajustes nos preços dos combustíveis e o possível fim da bandeira de escassez hídrica antes da data prevista – abril de 2022.
“Não descartamos a incidência de novos choques sobre os preços no curto prazo. Além disso, a depreciação do Real, decorrente da deterioração do cenário fiscal e de um ambiente global menos favorável para emergentes, deve permanecer como fator de risco da inflação”, ressalta a casa de análises.
Perfeito ressalta a manutenção de sua projeção de 11,5% ao final do ciclo da Selic, taxa básica de juros do País. “Mantemos alta de apenas 100 pontos-base em fevereiro, apesar de o Banco Central ter indicado alta de 150, uma vez que até lá este processo de melhora marginal se tornará mais evidente”.