Economia

3 formas de investir em moedas e se proteger do câmbio

O dólar, ah o dólar, inspira uma sensação de poder, além de nos lembrar do sonho da Disney de nossos filhos. Recentemente, a cotação da moeda…

Data de publicação:19/06/2023 às 09:18 - Atualizado um ano atrás
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Ah o dólar... A moeda mais famosa do mundo faz com que o brasileiro lembre sempre da Disney — e também do momento econômico que vivemos.

Se um dia já tivemos quase paridade com o principal câmbio global, hoje há uma enorme diferença de cotação. O dólar já chegou a valor, recentemente, mais de cinco reais. No dia da atualização deste artigo, por exemplo, era necessário desembolar R$4,88 para comprar um único dólar.

Uma distância que revela o momento dos dois países frente a um cenário econômico desafiador em praticamente todo planeta. E também nos lembra da importância e do quão valioso é esse câmbio.

Mas por que as moedas oscilam tanto de valor? Por que será que muita gente demanda dólar? É o que vamos abordar no texto de hoje.

Por que investir em moedas?

Basicamente, o dólar é a moeda padrão internacional. Isso remonta a conferência de Bretton Woods, e à hegemonia norte-americana, principalmente em relação a economia.

Basicamente o investimento em moedas estrangeiras serve para proteção de seu capital, além da diversificação que se obtém ao investir nelas.

Sobre o primeiro ponto, as moedas estrangeiras são excelentes formas de proteção contra inflação. Veja abaixo, por exemplo, um gráfico retirado da nossa plataforma de comparação de ativos. Note como, ao longo dos últimos cinco anos, o dólar superou o IPCA, nosso principal índice de inflação.

E por que isso é tão importante? Bom, para entender isso é preciso relembrar a diferença entre rendimento real e rendimento nominal, pois a inflação corrói nosso poder de compra.

Perder o poder de compra significa que a moeda nacional está perdendo o seu valor. É nesse sentido que entram as moedas estrangeiras. Se a nossa própria moeda está perdendo valor com a inflação, é natural pensar que uma moeda alternativa ganhará valor em relação a nossa moeda.

É comum verificar que o dólar sobe muito quando a inflação está elevada. Eu não vivi, mas quem viveu década de 80 e início de 90, com hiperinflação, deverá lembrar que o dólar subia quase todo dia.

Sobre o segundo ponto, sempre frisamos aqui que a diversificação é importante e isso serve para o dólar também. Trata-se de uma forma alternativa de investimento, que pode proporcionar ganhos em diferentes cenários.

Assim, até em relação ao primeiro ponto, o dólar é um ativo que tende a ganhar valor quando ocorre algum stress no mercado brasileiro.

Como citei no início do texto, o dólar recentemente passou por uma valorização intensa. Isso mesmo em um ambiente de inflação muito baixa como o que vivemos.

Ou seja, a alta do dólar está relacionada a algum outro fator, que não a inflação. E na verdade foi o stress em relação ao cenário de incerteza política que fez o dólar subir tanto.

Assim, diferente de outros ativos, a moeda estrangeira teve um retorno muito grande nesse período. Logo, atende os dois pontos, tanto a diversificação (ter um ativo que ganha enquanto outros perdem), quanto a segurança.

Falei muito sobre o dólar porque é a moeda estrangeira mais conhecida, mas isso vale para qualquer outra moeda, seja o Euro, Yen ou mesmo outras moedas de países emergentes - essas, por outro lado, tendem a oscilar mais e na mesma toada do real, além de influenciada por fatores locais.

A seguir vou tratar de algumas formas mais simples de se investir em moedas estrangeiras.

Moeda física

A primeira forma de se investir em moeda estrangeira é a mais simples, comprando o papel-moeda do próprio país — seja dólar, seja euro ou qualquer outra moeda.

Para isso, basta ir a qualquer corretora de câmbio e fechar o negócio.

No entanto, você provavelmente irá pagar um valor um pouco acima do dólar comercial, aquele “pedagiozinho” que pagamos quando compramos moeda para viajar.

Você pode guardar em casa esse montante.

Não é a modalidade mais aconselhável, mas funciona. Você irá ter um ativo valioso em casa.

Fundos Cambiais

Os fundos de investimentos são sempre recomendáveis na medida que a gestão do investimento é terceirizada a profissionais qualificados para cuidar do seu dinheiro.

Para o investimento em moedas isso também pode ser feito.

Fundos cambiais têm de investir no mínimo 80% de sua carteira em ativos de moeda americana ou europeia. E esses ativos podem ser de qualquer natureza, seja ações, títulos de renda fixa ou a própria moeda.

Trata-se de uma alternativa que julgo bastante adequada, mas é preciso sempre verificar quais ativos o fundo está investindo já que ele é livre para investir em qualquer ativo estrangeiro.

Veja abaixo como se comportaram três fundos cambiais em relação ao dólar nos últimos anos. Eles foram escolhidos aleatoriamente e não são recomendações de investimento. O objetivo é apenas que você perceba a dinâmica de resultados e como eles andam, de um modo geral, muito próximos ao próprio dólar.

Contratos Futuros

Os contratos futuros são derivativos. Ou seja, dependem do preço de outro ativo.

Já comentamos aqui que muitos hedges são feitos para se proteger de variações cambiais. Trata-se de uma operação natural para empresas que possuem alguma forma de seu rendimento ou custo atrelado à moeda estrangeira.

Imagine uma empresa exportadora, ou seja, com a taxa de cambio influenciando fortemente sua receita.

A empresa tem de “travar” a taxa de cambio pela qual vende seus produtos e faz isso através do mercado futuro.

Na outra ponta existe o especulador. Ou seja, o investidor que aposta em algum movimento que a taxa de cambio fará, fornecendo a “trava” para o exportador.

Portanto, investir em moedas pode ser feito dessa forma também, especulando com a oscilação delas.

Conclusão

Moedas são investimentos que nos protegem de perdas que a nossa economia possa passar como inflação ou turbulências de mercado.

Trata-se de uma forma de diversificação de investimentos, além de ser uma forma de proteção do seu patrimônio financeiro.

Existem diversas formas de investir em moeda, algumas mais arriscadas, outras menos. Lembre-se de seu perfil de investidor e propensão a tomar risco antes de tomar a decisão mais adequada para você.

Se ainda ficou com alguma dúvida ou quiser contribuir mais com o assunto, comente abaixo!

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Sobre o autor
Stéfano BozzaFormado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.