PIB cresce 1,2% no 1º trimestre de 2021 puxado pelo agronegócio
A economia brasileira está mostrando sinais de retomada de sua atividade no 1º trimestre deste ano, puxada pelo agronegócio. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,2%…
A economia brasileira está mostrando sinais de retomada de sua atividade no 1º trimestre deste ano, puxada pelo agronegócio. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,2% no período, ante os três últimos meses de 2020, superando as estimativas do mercado, que apostavam em uma expansão de 0,50% a 0,55%, e mediana de 0,9%.
Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 1.
Em relação aos meses de janeiro, fevereiro e março de 2020, o PIB registrou crescimento de 1%. Já no acumulado dos quatro trimestres, concluídos em março de 2021, o Produto Interno Bruto caiu 3,8%, frente à mesma base de comparação anterior.
Em valores correntes, o PIB do 1º trimestre de 2021 contabilizou R$ 2,048 trilhões. A taxa de investimentos foi de 19,4% do Produto Interno Bruto, acima da taxa observada no mesmo período do ano anterior (15,9%).
Setores
Frente aos três últimos meses de 2020, o resultado do PIB do 1º trimestre deste ano foi impulsionado por setores como agropecuária (5,7%), indústria (0,7%) e serviços (0,4%).
Nas atividades industriais, o avanço foi puxado pelas indústrias extrativas (3,2%), seguido por construção (2,1%), e eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos (0,9%).
Em serviços, transporte, armazenagem e correio, registrou participação de 1,7%, acompanhada por intermediação financeira e seguros (1,7%), informação e comunicação (1,4%), comércio (1,2%), atividades imobiliárias (1,0%). A única variação negativa veio da administração, saúde e educação pública (-0,6%).
Agropecuária forte
Sobre a mesma base de comparação de 2020, a participação da agropecuária no PIB cresceu 5,2%, influenciada pelo desempenho positivo de produtos como soja, fumo e arroz.
Ante os três meses do ano anterior, a indústria cresceu 3,0%. Nesse contexto, a atividade da indústria de transformação (5,6%) registrou a maior alta, reflexo da fabricação de máquinas e equipamentos; produtos de metal; produtos de minerais não-metálicos; e metalurgia.
Houve recuo nas indústrias extrativas (-1,3%), afetadas pela queda da extração de petróleo e gás, mesmo com o crescimento na extração de minérios ferrosos.
A construção (-0,9%) também apontou queda, embora menor do que nos trimestres anteriores. A ocupação na atividade caiu em relação a 2020, mas houve crescimento na produção dos seus insumos típicos.
Os serviços tiveram queda de 0,8% frente ao mesmo período de 2020. A Formação Bruta de Capital Fixo avançou 17,0% no primeiro trimestre de 2021, a maior taxa desde o segundo trimestre de 2010.
Segundo o IBGE, este crescimento é justificado pelo aumento da produção interna de máquinas e equipamentos, pelos impactos do Repetro e pelo crescimento do desenvolvimento de softwares.
A despesa de consumo das famílias caiu 1,7%. Para o instituto, esse resultado ainda pode ser explicado pelo aumento da inflação e reflexos da pandemia que afetaram negativamente o mercado de trabalho, reduzindo o número de ocupações e a massa salarial real.
No setor externo, as exportações de bens e serviços apresentaram alta de 0,8%, ao passo que as importações avançaram 7,7% no primeiro trimestre de 2021.
Visão positiva do mercado
De acordo com o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, o crescimento do PIB no 1o trimestre foi uma surpresa para o mercado, já que há cerca de um mês havia uma crença de que esse número tenderia para o viés negativo.
Porém, segundo Cruz, o Banco Central havia se antecipado em março, quando houve a discussão sobre o aumento da Selic em 0,75%, de que os brasileiros sentiriam menos o impacto da segunda onda da pandemia da covid-19. “De fato, isso se provou verdade agora nos números do período”, reforça.
Para o estrategista da RB, deve haver um ajuste das estimativas do PIB já no próximo Boletim Focus, que deve ficar entre 4% e 5% para 2021. E isso deve ter efeito cascata na reavaliação das projeções de lucros das empresas, além de ajudar os ativos de maior risco.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, acredita que, com esse resultado, a inflação também deverá ser revista, atingindo o patamar de 3,4% em 2022.