Hashdex Nasdaq: como funciona o fundo passivo de criptoativos da gestora carioca
Para exposição a esse mercado é preciso entender bem os riscos
A forte valorização do Bitcoin ao longo da década despertou a atenção e o interesse dos investidores para o mercado dos criptoativos. Não por acaso, os fundos de criptomoedas no Brasil já superaram a casa de quatro bilhões de reais em patrimônio sob gestão. Um dos mais populare no País é o Hashdex Nasdaq Crypto Index FI. É sobre ele que vamos falar no artigo de hoje.
É verdade que as quedas recentes assustaram muitos investidores, mas nunca houve suspense sobre a razão pela qual esse mercado traz resultados tão expressivos: a sua alta volatilidade. Desta forma, a desvalorização do bitcoin e outras moedas digitais também acaba por ser uma oportunidade.
O que é o Hashdex Nasdaq?
O Hashdex Nasdaq Crypto Index FI é o nome de um produto gerenciado pela Hashdex, uma das principais gestoras quando o assunto são os ativos digitais. Na prática, aliás, esse fundo é um ETF (Exchange Traded Fund) negociado com o ticker HASH11.
Caso você ainda não esteja acostumado com os termos do mercado financeiro, esse é o nome dos fundos negociados em bolsa de valores — também chamados de "fundos de índice" —, que possuem como propósito seguir um determinado indicador. No caso do HASH11, esse indicador é o Nasdaq Crypto Index (NCI).
O índice foi criado e desenvolvido por duas empresas: a própria Hashdex, gestora que é especializada nesse tipo de mercado, e pela Nasdaq, que é a segunda principal bolsa de valores dos Estados Unidos. A ferramenta visa medir o desempenho das principais criptomoedas do mercado, ponderadas pelo seu valor de capitalização.
Como investir no HASH11?
Para investir no fundo Hashdex Nasdaq, tudo que você precisa fazer é acessar o Home Broker da sua corretora, digitar o código de negociação HASH11 e comprar a quantidade de cotas desejada.
A taxa de administração é de 1,3% ao ano, que se distribui em dois produtos distintos. O que acontece é que não é possível investir diretamente em um índice — seja ele o Ibovespa, o S&P 500 ou, como é o caso do Hashdex Nasdaq, o NCI. Para esse tipo de investimento, portanto, é preciso um ETF que replique a carteira teórica do indicador.
Desta forma, o que o HASH11 faz é comprar cotas de um outro ETF global: o Hashdex Nasdaq Crypto Index ETF. Ele, por sua vez, é negociado na bolsa de valores dos Estados Unidos e replica a carteira do índice desejado (Nasdaq Crypto Index).
Resumindo essa conversa: ao investir no HASH11, você paga 0,3% para investir no NCI diretamente do Brasil, mas ainda uma taxa de 1,0% do ETF global, totalizando 1,3% ao ano. É possível também ter uma conta em corretora internacional e comprar cotas diretamente do ETF internacional da Hashdex, mas a comodidade muitas vezes é mais atrativa.
Qual é a composição do Hashdex Nasdaq?
Um dos grandes atrativos do Hashdex Nasdaq é que ele não é apenas uma réplica do Bitcoin ou da Ethereum, para citar dois dos projetos digitais mais relevantes da atualidade. A proposta do índice replicado pelo ETF é, na prática, uma exposição diversificada a outros criptoativos com bom potencial, mas dosando a relação entre risco e retorno.
Assim, com base no valor de mercado de cada criptomoeda, o fundo oferece uma carteira diversificada, com alguns dos principais projetos digitais. Portanto, é uma boa estratégia para quem deseja investir nesse mercado, mas acha complexo ter uma conta em uma corretora de criptoativos e selecionar individualmente as moedas da própria carteira.
Importante mencionar que, visando não extrapolar o risco, o HASH11 mantém uma exposição relevante (acima de 95% do seu patrimônio) em Bitcoin e Ethereum. Essas criptomoedas, afinal, possuem fundamentos mais consolidados. Abaixo a composição do fundo Hashdex Nasdaq em julho de 2022:
- Bitcoin: 70,00%
- Ethereum: 26,93%
- Litecoin: 0,65%
- Chainlink: 0,44%
- Polkadot: 0,43%
- Bitcoin Cash: 0,39%
- Stellar: 0,34%
- Uniswap: 0,28%
- Axie Infinity: 0,21%
- Filecoin: 0,17%
- The Sandbox: 0,17%
Rentabilidade do Hashdex Nasdaq
E em relação ao desempenho dessa carteira teórica? Como tem sido a performance dos ativos do Hashdex Nasdaq (HASH11)? Para analisar um pouco esse cenário — e ajudá-lo também a entender um pouco mais sobre a dinâmica dos criptoativos, veja o gráfico abaixo.
Na imagem, você verá uma comparação entre três ativos ao longo do último ano: o nosso fundo de criptomoedas (HASH11), o CDI (representando a renda fixa) e outro ETF, o QBTC11 (que é composto 100% por Bitcoin, ajudando assim a entender a referência entre as moedas digitais). Você mesmo pode conferir outros períodos temporais usando a nossa ferramenta de comparação de ativos.
Em primeiro lugar, é importante sinalizar que o tempo de apenas um ano não é uma boa métrica para ativos de renda variável. No entanto, já nos permite fazer algumas análises bem interessantes sobre o mercado das criptomoedas — como o impacto real da alta volatilidade desse mercado.
Note que, apesar do atual resultado negativo na casa de 40% (muito impactado por uma crise de curto prazo para as criptomoedas) no período de um ano, o HASH11 chegou a entregar um lucro de quase 90% logo nos primeiros meses. Isso é a volatilidade na prática: os resultados sobem e descem com boa intensidade.
Portanto, caso queira investir no segmento de criptoativos, é preciso estar preparado para esse tipo de situação. Isso vale, inclusive e principalmente, para os momentos de queda do mercado.
Além disso, note como o comportamento do gráfico é sempre muito próximo do QBTC11, o ETF que replica o Bitcoin. Isso é normal, pois os dois produtos possuem uma alta correlação. Vale lembrar, o HASH11 possui 70% da sua composição nessa moeda digital.
Vale a pena investir no fundo Hashdex Nasdaq?
Diante de tudo que vimos, será que vale a pena investir no Hashdex Nasdaq? Tudo depende dos seus objetivos financeiros e do seu perfil de investidor.
De um modo geral, podemos dizer que o cenário ideal para o investidor de criptoativos é selecionar ele mesmo os seus ativos digitais. No entanto, a avaliação de fundamentos ainda é complexa para a maior parte dos brasileiros. Nesse sentido, o ETF pode ser uma boa solução para se expor a esse mercado, desde que se entenda bem os riscos.
Há também a questão dos custos — a taxa de 1,3% ao ano é alta para produtos passivos, como são os ETFs. No entanto, a comodidade de poder investir em criptomoedas de uma forma simples e tradicional pode compensar.