Halloween já passou, mas há fundos de investimentos que continuam assustadores; conheça 5 deles
Cotista precisa ficar atento à taxa de administração em relação ao perfil da carteira
Nem sempre perceptível ao investidor, há fundos de investimento de gestão relativamente simples, por seguir determinado índice, ter carteira restrita a poucos ativos, ou por ser formado por apenas uma ação, que cobram taxas de administração acima da média de mercado, remuneram mal o cotista e estão entre os de maior patrimônio.
O analista de fundos de investimentos, Davi Fontenele, aproveitou as comemorações de Dia das Bruxas para lembrar de aspectos 'assustadores' que ainda são encontrados no segmento de fundos, para torná-los mais visíveis ao investidor.
"Passamos pelo 31 de outubro, o tradicional Dia das Bruxas ou Halloween. Em linha com essa festividade, ainda vemos hoje os grandes bancos praticando travessuras na indústria de fundos", afirma o analista, ao se referir a fundos de investimento com uma estratégia 100% passiva, ou muito próximo disso, e cobram taxas de administração muito acima da média da indústria.
Ao mesmo tempo, ressalta ele, são fundos que estão disponíveis nas grandes redes bancárias e, por isso, acumulam bilhões de reais de milhares ou dezenas de milhares de cotistas, que poderiam ter o patrimônio mais bem investido em diversas opções disponíveis em plataformas de investimento.
Para tornar mais clara essa questão, Fontenele separou 5 desses fundos " que mais assustam e o motivo da assombração."
As travessuras na renda fixa
"Os fundos da categoria “Renda Fixa Simples” são, como o próprio nome indica, os fundos mais simples da indústria. São estratégias que compram majoritariamente títulos públicos pós-fixados, atrelados à taxa DI". Ele explica que esses fundos têm uma estratégia passiva, e a gestora tem o trabalho praticamente operacional de comprar LFT’s no mercado de títulos públicos.
Não há nada de errado com a composição do fundo, bastante conservadora, mas indicada para o investidor que não quer correr risco com o dinheiro mais emergencial. O problema está no custo de administração do fundo diante da simplicidade da gestão e também na baixa remuneração.
Fontenele cita o Caixa Fácil FIC FIRF Simples, que cobra 2,00% de taxa de administração, tem 366.659 cotistas e acumula incríveis R$ 11,4 bilhões de patrimônio líquido (fonte: Quantum Axis, data base 28/10/2021).
A rentabilidade? No ano, até o dia 28/10, o fundo pagou aos cotistas 51% CDI.
O BB FIRF Simples é um fundo do Banco do Brasil, que cobra 25% de taxa de administração. Embora seja mais barato que o fundo da Caixa, ou menos caro, o BB FIRF Simples acumula aproximadamente R$ 20 bilhões de patrimônio líquido, com 574.885 cotistas.
"Trata-se de uma magnitude tão grande de patrimônio líquido, que a projeção de receita anual oriunda da taxa de administração, equivalente a cerca de R$ 250 milhões de reais, é superior ao que lucram diversas gestoras com estratégias sofisticadas, equipes numerosas e com produtos bem mais atrativos para o investidor", constata o analista.
No ano, até o dia 28/10, esse fundo rendeu 66% CDI.
O investidor precisa saber que pode encontrar melhores opções no mercado. A título de exemplo, ele cita o fundo Trend DI Simples FIRF, da categoria Renda Fixa Simples, encontrado nas plataformas da XP e Rico, e que cobra taxa zero de administração.
Fantasmas nos fundos mono ação
Outra distorção do segmento de fundos refere-se aos mono ação. Fontenele esclarece que essa categoria trata de produtos com um objetivo muito claro e indicado no nome: comprar uma única ação e seguir o desempenho do papel.
"Diferentemente do modelo de gestão de fundos long only ativos tradicionais, com equipes de 5 a 10 analistas de ações e carteiras compostas por 15 a 20 papéis, os fundos de mono ação geralmente demandam o trabalho de 1 profissional, que será encarregado de executar as ordem de compra e venda da determinada ação-alvo", diz o especialista.
No entanto, ressalta ele, há fundos de mono ação que cobram taxas similares ou até mais caras do que os fundos de gestão ativa tradicionais.
O Itaú Vale FIC FIA do Itaú compra ações da Vale, cobra 3,00% de taxa de administração, tem R$ 524,5 milhões de patrimônio líquido e 16.863 cotistas.
"Trata-se de um valor de taxa de administração superior ao que a maioria dos fundos long only de gestão ativa tradicional cobram, de 2,00%, porém para fazer um trabalho passivo no caso do Itaú Vale FIC FIA", relata ele.
Também destinado a comprar ações da Vale, o BB Vale FIA, do Banco do Brasil, cobra 2,00% de taxa de administração e tem cerca de R$ 1 bilhão de patrimônio líquido, com 43.865 cotistas.
Trata-se do maior fundo da categoria Fundos Mono Ação, em patrimônio líquido.
Em contraposição, o analista cita o Trend XP Inc, também oferecido nas plataformas da XP e Rico, que segue tal estratégia, replica o desempenho da ação da XP e cobra taxa zero de administração.
Horrores nos fundos atrelados a índices
Fontenele fala, ainda, da categoria dos fundos de ações indexados, com estratégias passivas que buscam replicar o desempenho de determinado índice acionário, como o Ibovespa, IBX, SMLL, etc.
O fundo Itaú Index Ibovespa FIC Ações é 100% passivo, busca replicar o Ibovespa, cobra 2,00% de taxa de administração e tem R$ 198 milhões de patrimônio líquido, com 5.280 cotistas.
Trata-se o mesmo nível de taxa de administração que a maioria dos fundos de ações ativos cobram. Os que exigem mais trabalho para gerir a carteira, tanto no desenho das estratégias, compra e venda de ativos, como no número de profissionais para executá-las
Nas plataformas da XP e Rico, é oferecido o Trend Ibovespa FIA, que replica o desempenho do Ibovespa e cobra 0,30% de taxa de administração.