Fundo da Genial, espelho do Morgan Stanley, derrete 58% com aversão a empresas de tecnologia
Genial MS US Growth é espelho de fundo do Morgan Stanley, que investe em empresas de médio porte de crescimento acelerado
Um fundo de ações da Genial lidera as perdas entre os mais de 627 concorrentes da categoria neste ano. Os 179 investidores do fundo perderam, em menos de um ano, cerca de R$ 370 milhões - o equivalente a cerca de 58% de seu patrimônio, no período.
Lançado no Brasil em outubro de 2020, o Genial MS US Growth é um espelho de um fundo quase homônimo dos Estados Unidos, o MS US Growth, da Morgan Stanley, hoje com US$ 3,1 bilhões alocados.
Trajetória do fundo da Genial
Com um ano de vida, o fundo superou o patrimônio de R$ 500 milhões no Brasil, mas a partir de novembro a maré virou e ele vem derretendo, justamente na esteira da aversão do investidor por empresas de tecnologia de alto crescimento.
Esse foi um nicho de muito sucesso principalmente durante a pandemia, quando as pessoas ficaram em casa e deram força para companhias de médio porte como Roblox, que desenvolve jogos online, ou a Doordash, uma espécie de iFood americana, ambas bem posicionadas no portfólio do fundo.
Empresas sofrem em Nasdaq
Esse tipo de papel é o que mais vem sofrendo nos pregões de Nasdaq, em Nova York. São geralmente empresas deficitárias, que dão prejuízo, e que eventualmente precisam captar recursos via emissão de dívida ou na bolsa, com ações, como é o caso aqui.
Em tempos de liquidez, tudo bem, essa estratégia fez muito sucesso. Mas Desde que o FED (Federal Reserve, o banco central americano) começou a subir os juros para controlar uma inflação que em 12 meses supera 8% para os consumidores, o dinheiro ficou mais difícil e os investidores passaram a preferir empresas tradicionais, geradores de lucro e dividendos.
Fundo da Genial: 'Deu no que deu'
"Dai o fundo começou a cair e deu no que deu", diz uma gestora do mercado, que pede para não ser identificada. "Quanto maior os juros, menores as perspectivas de crescimento dessas empresas", diz.
No começo do ano, quando o fundo sofreu um golpe de 30% no mercado americano, o próprio Morgan Stanley chegou a recomendar que os aplicadores deveriam abandonar sua posição "se sua carteira já tiver uma alta alocação para ações de tecnologia em estágio inicial e altamente valorizadas” e estiverem “desconfortáveis com a extrema volatilidade que isso gera”.
Um gestor brasileiro, que conhece de perto o fundo, analisa a situação com alguma crítica para os distribuidores nacionais. "Não digo que houve um erro, mas as grandes plataformas, principalmente as grandes corretoras, colocaram esse fundo na prateleira depois de um ano de 2021 muito forte", diz.
"As pessoas acabaram olhando o retorno de curto prazo passado, alocaram bastante em fundos como esse. Dai o cenário virou, e as pessoas sozinhas, sem um bom assessoramento, não tiveram tempo de resgatar o dinheiro desse tipo de produto. Por isso que tem tanto cotista", afirma.
O que dize a Genial sobre o fundo
Procurado pelo redação, o Morgan Stanley não se pronunciou até o fechamento desta matéria.
A Genial, por meio de assessoria de imprensa, enviou nota à Mais Retorno. Reforçou que o fundo é um espelho de gestão passiva e que a Genial "não tem discricionariedade sobre o mandato e 100% dos recursos do fundo são investidos na estratégia de US Growth gerida pelo Morgan Stanley".
A gestora lembra que o fundo tem mais de 25 anos de histórico bem-sucedido. De fato, antes da queda nos Estados Unidos, ele chegou a subir 812,4%. "Por mandato, (o fundo) investe em empresas americanas de alto crescimento, cujos preços das ações sofreram nos últimos meses em função de uma correção causada pela rápida alta nos juros americanos. Os fundamentos das empresas seguem sólidos", destaca a nota.