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Fundos elevaram sua exposição a títulos da Evergrande pouco antes da crise

É bem provável que uma grande fatia dos investidores tenha ativos expostos à Evergrande, segundo analistas

Data de publicação:22/09/2021 às 09:54 - Atualizado 3 anos atrás
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Fundos geridos pela BlackRock e HSBC aumentaram sua exposição a títulos da gigante imobiliária chinesa Evergrande poucos meses antes da forte crise de liquidez do grupo, segundo reportagem do jornal Financial Times.

Fundos de grandes gestoras mundiais aumentaram sua exposição a títulos da Evergrande pouco tempo antes da gigante chinesa ficar à beira de um calote - Foto: Envato

De acordo com dados da Morningstar, a BlackRock comprou cinco diferentes títulos de dívida em dólar da Evergrande por meio de um de seus fundos de alto rendimento, que até então tinha participações no valor de US$ 18 milhões.

A maior administradora de ativos do mundo tinha uma exposição total próxima a US$ 400 milhões em todos os seus fundos, de acordo com dados reunidos pela Bloomberg com base na documentação enviada a reguladores em junho, julho e setembro.

Ainda conforme informações da Morningstar, em julho, um fundo de alto rendimento administrado pelo HSBC também adquiriu bônus da Evergrande, aumentando suas participações em títulos da empresa na ordem de 38% desde fevereiro.

Títulos ‘offshore’

Esses movimentos colocam luz na disposição, por parte de alguns dos maiores investidores em títulos “offshore” da Evergrande de seguir aumentando suas participações, mesmo depois que os preços começaram a cair nos estágios iniciais da crise, que agora já se alastrou pelo mundo.

É bastante provável que uma grande fatia dos investidores tenha ativos expostos à Evergrande, já que seus títulos são um componente importante dos índices que acompanham bônus de empresas asiáticas em dólares.

Já nos mercados internacionais, os títulos do grupo negociados representam apenas uma pequena proporção de seus US$ 300 bilhões em dívidas com credores e empresas - em termos gerais, a exposição desses administradores de ativos é limitada.

A BlackRock não quis comentar sobre seu investimento em bônus da Evergrande. A unidade de gestão de ativos do HSBC informou que “como ocorre em muitos setores” nos quais investe, eles monitoram “de perto os acontecimentos no setor imobiliário”.

Negociação

Nas últimas semanas, os títulos da incorporadora mais endividada do mundo são negociados em patamares que indicam uma possível inadimplência, uma vez que tenta ainda evitar o calote no pagamento de juros que vencem na quinta-feira, 24.

Um bônus em dólares com vencimento em 2022 está sendo negociado a menos de US$ 0,30 por dólar, em comparação aos cerca de 100% do valor de face do fim de maio.

A S&P Global Ratings prevê que a empresa ficará inadimplente nesta semana e estima que ela possui cerca de US$ 20 bilhões em títulos em dólares por vencer de duas subsidiárias offshore.

Exposição

A Ashmore, especialista em investimentos em mercados emergentes, tinha a maior exposição, com mais de US$ 400 milhões de títulos da empresa no fim de junho, segundo dados compilados pela Bloomberg, enquanto o UBS tinha cerca de US$ 300 milhões em exposição a bônus da Evergrande no fim de abril, maio, junho e julho. UBS e Ashmore não quiseram comentar.

“Continuamos a manter a Evergrande em fundos de vencimento fixo porque sair da posição neste momento tiraria qualquer opção em torno de uma retomada bem-sucedida na atividade de construção, assistência financeira externa ou ajuste de política nos próximos meses, e os bônus da empresa estão agora sendo negociados nos valores históricos típicos de recuperação ou abaixo deles”, diz o UBS em nota a clientes

Captação internacional

A Evergrande é a captadora internacional mais famosa entre as incorporadoras imobiliárias da China, um setor altamente alavancado que nos últimos dez anos dependeu pesadamente dos mercados de títulos em dólares na Ásia, mas agora está sob pressão de Pequim para reduzir as dívidas.

A empresa há muito tempo vem atraindo as atenções do mercado por seu endividamento, o maior entre qualquer incorporadora imobiliária do mundo.

“Proibi qualquer pessoa [que trabalhe para mim] de tocar em ações ou dívidas da Evergrande por 20 anos”, disse o executivo-chefe de um fundo de private equity em Hong Kong. “Sempre esteve óbvio que é de altíssimo risco e que um dia tudo acabaria subitamente em lágrimas.”

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