Fundos de crédito privado da Captalys, Orion e Panorama, fecham para resgates
As más notícias da gestora começaram a sugir em setembro com variação negativa do Orion
A Captalys fechou dois de seus fundos de crédito privado para resgates, o Orion e o Panorama, desde o dia 8 de dezembro. São Fundos de Direito Creditório, FIDCs, e juntos somam patrimônio de R$ 1,678 bilhão e perto de 2,4 mil cotistas. Uma decisão sobre o futuro desses fundos deve sair até janeiro de 2023, após finalização de auditoria e realização da assembleia geral de cotistas.
Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários, CVM, os gestores explicam que após meses de acompanhamento, a medida foi adotada considerando o aumento da inadimplência, a revisão das regras de provisão e o redimensionamento das provisões atuais.
“Para aprofundar a análise da situação atual do Fundo e de seus ativos, inclusive em decorrência dos pedidos de resgate solicitados nos últimos meses, a gestora está conduzindo trabalhos de análise técnica e contábil apoiada por uma empresa de auditoria, os quais devem ser concluídos até o final de janeiro 2023”, diz o documento.
Ainda pelo fato relevante, o fechamento dos fundos tem como objetivo garantir o mesmo tratamento entre os cotistas, que deverão de reunir em assembleia geral em janeiro de 2023 para decidir sobre manutenção do fechamento ou reabertura dos fundos para resgates e aplicações.
A iniciativa também impactou outros fundos que replicam as carteiras dos dois fundos, com suspensão de depósitos e saques. Um deles é o Bradesco FC FIM Crédito Privado Captalys Orion, com patrimônio de R$ 170 milhões e 444 cotistas. Outro é o FIC FIM Crédito Privado VIC CPHY com patrimônio de R$ 235 milhões e 11 cotistas.
Retrospectiva
As más notícias sobre a Captalys começaram a vir a público em setembro, quando o Orion apresentou cota negativa pela primeira vez, desde o seu laçamento em 2011. Marcação a mercado, uma reprecificação dos ativos diante de alta dos juros e liquidez estreita teriam sido a causa da queda do fundo, segundo a presidente executiva da gestora Margot Greenman.
Por ter a carteira concentrada em ativos ilíquidos, o regulamento dos fundos contam com várias travas, uma delas é permitir solicitação de resgate em apenas quatro datas no ano, pré-agendadas. E a outra é fazer o pagamento 180 dias após a solicitação. Tudo isso para proteger o passivo e mantê-lo adequado aos prazos do ativo (os títulos de crédito privado e as cotas de fundos).
Em outubro, a Captalys teve de fechar o Orion para novas captações após receber pedidos de resgate em valor total próximo de 75% do seu patrimônio líquido, o equivalente a R$ 1,2 bilhão. Um movimento que levou a acentuada queda no valor das cotas na última semana de setembro.
Em novembro, foi anunciada uma operação em que o BTG Pactual em parceria com a Prisma Capital devem assumir os fundos da Captalys. A transferência da gestão já teria sido acertada entre as empresas, dependendo apenas da aprovação dos cotistas em assembleia geral.
Uma nova empresa, resultante da parceria, passaria, então, a ter a gestão de 25 fundos da Captalys em total superior a R$ 6 bilhões. No mercado, o comentário é de que a Captalys deverá continuar existindo, mas atuando em prestação de serviços tecnológicos e com participações em fintechs.
IPO adiado
A Captalys teve de abandonar também seus planos de abrir capital (IPO) este ano, com a confiança do mercado em baixa e a alta dos juros que colocaram a renda fixa em destaque.
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