Fundos de Investimentos

Fundo BRZ Infra Portos aumenta em 41% os pagamentos aos cotistas

O fundo, que investe no Porto de Itapoá, projeta aumento na distribuição de rendimentos até junho de 2024 e registrou documento prevendo crescimento progressivo até 2030

Data de publicação:29/05/2023 às 08:00 - Atualizado um ano atrás
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O fundo BRZ Infra Portos (BRZ11), lastreado no Porto de Itapoá, informou que aumentará em 41% a distribuição de rendimentos aos cotistas durante o período de 12 meses, que vai de julho deste ano a junho de 2024. 

O valor pago por cota subirá de aproximadamente R$ 0,33 para R$ 0,47. Considerando a soma dos pagamentos mensais ao longo desse período, o total recebido pelo cotista em 12 meses aumentará de cerca de R$ 4,00 para R$ 5,64 por cota.

O comunicado, registrado junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), também projeta um crescimento nas distribuições nos anos seguintes. Para o período de julho de 2024 a junho de 2025, é previsto um pagamento de R$ 6,23 por cota, e entre julho de 2030 e junho de 2031, a projeção é de um pagamento de R$ 20 por cota.

Movimentação de contêineres em crescimento

O fundo é lastreado pelo Porto de Itapoá, em Santa Catarina, que cresce sua capacidade ano após ano. O porto é especializado na movimentação de contêineres e desempenha um papel importante na importação e exportação de cargas na região Sul do Brasil, abrangendo os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além de estados como o de Mato Grosso do Sul.

Em 2022, a movimentação do porto (medida em TEUs, unidade global referente à movimentação de contêineres) chegou a 951 mil. 

Quatro anos antes, em 2018, o movimento foi de 680 mil TEUs. A capacidade do porto é de 1,2 milhão de TEUs, mas as estimativas apontam que, em 2028, o total de movimentação ultrapasse 1,8 milhão. 

No ano passado, o porto registrou um aumento significativo em suas métricas financeiras. O lucro líquido cresceu 27,3%, passando de R$ 127 milhões em 2021 para R$ 161,7 milhões em 2022. 

Capacidade do porto tem aumentado e expectativas são de mais crescimento nos próximos anos; Fonte: BRZ

De acordo com Ricardo Propheta, sócio da BRZ, um fator significativo para o crescimento do porto é a movimentação de cargas que tradicionalmente não eram transportadas em contêineres. Essa mudança tem impulsionado o setor não apenas no Brasil, mas também em nível global. 

A receita líquida também apresentou um sólido avanço de 11,4%, aumentando de R$ 490 milhões para R$ 546,3 milhões. Além disso, o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) teve um crescimento de 8,6% no mesmo período. 

Impacto do cenário macroeconômico

Segundo Propheta, sócio da BRZ, o cenário macroeconômico, caracterizado por taxas de juros mais altas e dados de atividade econômica mais fracos, impactam negativamente a atividade econômica em geral. Isso se reflete na redução das importações para consumo no Brasil, na diminuição das importações de matérias-primas para a indústria e nas exportações de produtos industrializados brasileiros.

Contudo, em sua visão, há uma “carência tão grande de infraestrutura logística, nominalmente em contêineres, mas não só no Brasil, que esse impacto acaba não sendo tão relevante, e os terminais de contêineres continuam crescendo de uma forma um tanto não correlacionada com o PIB”, explica. 

Ele comenta que o crescimento da indústria, por exemplo, entre 2010 e 2020 se deu entre 5 e 6%, enquanto o PIB brasileiro cresceu uma fração disso.

“Outro ponto é que a dívida do porto é atrelada ao IPCA, então os juros mais mantêm a inflação sob controle e isso acaba tendo um benefício na menor despesa financeira do porto, então eu diria que o tipo de atividade não é tão dependente das questões macroeconômicas”, ressalta o diretor. 

Propheta esclarece que há alguma dependência, embora pequena, e que as questões envolvendo o porto não são correlacionadas. "Independente do cenário macro que a gente trabalhe, se a gente pensar em médio e longo prazo, as perspectivas continuam sendo muito positivas", afirma. 

Segundo o diretor da BRZ, o Brasil já possui um grau significativo de fechamento em termos comerciais, tanto para importações quanto para exportações. Ele ressalta que se houver restrições adicionais nesse âmbito, é possível que ocorra uma redução no comércio internacional de contêineres, o que teria um impacto direto no terminal de contêineres do porto. Entretanto, essa não é a expectativa da gestora. 

“Eu acho que o caminho que a gente vislumbra é o caminho oposto, de maior abertura, maior inserção do Brasil no cenário internacional”, entende o diretor. 

Em relação a situação fiscal do Brasil, Propheta entende que já há uma complexidade grande, com uma carga tributária considerável, então sua visão é de que há espaço para melhorias neste campo. 

"Eu acho dificil a gente seguir para um caminho de piora nessa conjuntura, então eu sou mais otimista do que pessimista em relação às mudanças fiscais e macroeconômicas para o desempenho do Porto de Itapoá e para o desempenho do fundo", conclui. 

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Sobre o autor
Camille BocanegraRepórter da Mais Retorno