Focus: projeção para a inflação em 2022 cai de 7,54% para 7,30% e sobe para 2023
Indicador deve seguir estourando a meta tanto neste ano quanto no próximo, segundo o BC
O cenário para o IPCA, o índice de inflação oficial do Brasil, seguiu a trajetória de arrefecimento das últimas semanas no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 25, pelo Banco Central.
Ainda sob efeito das medidas tributárias para baixar os preços de combustíveis e energia - com a redução do ICMS - a projeção para o IPCA de 2022 caiu pela quarta semana consecutiva e passou de 7,54% para 7,30%. Em contrapartida, a de 2023 já sobe pela 16ª semana seguida, avançando de 5,20% para 5,30%. Há um mês, as estimativas eram de 8,27% e 4,91%, respectivamente.
As medianas para 2022 e 2023 continuam indicando estouro da meta da inflação nos dois horizontes, sendo que para este ano a projeção voltou a ceder em função das medidas patrocinadas pelo governo, enquanto a projeção para 2023, foco da política monetária, continua avançando a passos largos.
O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, o BC indicou que mira em algo mais próximo do centro da meta no ano que vem do que sua projeção atual (4,0%).
O Boletim Focus também mostra sinais de desancoragem mais ampla, com a mediana de 2024 acima do centro da meta. Pela segunda semana seguida, a estimativa continuou em 3,30%. Há um mês, estava em 3,25%.
A previsão para 2025, por sua vez, continuou em 3,00%, mesmo porcentual há 54 semanas. A meta para 2024 e para 2025 é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto porcentual (de 1,5% para 4,5%).
No Copom do mês passado, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 8,8% em 2022, 4,0 % em 2023 e 2,7% para 2024. O colegiado elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,25% ao ano.
Sem alterações na Selic
A projeção para a Selic, taxa básica de juros do País, no fim deste ano continuou estável em 13,75% pela quinta semana seguida, assim como a estimativa para 2023 permaneceu em 10,75%. Há um mês, os porcentuais eram de 13,75% e 10,25%, nessa ordem.
Na reunião do Copom de junho, a Selic subiu de 12,75% para 13,25% e o colegiado indicou novo aumento de igual ou menor magnitude (0,50pp) para a reunião de agosto.
Além disso, na ata, sinalizou que a Selic deve ficar em patamar "significativamente" contracionista por período maior do que projetava na época o mercado, com o objetivo de que a inflação de 2023 convirja para o "redor da meta".
De acordo com o documento, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, de 7,75% há um mês. Já a mediana para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.
PIB deve ser maior em 2022
Com os dados positivos de atividade econômica e a PEC dos Benefícios, pacote bilionário de estímulo à demanda em ano eleitoral aprovado no Congresso, a previsão mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 continuou a avançar, conforme o Boletim Focus.
A projeção subiu de 1,75% para 1,93%, contra 1,50% há um mês. Já a estimativa para a expansão do PIB em 2023 cedeu marginalmente, de 0,50% para 0,49%, ante 0,50% de quatro semanas atrás.
O documento mostrou ainda perda de fôlego na projeção para o crescimento do PIB em 2024, de 1,80% para 1,70%. Já a mediana para 2025 permaneceu em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,80% e 2,00%, respectivamente.
O Focus apontou, ainda, leve mudança na projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto para 2022. A mediana cedeu de 59,23% para 59,00%, mesmo porcentual de um mês atrás.
O relatório trouxe ainda alteração na perspectiva para a relação entre o resultado primário e o PIB deste ano, com o mercado prevendo maior superávit, de 0,10% para 0,22%.
Há um mês, a mediana era positiva em 0,10%. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2022 passou de 6,70% para 6,80%, ante 6,70% de quatro semanas antes.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Em relação a 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB se deteriorou, de 63,50% para 63,60%, de 62,00% há um mês. / com Agência Estado
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