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FIXA11: conheça o primeiro ETF de renda fixa do Brasil

O FIXA11 é um fundo negociado na Bolsa lançado pela Mirae Asset que replica os juros futuros no País

Data de publicação:21/03/2022 às 12:30 - Atualizado 3 anos atrás
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Por muito tempo, os ETFs (Exchange Traded Funds) foram associados à renda variável. E, de fato, a enorme maioria dos produtos dessa categoria funciona como uma forma prática de investir em empresas associadas a algum índice financeiro. No entanto, essa realidade mudou com o lançamento do FIXA11, o primeiro ETF de renda fixa do Brasil.

No artigo de hoje, vamos explicar o que é esse fundo, para que serve e, claro, elucidar como funciona na prática o investimento de renda fixa em um contexto de renda variável — afinal, os ETFs são negociados na Bolsa de Valores, da mesma forma que ações, BDRs e fundos imobiliários.

O ETF FIXA 11, embora vinculado aos juros, é um produto de renda variável - Foto: Envato

O que é o FIXA11?

O FIXA11 é, conforme adiantamos na introdução, um Exchange Traded Fund. Isto é, trata-se de um fundo negociado na bolsa de valores. Na prática, os ETFs representam os famosos "fundos de índices", pois eles possuem como objetivo justamente replicar o desempenho de um indicador específico.

O nome oficial do fundo é Mirae Asset Renda Fixa Pré Fundo de índice, mas você dificilmente vai escutá-lo em função da facilidade em usar o próprio ticker FIXA11 (código de negociação) do ETF.

O produto foi lançado em 10 de setembro de 2018 pela gestora coreana Mirae Asset Global Investments. A taxa de administração cobrada é de 0,30% ao ano. Até a última atualização deste artigo, em maio de 2022, o FIXA11 já possuía um patrimônio superior a R$ 112 milhões sob gestão.

Caso queira mais informações sobre o FIXA11, você pode acessar a página oficial do produto no site da Mirae Asset.

Qual é o índice de referência do FIXA11?

No caso do FIXA11, o índice utilizado como referência para a gestão do fundo é o S&P/BM&F, índice de Futuros de Taxa de Juros - DI 3 Anos ER. O indicador é utilizado para medir o desempenho de contratos futuros de Depósitos Interbancários (DI) com vencimento de três anos.

Caso a explicação pareça muito técnica, o índice de referência do FIXA11 traz uma carteira teórica que permite replicar o desempenho da taxa de juros brasileira ao longo dos próximos três anos, de acordo com a expectativa do mercado. Ou seja, é uma forma de expor uma parte do seu patrimônio aos juros futuros do Brasil.

Como funciona o FIXA11: renda fixa ou renda variável?

Apesar de ser um produto formatado para replicar o desempenho de ativos de renda fixa, não podemos nos esquecer de que o FIXA11 é, no final das contas, um ETF. E isso significa que, embora os resultados pertençam ao universo dos juros brasileiros, as cotas do fundo são negociadas na bolsa de valores.

Neste caso, nós temos um cenário similar ao que acontece com os fundos imobiliários, onde a gestão do fundo tem rendimentos regulares para os seus cotistas, mas ainda assim o valor aportado na cota sofre oscilações naturais da renda variável.

Portanto, antes de investir no FIXA11, é extremamente importante compreender esse contexto. Apesar dos resultados do investimento estarem atrelados à renda fixa, as cotas podem oscilar de acordo com as condições de mercado e dos termos de negociação dos investidores.

Quais são as vantagens de investir no FIXA11?

A dinâmica de investir em um produto de renda fixa por meio de um ETF apresenta algumas vantagens e benefícios. Em primeiro lugar, como é comum nos fundos de índices, você vai obter uma diversificação quase que automática

O FIXA11, afinal, reflete uma série de títulos de curto prazo (até três anos) de uma só vez. Para obtê-la individualmente, o investidor precisaria de uma boa disponibilidade de capital, pois não bastaria comprar apenas um título para esse objetivo de acompanhar o mercado ou replicar o índice de referência.

Há também um gestor responsável por realizar todas as movimentações necessárias no patrimônio do ETF, visando garantir que o desempenho seja o mais próximo possível do índice de referência. E a "terceirização" dessa responsabilidade é um aspecto positivo.

Outro ponto atrativo é a redução dos custos. A taxa de administração é baixa em função da gestão passiva. A própria tributação acaba sendo um benefício, pois não há incidência de come-cotas (como aconteceria em fundos de renda fixa) e o valor a pagar de Imposto de Renda é de 15% sobre os ganhos com a venda do ETF — a alíquota mínima da tabela regressiva, mesmo caso você venda a sua posição no curto prazo.

Por fim, embora possa assustar o investidor de renda fixa que não está habituado com a renda variável, os ETFs permitem o acompanhamento do valor da cota em tempo real. Assim, fica mais fácil de monitorar o investimento.

Quais são as desvantagens de investir no FIXA11?

Nem só de pontos positivos vive o FIXA11. Há também riscos que precisam ser avaliados pelo investidor. E o primeiro deles é justamente o que acabamos de comentar: as cotas variam em tempo real e, por vezes, oscilações negativas podem assustar.

Outro ponto importante é que o produto da Mirae Asset ainda apresenta baixa liquidez. O valor sob gestão, embora alto para uma pessoa física, é relativamente pequeno para um fundo negociado em Bolsa. Isso representa um menor volume de negociação que pode dificultar um pouco movimentos de compra e venda do ETF.

Além disso, ainda em função de ser um ETF, o FIXA11 traz algumas características bem particulares aos seus investidores. A começar pelo fato de que não há proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), ao contrário de títulos emitidos pelas instituições financeiras — como CDB, LCA ou LCI, por exemplo.

Vale a pena investir no FIXA11?

O principal atrativo do FIXA11 é permitir ao pequeno investidor uma fácil diversificação de renda fixa, acompanhando os juros futuros brasileiros. Além disso, a Mirae Asset foi pioneira no lançamento de um ETF de renda fixa, algo que acabou influenciando a oferta de novos produtos similares anos depois.

No entanto, o investidor que busca expor o seu patrimônio à renda fixa deve pensar bem se faz sentido assumir a oscilação das cotas para os investimentos realizados. Os benefícios tributários não são tão atrativos quando pensamos na possibilidade de ver o dinheiro se desvalorizando em tempo real — algo prejudicial para quem possui um perfil conservador.

Ademais, existem diversos ativos de renda fixa com rentabilidade pós-fixada que permitem ao investidor acompanhar as taxas de juros. Podemos mencionar o Tesouro Selic ou CDBs emitidos pelos bancos como exemplos dessa situação. Assim, caso os juros se elevem no Brasil, os rendimentos vão acompanhar esse movimento naturalmente.

Esse cenário pode, inclusive, explicar um pouco porque o FIXA11 ainda não "bombou" como outros ETFs mais novos de renda variável. De qualquer forma, é sempre positivo ver o lançamento de novos produtos, em especial considerando que tornam a montagem de uma carteira cada vez mais acessível ao pequeno investidor.

Sobre o autor
Stéfano BozzaFormado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.