Fed reforça compromisso com preços estáveis, em relatório a Congresso dos EUA
Novos aumentos dos juros estão previstos pelo banco central americano
Em relatório semianual endereçado ao Congresso dos Estados Unidos, divulgado nesta sexta-feira, 17, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reconheceu que a inflação no país segue muito elevada e reforçou compromisso "incondicional" em restaurar a estabilidade de preços.
Após acelerar o aperto monetário e subir juros em 75 pontos-base na última quarta-feira, o Fed reiterou nesta sexta que novos aumentos poderão ser apropriados.
Segundo a instituição, as métricas de expectativas inflacionárias no curto prazo subiram, enquanto as de mais longo prazo avançaram em ritmo menos acentuado.
"O Comitê Federal de Mercado Aberto está perfeitamente ciente de que a inflação elevada impõe dificuldades significativas, especialmente naqueles menos capazes de lidar com custos mais altos de itens essenciais", ressalta o documento.
O Fed acrescenta que a demanda por trabalhadores tem superado a oferta, o que provoca desequilíbrios no mercado de trabalho e aumento "robusto" dos salários. A autoridade monetária prevê ainda que, após contração nos três primeiros meses do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos deve crescer "moderadamente" no segundo trimestre.
Fed quer inflação em 2%
Powell, reiterou também que a autoridade monetária está "agudamente focada" em retornar a inflação dos Estados Unidos à meta de 2%. O dirigente discursou na abertura da conferência sobre a dominância global do dólar, em Washington D.C.
Durante o pronunciamento, Powell ressaltou que o "forte compromisso" do Fed com a estabilidade de preços contribui para a generalizada confiança no dólar como reserva de valor.
Segundo ele, o comprometimento do BC americano com o mandato duplo e com a estabilidade financeira encoraja a comunidade internacional a manter e usar a moeda dos EUA.
Dominância global do dólar
Powell avaliou que a dominância global do dólar traz uma série de benefícios para os Estados Unidos e a comunidade internacional, mas ponderou que a centralidade da moeda pode impor alguns "desafios à estabilidade financeira".
Na abertura de conferência sobre o tema, ele explicou que o amplo uso da divisa americana no mundo reduz taxas de transações e custos de empréstimos para famílias, empresas e governo do país. Para o restante do planeta, o cenário fornece a tomadores de empréstimos acesso a um grande conjunto de credores e investidores, de acordo com ele.
Ao mesmo tempo, o dirigente explica que a hegemonia do dólar também ameaça a estabilidade do setor financeiro. "Por essa razão, o Federal Reserve tem desempenhado um papel fundamental na promoção da estabilidade financeira e no apoio ao uso de dólares internacionalmente por meio de nossas linhas de liquidez", afirmou, citando as linhas de swaps com outros BCs instituídas durante as crises financeira de 2008 e da pandemia.
Dólar digital
O presidente do Fed disse ainda que a autoridade monetária estuda as maneiras como uma moeda digital emitida por banco central (CBDC, na sigla em inglês) poderia melhorar, ou não, o "já seguro e eficiente" sistema de pagamentos dos Estados Unidos.
Powell ressaltou que a CBDC pode ajudar a preservar o papel internacional da divisa norte-americana. "Pensaremos não apenas no estado atual do mundo, mas também em como o sistema financeiro global pode evoluir nos próximos 5 a 10 anos", salientou.