Economia

Negócio de fazendas urbanas cresce no Brasil como alternativa aos grandes produtores do agro, destaca jornal americano

Em reportagem do Wall Street Journal, nicho se estabelece a partir da alta dos preços dos alimentos

Data de publicação:14/09/2022 às 05:00 - Atualizado 2 anos atrás
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Reportagem do jornal americano Wall Street Journal trata de um nicho nascente de empreendimentos no Brasil, o de fazendas urbanas, um ramo que segundo o jornal cresce na esteira da alta nos preços dos alimentos nos últimos tempos.

A matéria traz como personagem Leonardo Ferreira, que quando era adolescente na favela de Manguinhos, zona norte do Rio de Janeiro, passava as manhãs embalando cocaína, entre os tiroteios com a polícia.

No Brasil, fazendas urbanas ganham espaço | Foto: Getty Images

Agora ele trabalha em uma plantação de alface em grande horta na favela, uma das milhares de fazendas urbanas que surgiram nas comunidades mais pobres do Brasil, com os moradores, de avós a traficantes de drogas, recorrendo ao cultivo da própria comida, devido à alta dos preços.

A horta de Manguinhos fornece hortaliças em quantidade suficiente para até 800 famílias, segundo autoridades municipais, que afirmam que é a maior da América Latina.

Fazendas urbanas pelo mundo

A agricultura urbana está crescendo em muitas grandes cidades do mundo. A inflação dos alimentos e os gargalos na cadeia de suprimentos como fertilizantes estão levando os cidadãos comuns a cultivar os próprios alimentos.

Esse é um movimento global. Na Índia, a capital Nova Délhi anunciou em junho planos de treinar moradores a cultivar hortaliças nos telhados. Fazendas urbanas também despontam na Cidade do Cabo, na África do Sul. E, recentemente, o Ministério da Agricultura da Indonésia incentivou a população a cultivar arroz nos quintais das casas.

No entanto, no Brasil, o jornal destaca que cidades como o Rio de Janeiro estão embarcando nos projetos dos mais ambiciosos.

Produção de alimentos no Brasil

O jornal lembra que o Brasil produz cerca de 10% dos alimentos do mundo, de carne bovina a soja, de suco de laranja a milho. Mas comprar comida está cada vez mais caro para as famílias mais pobres. Cerca de 33 milhões de pessoas estão passando fome no Brasil, em comparação com cerca de 19 milhões de pessoas no final de 2020, segundo a empresa de pesquisa Penssan.

Por isso, projetos semelhantes nasceram em outras grandes cidades do Brasil, como Belo Horizonte e São Paulo.

Em Paraisópolis, uma das maiores favelas da capital paulista, uma horta inaugurada em 2020 usando a técnica de hidroponia, que permite que as plantas cresçam verticalmente sem solo, pode produzir quase 700 quilos de hortaliças em dois meses.

Uma vasta horta também floresceu no centro da cidade no terreno de um antigo prédio público, ocupado pelo MTST, movimento que reivindica que prédios abandonados sejam destinados a abrigar os sem-teto.

"A pandemia, a falta de empregos e a dificuldade de comprar alimentos apenas impulsionaram esses projetos", disse Mariella Uzêda, pesquisadora da Embrapa.

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