EUA, Canadá, Alemanha… Quais são os principais destinos para o investidor estrangeiro em 2021
25 países estão entre os principais investimentos estrangeiros; lista é liderada por EUA pelo nono ano consecutivo e Brasil é rebaixado para 24ª posição
A lista de principais investimentos estrangeiros de 2021 foi atualizada na semana passada pela consultoria norte-americana A.T. Kearney. Pela nona vez consecutiva, os Estados Unidos lideram o ranking como melhor país para o investimento estrangeiro direto (IED) do mundo. A segunda posição é ocupada pelo Canadá, seguido pela Alemanha, Reino Unido e Japão. Completam a lista dos dez primeiros colocados: França (6º), Austrália (7º), Itália (8º), Espanha (9º) e Suíça (10º).
Como os investidores estão mais cautelosos em razão das incertezas provocadas pelo novo coronavírus, os resultados da pesquisa deste ano reforçam a mudança para a segurança, colocando países mais ricos e estáveis na dianteira do interesse dos investidores em detrimento a potências emergentes, com chances de múltiplos maiores, como a China.
Na lista deste ano, portanto, as cinco primeiras posições são ocupadas por economias desenvolvidas. É a terceira vez que isso acontece em 23 anos de índice.
Principais investimentos estrangeiros em 2021
O Canadá permanece em segundo lugar, com a Alemanha mantendo a terceiro posição. O Reino Unido, que finalizou seu processo de desvinculação da União Europeia, retornou à lista dos cinco primeiros - o país era o sexto colocado no ano anterior, em 2020. Outro destaque é a Espanha, que ascendeu da 11ª posição em 2020 para, hoje, nono lugar. A China, por sua vez, caiu da oitava posição para a 12ª.
O que une todos esses mercados são seus pontos fortes em tecnologia e o fato de serem mercados ricos com alto poder de compra do consumidor.
EUA
Primeiro lugar no índice deste ano, os EUA tem expectativa de recuperação rápida de sua economia passada a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus. A consultoria Kearney elenca esse como o principal fator de influência para o país liderar o ranking também neste ano.
Contudo, sua nota de 2,17 deve ter sido prejudicada pela invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro, que pôs em xeque a segurança nacional - e o sistema democrático do país. O episódio teve protestos contra o resultado da eleição presidencial em que Donald Trump perdeu a reeleição para Joe Biden.
Canadá
Segundo a Kearey, a manutenção do Canadá no topo do ranking reforça a busca dos líderes empresariais por segurança e estabilidade.
Alemanha
A força relativa de economias como a Alemanha pode ser atribuída ao fato de que se trata de um mercado forte em tecnologia e com alto poder de compra do consumidor.
Reino Unido
A Kearney atrela o melhor desempenho do Reino Unido neste ano ao resultado de menos incertezas sobre o Brexit. Pouco antes de a pesquisa ter início, o Reino Unido e a União Europeia concluíram um acordo comercial pós-Brexit depois uma longa negociação.
A leitura dos investidores internacionais é de que haverá um comércio bilateral e boa relação econômica entre os dois blocos. Em paralelo, há a percepção de que, para ter acesso ideal ao mercado do Reino Unido, uma presença física dos investidores por lá seria benéfica.
Durante o decorrer da pesquisa, o Reino Unido mantinha uma estratégia geral bem sucedida no quesito vacinação, ao mesmo tempo em que gerenciava novas cepas do coronavírus. Foram pontos que segundo o relatório reforçaram a simpatia dos investidores com o país.
Japão
Assim como o Canadá e a Alemanha, o Japão reforça a busca dos líderes empresariais por segurança e estabilidade. A lista dos 10 países principais permanece quase inalterada em relação ao ano passado, provavelmente um reflexo da preferência por economias avançadas.
Emergentes
Apenas três países emergentes estão listados no ranking: China (12ª), Emirados Árabes Unidos (15ª) e Brasil (24ª). A China, que cai para o 12º lugar (foi 8º no ano passado), teve recuperação mais rápida e robusta da pandemia entre as principais economias do mundo e está preparada para retomar um alto crescimento este ano do PIB, estimado em 8,9%.
A pontuação mais baixa da China provavelmente foi impactada não apenas pela fuga para as economias avançadas, mas também pelas tensões comerciais EUA-China. Outro ponto que está em discussão é a cadeia de abastecimento internacional. As empresas estão sob pressão para reestruturarem o fornecimento de suprimentos com a finalidade de evitar conflitos não só geopolíticos como tarifários.
Algumas empresas que importam para os EUA começaram a transferir parte da manufatura para o México. Assim, é possível ficar mais perto dos EUA e mais distante da China. A tendência é ampliada pelas tensões comerciais EUA-China e pelo Acordo Estados Unidos-México-Canadá recentemente concluído.
Emirados Árabes Unidos
A notável ascensão do país no ranking este ano é provavelmente reflexo da inovação e da infraestrutura tecnológica avançada. Junto com Bahrein, os Emirados Árabes Unidos se tornaram o primeiro país a aprovar uma vacina contra a Covid-19 em dezembro, e o país tem a meta ambiciosa para vacinar toda a sua população até o final de 2021.
Brasil cai na posição
Ao contrário dos dois emergentes listados no ranking ao lado do Brasil como referências no combate à pandemia, o país reflete uma deterioração no ambiente econômico e de governança interna.
Durante a pesquisa realizada entre janeiro e fevereiro, a vacinação contra o coronavírus ainda engatinhava, o governo foi acusado de não garantir e distribuir vacinas, e de também minimizar a gravidade da doença. Enquanto isso, uma variante mais mortal e contagiosa surgia no país.
Os níveis relativamente mais baixos de confiança nos mercados emergentes ilustram um quadro de investidores que estão incertos sobre a velocidade da recuperação da pandemia por quem está em desenvolvimento. Já que, em 2020, as economias desenvolvidas conseguiram implementar respostas monetárias e fiscais maiores do que os mercados emergentes e de fronteira.