Entenda porque as ações do Assaí caíram com a compra das 71 unidades do Extra
No acumulado do mês, até aqui, as ações do Assaí já recuaram mais de 14%, enquanto os papéis do GPA registram alta de 6,83%
No último dia 15, o Assaí, controlado pela Sendas Distribuidora, pegou o mercado de surpresa ao anunciar a compra de 71 unidades da bandeira de hipermercados Extra, do Grupo Pão de Açúcar (GPA). O valor do negócio ficou em R$ 5,2 bilhões, dos quais R$ 4 bilhões serão pagos pelo próprio Assaí, notícia que preocupou os analistas, resultando numa penalização das ações da rede de atacarejo.
No dia do anúncio, enquanto os papéis do GPA, que ganhou R$ 1,5 bilhão em valor de mercado com a venda das lojas, dispararam 11,85% na Bolsa de Valores brasileira, a B3, o Assaí reportou queda de 1,79%.
Ao longo desta semana, com o cenário fiscal repleto de incertezas em decorrência do valor mínimo de R$ 400 estabelecido para o pagamento do Auxílio Brasil pelo governo federal, os papéis de ambas as companhias não escaparam e estiveram entre as baixas generalizadas.
Com altas e baixas, vale observar o acumulado do resultado das ações no mês, até aqui: o Assaí já caiu 14,11%, e o GPA viu suas ações subirem 6,83%.
De acordo com Braulio Langer, analista de investimentos da Toro, espera-se que o GPA apresente um bom aumento de caixa com a transação, passando a distribuir bons proventos para seus acionistas. “Já para a rede Assaí, há a expectativa de aumento no faturamento dessas novas lojas - segundo alguns analistas, um aumento de R$ 8,9 bilhões para R$ 25 bilhões”, explica o especialista.
Para Langer, o que preocupa o mercado e explica a queda nas ações do Assaí, por outro lado, é o valor destinado a compra de cada uma das lojas, cerca de R$ 70 milhões. Mas não é só isso, o momento atual em que a operação foi realizada não parece ser o mais oportuno, a Bolsa vem sendo penalizada pelo aumento do risco fiscal.
Simultaneamente, o analista CNPI da CM Capital, Pedro Palmezani, ressalta que, além do valor unitário de cada loja do Extra considerado muito alto pelo mercado, a aprovação do negócio foi feita de forma “muito rápida e sem passar pelos aval dos acionistas minoritários”, o que ajudou a estressar os investidores.
Grupo Pão de Açúcar
O analista da Toro comenta que, para o GPA, a operação mostra uma oportunidade de aumento de rentabilidade da companhia.
Com a venda, o grupo deixará de operar o formato de atacarejo e, com isso, abre a possibilidade de expandir as operações do segmento premium, além de aumentar suas operação no e-commerce. Dessa forma, a companhia terá uma necessidade menor de capital de giro, aumentando seus lucros.
“Em um momento de pandemia, que provocou e aumento do consumo online, a operação é tida como bastante interessante para o GPA, posto que o segmento de atacarejo vinha sofrendo em rentabilidade”, afirma Langer.
Palmezani destaca ainda que, com os R$ 5,2 bilhões entrando nos cofres do GPA, a empresa passa a ter a oportunidade de fazer mais investimentos, o que agrada aos investidores.