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Economia

Energia elétrica e os impactos da crise hídrica: entenda como acender uma lâmpada pode afetar algumas empresa

Você já parou para imaginar quantas empresas são impactadas quando acendemos uma simples lâmpada em casa? Acredite se quiser: atrás de um simples toque no nosso…

Data de publicação:17/08/2021 às 06:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Você já parou para imaginar quantas empresas são impactadas quando acendemos uma simples lâmpada em casa? Acredite se quiser: atrás de um simples toque no nosso interruptor, existe todo um conjunto de empresas que formam o sistema de energia elétrica no Brasil.

No entanto, assim como acontece em outros segmentos, essas companhias também estão expostas a fatores externos ao seu negócio. É o caso, por exemplo, do clima. Boa parte das empresas do setor são altamente dependentes dos reservatórios de água, os quais, por sua vez, estão expostas aos volumes de chuva.

Ao longo das últimas semanas, uma pauta ganhou espaço especial no noticiário: a crise hídrica. Vamos então entender melhor como está esse cenário atualmente e como ele afeta todas as partes envolvidas — das empresas até o consumidor final.

O que é a crise hídrica?

Caso você ainda esteja meio perdido em relação a toda conversa sobre a crise hídrica, trata-se de uma preocupação em relação aos níveis dos reservatórios de água das empresas das usinas hidrelétricas brasileiras.

Neste ponto vale reforçar que, no Brasil, a geração de energia é realizada majoritariamente por meio das usinas hidrelétricas. Embora não seja a única fonte de produção energética do país, ela corresponde a aproximadamente 63% da geração no nosso país. Esse percentual, que já foi superior a 90%, ainda não permite um relaxamento sobre as condições climáticas.

Em um período com escassez de chuvas, por exemplo, os níveis dos reservatórios reduzem consideravelmente. No entanto, esse não é, nem de longe, o único desafio que leva uma nação a enfrentar uma crise hídrica. O próprio comportamento do consumidor, com maior uso de energia, exige que as reservas de água acompanhem esse consumo — o que, evidentemente, nem sempre acontece.

Quais são os desafios da crise hídrica?

Uma pergunta que temos visto com boa frequência nos assuntos relacionados ao setor de energia elétrica está nos impactos que a crise hídrica traz ao nosso país.

O primeiro deles é bastante evidente: um grande desafio na geração de energia elétrica. Uma vez que o país depende muito dos níveis de água para manter o seu fluxo produtivo, ele naturalmente é reduzido em períodos nos quais os reservatórios não são suficientes para atender a demanda da população.

Além disso, como consequência, as empresas que trabalham no início da cadeia produtiva (vamos conhecê-las na sequência deste artigo) sofrem um impacto negativo nas suas receitas. E esse cenário afeta boa parte do ecossistema energético.

O consumidor não passa ileso: ele é penalizado pela inflação. Sem condição de atender a demanda energética, as hidrelétricas precisam do suporte das usinas termelétricas, onde a geração é mais cara. Recentemente, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou um reajuste tarifário acima de 50%. De maneira prática, o aumento dos custos é repassado para o consumidor final na cobrança da luz.

Vamos enfrentar um racionamento de energia no Brasil?

Toda essa discussão acerca da crise hídrica leva a outro questionamento: teremos um novo racionamento no Brasil? Ainda não há uma resposta definitiva, algo que gera maior apreensão para os brasileiros.

O próprio Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, vem se contradizendo em suas falas. Mais recentemente, contudo, ele negou a possibilidade de racionamento em entrevista para a CNN: "eu diria que racionamento não, e trabalhamos para que não haja nenhum risco de apagão".

O racionamento é diferente do apagão. No racionamento, há um estímulo — com um leve tom de exigência — à redução no consumo. Quem não colabora, paga mais caro. Um eventual apagão represente o corte da energia em alguns períodos do dia, geralmente quando há maior demanda.

A negação desses dois cenários gera um certo alívio, mas a verdade é que não há como garantir que a situação não irá se agravar. O governo vem tomando medidas para evitar o colapso do sistema de energia — uma delas é o uso de usinas termelétricas mencionadas anteriormente. No entanto, é cedo para dizer que não haverá racionamento de energia.

Como a crise hídrica pode afetar o setor de energia elétrica?

A discussão sobre um possível racionamento, assim como já ocorreu em 2001, levanta preocupações para os investidores das empresas deste setor. Afinal, como elas são impactadas durante essa crise hídrica?

Em primeiro lugar, é importante entender que existem inúmeras companhias de energia elétrica na bolsa de valores. Contudo, nem todas possuem o mesmo formato de atuação e, portanto, não estão expostas aos mesmos riscos. Isso mesmo: antes de investir em qualquer empresa desse segmento, nós devemos compreender a sua função no sistema energético.

O fornecimento de energia que chega ao consumidor final — permitindo que pessoas como você ou eu tenhamos luz em casa — se divide em três etapas principais: geração, transmissão e distribuição. Vamos conhecer um pouco mais sobre cada um desses processos e a exposição deles à crise hídrica.

Geração

As empresas de geração de energia são aquelas responsáveis por produzir a energia elétrica com base em alguma energia primária. No Brasil, como agora você já sabe, o grande foco das companhias geradoras está nas usinas hidrelétricas. No entanto, há uma boa diversificação no país com outras fontes produtivas — como solar, eólica, gás natural ou biomassa, por exemplo.

As empresas geradoras de energia também estão mais expostas aos riscos ambientais. Afinal, como a sua atividade depende de uma fonte de energia primária, a natureza acaba sendo a provedora dos recursos necessários para a sua produção. Portanto, fatores como a escassez de chuvas podem impactar negativamente o desempenho do setor.

Na bolsa de valores, existem diversas empresas que atuam como geradoras de energia. É o caso, por exemplo, de Engie (EGIE3), AES Tietê (TIET11) e Cesp (CESP6).

Há também casos de companhias que diversificam suas atividades, como a Energias do Brasil (ENBR3). Neste caso específico, aproximadamente metade das receitas são originadas na geração elétrica. Contudo, há também atuação nas outras frentes do sistema, que veremos na sequência, gerando uma certa proteção para a empresa em relação aos riscos ambientais.

Transmissão

A energia que é produzida pelas empresas geradoras não aparece diretamente na casa do consumidor final. Há uma intermediação do processo, algo realizado pelas companhias transmissoras.

Em resumo, esse grupo é responsável por transportar a energia produzida pelas geradoras até algum centro consumidor de carga — local onde essa energia que foi gerada fica armazenada até ser solicitada pelo consumidor final.

Dentro do sistema de energia elétrica brasileiro, esse é considerado como o setor mais seguro. Isso porque as empresas transmissoras possuem suas receitas atreladas à disponibilidade das linhas de transmissão (e não pela quantidade de energia que passa por elas). Em outras palavras, caso a produção energética seja reduzida, não há tanto impacto no seu faturamento.

Existem duas empresas nas quais você pode investir que são "puras transmissoras" — isto é, atuam totalmente focadas nesta atividade. A primeira delas é a Transmissora Aliança de Energia Elétrica, conhecida popularmente como Taesa (TAEE11). A outra companhia da lista é a ISA CTEEP (TRPL4).

Novamente, existem empresas que diversificam suas atividades e, de alguma forma, possuem algum vínculo com a transmissão de energia. É o caso da própria Energias do Brasil (ENBR3), mencionada anteriormente, mas também da Alupar (ALUP11).

Distribuição

Por fim, fechando a nossa cadeia do sistema de energia elétrica, estão as empresas distribuidoras. Essas são as organizações que possuem a atribuição de receber a energia das linhas de transmissão e levá-la para o consumidor final. Ou seja, é o grupo que efetivamente faz com que a energia chegue até a casa das pessoas.

Dentro da cadeia produtiva, esse é o setor com maior risco. Em primeiro lugar, há uma forte regulação da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), algo que sempre torna a atuação mais competitiva e controlada.

Além disso, a relação com o consumidor possui uma alta exposição com o ciclo econômico. Em períodos de crise, a população tende a poupar energia — e, consequentemente, gastar menos, impactando diretamente o faturamento. Isso sem falar no maior risco de inadimplência. A chance de um calote do consumidor final é, em tese, maior do que em outras empresas (que são os clientes de geradoras e transmissoras).

Por outro lado, são companhias mais conhecidas por parte do investidor. Como são responsáveis pela energia elétrica na casa dos brasileiros, a marca das organizações são estampadas nas contas de energia. É o caso, por exemplo, de Equatorial (EQTL3), Energisa (ENGI11), Neoenergia (NEOE3) ou Cemig (CMIG4).

Afinal, como fica o impacto da crise hídrica nas empresas de energia elétrica?

Agora você já sabe que cada organização pode ter um foco diferente. Ou seja, ainda que a situação da crise hídrica não seja confortável, nem todas as companhias possuem uma posição preocupante.

Em primeiro lugar, o segmento de transmissão deve passar praticamente ileso ao período. As receitas são contratadas pelas linhas disponibilizadas e os contratos não estão atrelados à energia transmitida. Já para geradoras e distribuidoras, por outro lado, uma redução na produção pelo baixo nível dos reservatórios trará impactos financeiros negativos que devem ser monitorados.

Ainda assim, é necessário verificar caso a caso. A Engie, por exemplo, é uma geradora de energia que possui suas bases em regiões que estão menos impactadas — em especial no Norte e no Nordeste do país. Além disso, também possui investimentos em outras fontes energéticas como eólica ou solar.

Portanto, ainda que seja um tema extremamente relevante para as empresas de energia elétrica, a crise hídrica não afetará todos os negócios de forma uniforme. O investidor deve analisar individualmente cada companhia e os riscos aos quais ela está exposta.

Quais são as perspectivas para o futuro do setor de energia elétrica?

O objetivo deste artigo era compartilhar com você, nosso leitor, a dinâmica que envolve o sistema de produção de energia elétrica no Brasil, assim como atualizar o ambiente da crise hídrica.

Como vimos, existem diversos tipos de companhias até que a sua luz possa ser acesa em casa. E elas possuem vantagens competitivas e desafios completamente diferentes entre si. Para investir no setor, é fundamental conhecer esses detalhes antes de qualquer aporte. Ainda mais considerando a ampla variedade de empresas listadas na bolsa de valores.

E em relação à crise hídrica? É difícil cravar quais serão os próximos passos. A retomada da normalidade econômica, com redução das restrições causadas pela pandemia, é um risco. Pode elevar o consumo e agravar os níveis dos reservatórios. O jeito é acompanhar as notícias e, da maneira que for possível, evitar o desperdício de energia — até mesmo pensando em redução de custos.

Ademais, o ambiente desafiador da crise hídrica reforça a necessidade de seguir com o processo de diversificação das fontes de energia elétrica. Uma redução da dependência do sistema hidrelétrico é um bom sinal, mas ainda há muito a evoluir em outros tipos energéticos — como a produção eólica, solar, de gás ou biomassa, por exemplo.

Espero que o conteúdo tenha sido elucidativo e, em caso de dúvidas sobre o setor elétrico, basta deixar sua mensagem logo abaixo.

Sobre o autor
Stéfano Bozza
Formado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.
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