Índices e Indicadores

Ações, títulos públicos ou fundos multimercado, o que rendeu mais nos últimos 15 anos? Confira as comparações

Títulos públicos indexados à inflação e com juros prefixados são os campeões

Data de publicação:09/11/2022 às 05:00 - Atualizado 2 anos atrás
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A antiga crença de que, no longo prazo, a renda variável, em especial o investimento em ações tende a bater as demais aplicações, acaba de cair por terra. Ao menos no Brasil, quando o assunto é tempo, a renda fixa lidera, mesmo que aos passos de tartaruga - devagar e sempre.

A partir de um levantamento feito pelo Comparador de Ativos da Mais Retorno, observou-se que, desde outubro de 2007 até agora, considerando os cinco principais índices de referência dos mercados no período, há um domínio hegemônico da renda fixa. A liderança é do IMA-B, índice de referência dos títulos públicos, que se valorizou 458,57% no período.

Fonte: Comparador de Ativos da Mais Retorno

Inflação elevada e juros altos sustentam o campeão

O IMA-B, reúne na carteira os papeis indexados à inflação, as Notas do Tesouro Nacional da série B (NTNs-B). São papeis que remuneram com correção monetária mais uma taxa fixa de juros.

“No horizonte de tempo desse gráfico, desde 2007 até agora, o País viveu um período de inflação bastante alta e de taxas de juro também elevadas na maior parte”, comenta Luiz Souza, operador de renda variável da SVN.

A rentabilidade referenciada nas NTN-Bs é a maior desde 2007 e “o que o gráfico mostra é que o título que remunera com inflação mais uma taxa prefixada, medida pelo IMA-B, pagou mais que outros referenciais ao longo do tempo”, avalia Souza.

Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, diz que o IMA-B, por refletir títulos do Tesouro atrelados à inflação, é um índice bastante utilizado no longo prazo para a comparação de risco/retorno de outros títulos, “porque o Brasil é um país de inflação historicamente alta”.

Por essas características dos papeis que têm como referência, “é natural que esse índice tenha o melhor desempenho de 2007 para cá, porque o Brasil caminha com inflação elevada e esse título sempre garante ganho real pouco acima da inflação”, analisa Alves.

Investimentos defensivos

A segunda posição é do IHFA, índice de hedge fundos que simula o desempenho de fundos multimercado, com alta de 372,88%. Ele reflete o desempenho de fundos hedgeados, basicamente multimercados, que fazem alocação estratégica em vários tipos de segmentos (ações, commodities, crédito, moedas, juros).

Essa diversidade de ativos proporcionou uma trajetória mais estável, relativamente linear, a esses fundos nesse período, destaca Victor Zucchi Meneghel, especialista da Valor Investimentos.

Juro básico como referência

Na terceira colocação aparece o CDI, com variação acumulada de 280,68%. Referenciado na Selic, o juro básico da economia, “é o índice mais utilizado para comparação e o que se aproxima mais da inflação, porque é o juro que os bancos usam para negociar recursos entre eles, no interbancário”, explica Alves, especialista da Valor.

Ações na lanterninha

Os índices atrelados à renda variável, ao comportamento das ações, ocupam as duas últimas posições: o S&P 500, índice da bolsa americana, valorizou-se 153,08% e o Ibovespa, da bolsa brasileira, acumulou alta de 92,64% nesse período de 15 anos.

São resultados que refletem os tropeços das bolsas diante de crises. “Os dois índices caíram forte com a crise imobiliária do subprime nos Estados Unidos, em 2008”, analisa Zucchi Meneghel. “Passaram por períodos de recuperação, mas tiveram outros percalços pelo caminho e sofreram muito também com a pandemia da Covid.”

No universo de renda variável, as bolsas têm uma performance no longo prazo inferior ao do CDI brasileiro, porque inflação e juros altos fazem parte da história econômica brasileira. E isso favorece a renda fixa e a renda variável vai na contramão nesse processo, aponta Alves.

“Quando a renda fixa está boa, a variável tende a sofrer. Isso é indício de que juro no Brasil é quase sempre ótimo investimento”, avalia o especialista da Valor Investimentos.

Alves não se surpreende com posição do Ibovespa como o pior dos índices, atrás até do S&P 500. “O Brasil tem uma economia mais atrasada e oferece ainda alguns riscos adicionais ao Investidor.”

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Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.