Brasil encerrou 2021 com um recorde de 76,3% das famílias endividadas, diz CNC
Principal dívida foi no cartão de crédito
A proporção de brasileiros endividados encerrou o ano de 2021 em patamar recorde, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em dezembro, 76,3% das famílias possuíam dívidas, maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2010, de acordo com os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta terça-feira, 18.
Na média do ano, 70,9% das famílias estavam endividadas, um aumento de 4,4 pontos porcentuais em relação aos 66,5% registrados na média de 2020.
"A taxa de incremento de famílias com dívidas também foi a maior já observada, revelando que as famílias recorreram mais ao crédito para sustentar o consumo".
CNC, em nota à imprensa
Quais são as dívidas das famílias?
A pesquisa da CNC considera como dívidas:
- As contas a pagar em cartão de crédito;
- Cheque especial;
- Cheque pré-datado;
- Crédito consignado;
- Crédito pessoal;
- Carnês;
- Financiamento de carro;
- Financiamento de casa, entre outras modalidades.
Dívidas das famílias X Inadimplência
Embora o endividamento tenha aumentado, houve pequena redução na inadimplência em 2021. O porcentual de famílias com contas ou dívidas em atraso diminuiu 0,3 ponto porcentual, de uma média de 25,5% em 2020 para 25,2% no ano passado. No mês de dezembro, porém, o total de inadimplentes foi mais elevado: 26,2%.
"Após iniciar 2021 em patamar superior ao observado no fim de 2020, o indicador reduziu-se até maio, mas passou a apresentar tendência de alta desde então, encerrando o ano em 26,2% das famílias, acima da média anual. Apesar de a proporção de famílias com contas/dívidas atrasadas ter acirrado no último trimestre do ano, vale notar que o máximo já observado no percentual do indicador ocorreu em agosto de 2020, quando alcançou 26,7%".
CNC, no estudo
A proporção de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes, diminuiu de 11,0% na média de 2020 para 10,5% em 2021. No mês de dezembro, essa fatia de consumidores que permaneceriam inadimplentes era de 10%.
Perspectivas para 2022
Os números indicam que, ainda que em condições financeiras mais difíceis, os consumidores conseguiram quitar seus compromissos financeiros, mas a tendência é de alta na inadimplência neste início de 2022, avaliou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC.
"Os consumidores seguirão enfrentando os mesmos desafios financeiros da segunda metade de 2021, principalmente inflação, juros elevados e mercado de trabalho formal ainda frágil. Soma-se a isso o vencimento de despesas típicas do primeiro trimestre, que deverá apertar ainda mais os orçamentos domésticos neste período", justificou Izis Ferreira, em nota.
Principais dívidas em 2021
Tipo de dívida | % de famílias que declararam ter essas dívidas |
Cartão de crédito | 82,6% |
Carnê | 18,1% |
Financiamento de carro | 11,6% |
Fonte: CNC