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Foto: Unsplash/Scott Grahan
Economia

Com surpresa no IPCA de outubro, especialistas revisam projeções para juros, inflação e PIB

Mercado espera por inflação e juros mais altos e crescimento econômico mais baixo

Data de publicação:16/11/2021 às 07:00 -
Atualizado um ano atrás
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Mais uma vez, a inflação surpreendeu negativamente o mercado e levou analistas a uma revisão de suas projeções macroeconômicas. Na última quarta-feira, 10, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, que subiu 1,25% em outubro, acumulando alta de 10,67% em 12 meses e de 8,24% em 2021.

A curva de aceleração da inflação ao longo do ano fez crescer as expectativas, também, para o IPCA de 2022 e, nesse sentido, o mercado já começa a esperar que o Banco Central (BC) adote uma postura ainda mais firme na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e eleve a Selic, taxa básica de juros - hoje em 7,75% ao ano -, em mais de 1,5 ponto percentual (p.p.), como sinalizado na última ata divulgada pelo colegiado.

Foto: Arquivo inflação
Inflação mais alta deve levar o Banco Central a forçar mais a mão na alta dos juros | Foto: Arquivo

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, explica que o único recurso que o BC tem para reduzir a escalada de preços e trazer a inflação para o mais perto do centro da meta de 2022, de 3,5%, é, justamente, elevar a taxa de juros. Assim, ela espera que o Copom suba a Selic em, pelo menos, 2 p.p. no encontro de dezembro, com a taxa encerrando o ano a 9,75%.

Atualmente, as projeções da corretora para o IPCA no próximo ano giram em torno de 5,10%. Carla, entretanto, destaca que, com dependendo dos rumos econômicos do País, essa projeção pode subir bem acima da meta do BC.

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, projeta uma alta de mesmo nível, de 2 pontos, para a taxa de juros na reunião de dezembro. "Avaliamos que a autoridade monetária terá que se mostrar mais austera do que o matematicamente necessário para buscar a convergência, a fim de mostrar o severo compromisso com o regime de meta de inflação, que vem sem colocado em descrédito", afirma ele.

A inflação e o ciclo de aperto monetário

Com a escalada dos preços, a economista da CM Capital acredita que o ciclo de aperto monetário da Selic pode levar a taxa aos 14,25% ao ano - ou até mais do que isso. Vale lembrar que este foi o nível máximo que a Selic chegou em 2016, em meio à crise política que levou ao impeachment de Dilma Rousseff.

"Que a inflação feche o ano perto dos 10% quando o limite da meta era 5,25% mostra que o Banco Central errou muito a mão e, se isso acontecer de novo em 2022, será uma nova derrota para a instituição", explica Carla sobre suas considerações sobre uma alta mais acentuada da Selic.

A equipe econômica da Ativa também revisou suas estimativas para a trajetória de alta da Selic, mas com menos intensidade. Segundo a corretora, a taxa de juros deve passar por mais um aumento de 2 p.p. em fevereiro, chegando a 11,75% e, posteriormente, uma alta de 1,5 p.p. em março, com o juro a 13,25%.

"Não obstante ao avanço da Selic, as expectativas deverão continuar pressionando o ano de 2022, assim, passamos a projetar inflação em 4,4% para o ano que vem", explica Sanchez.

O economista pontua, ainda, que, "apesar de chegarmos a 13,25% de Selic, já no primeiro trimestre de 2022, o ano se encerrará em patamar mais baixo, visto que o IPCA de 2023 deverá ceder para 2,8%. Com reduções de 0,5 p.p. nas últimas 3 reuniões de 2022, o Copom deverá entregar a Selic em 11,75% no final daquele ano. A trajetória cadente e o ritmo deverão ser mantidos no início de 2023 até a convergência da taxa conjuntural para a estrutural em 7,5%".

Em análise, o Banco Inter, que projeta uma inflação de 4,7% em 2022, afirma que a Selic deve chegar a 11% no próximo ano "o que deve resultar no desaquecimento da demanda e impedir maior espalhamento da inflação futura. Além disso, a potência da política monetária hoje é bem maior que no passado, com o fim do uso do crédito subsidiado, ausência de expansão fiscal significativa e taxa de desemprego ainda elevada".

Para Carla Argenta, não deixa de ser positiva a expectativa do mercado de um ciclo de aperto monetário sendo encerrado em meados 2022. Isso indica que, apesar do cenário macro deteriorado, os especialistas acreditam no potencial do BC de convergir a inflação para dentro da meta ainda em 2022.

Crescimento econômico e dólar

Uma maior pressão inflacionária corrói o poder de compra dos consumidores ao mesmo tempo em que juros altos encarecem o crédito e financiamento, para empresas e pessoas. Isso leva a uma queda do consumo, provocando uma desaceleração do crescimento econômico.

Daí porque as instituições têm revisando não só as expectativas para o IPCA e a Selic, mas para o Produto Interno Bruto (PIB). O Banco Inter e a Ativa Investimentos esperam que o PIB em 2022 tenha alta de 0,5%. Já a CM Capital projeta que o indicador econômico cresça 0,9%.

Carla ressalta, no entanto, que novas revisões baixistas podem acontecer a depender do cenário econômico. "É uma tempestade perfeita, um conjunto de fatores muito ruim e a única coisa que o Banco Central pode fazer é subir a Selic", afirma a economista.

Em relação ao dólar, uma valorização acentuada frente ao real nos próximos meses pode contribuir para uma pressão inflacionária ainda maior, explica o Inter. Carla considera que em 2022 o cenário eleitoral será determinante para o preço da moeda americana.

A economista prevê três possíveis cenários pela frente. O primeiro deles, caso surja alguma surpresa e um candidato à presidência da República de terceira via ganhe projeção, o dólar poderia passar por um período de desvalorização, chegando à mínima de R$ 4,75.

Em um cenário não muito diferente do que se tem hoje, com uma polarização no campo eleitoral entre dois possíveis candidatos - Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula -, Carla espera que a moeda americana fique estável próxima do patamar em que se encontra, perto dos R$ 5,50.

A economista considera que, caso o cenário se deteriore muito mais, principalmente com a possibilidade de entraves no andamento das pautas do governo no Legislativo, como a PEC dos Precatórios e as reformas, por exemplo, o dólar venha a operar muito próximo ou até acima dos R$ 6 em 2022.

Sobre o autor
Bruna Miato
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