Economia

Com queda da energia, inflação cairá de 9% para 5% ou 4%, diz presidente do BC

Queda nos preços da energia deverá ter forte impacto na inflação

Data de publicação:23/08/2022 às 03:05 - Atualizado 2 anos atrás
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira, 23, que a queda nos preços de energia poderá levar a inflação a cair de 9% para 5% ou 4% ao ano. "Já o trabalho de reduzir inflação de 4% para 2% é diferente. Precisamos estar preparados", afirmou, em participação no 18º International Investment Seminar, promovido pelo Moneda Asset Management, em Santiago, Chile.

No evento, Campos Neto ressaltou que os preços das commodities começam desacelerar. Ele também ponderou que "está dado" que a economia dos Estados Unidos irá desacelerar e que isso não é questionado pelo mercado. "Devemos nos preocupar se desaceleração dos EUA vier com inflação ainda alta", completou.

Desaceleração nos preços das commodities também vai ajudar na queda da inflação - Foto: Envato

O presidente da autoridade monetária acrescentou que muitos países ainda não estão com a política monetária em "território restritivo", o que é necessário para controlar a inflação, e que o Brasil começou a subir juros mais rápido. "Os mercados dizem que maior parte do trabalho no Brasil está feito", afirmou. "As condições financeiras ficaram apertadas muito rápido. Temos que fazer nosso trabalho, condições financeiras são muito voláteis."

Campos Neto ainda disse que bancos centrais ao redor do mundo falharam em ver que os preços de energia já estavam subindo antes mesmo da crise na Ucrânia. Ele afirmou que isso ocorreu porque, com a pandemia, houve um aumento no consumo de bens em detrimento do consumo de serviços. "A inflação de energia no Brasil está caindo devido a medidas recentes do governo", completou.

Resultados na inflação ainda demoram

Campos Neto disse que as medidas do BC ainda não tiveram efeito sobre a inflação, e por isso não celebra o recuo nos índices de inflação registrados recentemente. "Ainda há muito trabalho a fazer", afirmou. "Maior parte do trabalho do BC ainda não impactou preços."

Ele previu três meses de deflação decorrentes das medidas adotadas pelo governo para baixar o preço dos combustíveis.

Mas ressaltou outras variáveis, como questões sobre taxa de equilíbrio de desemprego no Brasil. "Ainda vemos inflação de serviços subindo, com moderação em núcleos", acrescentou.

Ganho de tração da economia

O presidente da autoridade monetária defendeu que o ganho de tração da economia também decorre de reformas aprovadas e disse que o emprego tem sido a "grande surpresa positiva" no Brasil.

Campos Neto disse que os países da OCDE estão revisando as previsões de crescimento de suas economias para baixo, enquanto, no Brasil, as projeções estão sendo mudadas para cima. "Boa parte das revisões de PIB para cima no Brasil decorre de medidas do governo", afirmou.

No evento, o presidente da autoridade monetária ressaltou ainda que os modelos apontam grande probabilidade de recessão nos EUA.

Incerteza fiscal

O presidente do Banco Central ressaltou também que há incertezas fiscais adiante com as eleições, sobre qual será o arcabouço fiscal a ser adotado no próximo governo. Ele ressaltou que parte da melhora fiscal registrada pelo atual governo, com a arrecadação em alta, decorreu da inflação e da mudança de consumo que, com a pandemia, foi direcionado para bens, que pagam mais impostos, em detrimento de serviços, menos tributados.

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