Economia

Com melhora no clima político no Brasil, ativos descolaram do mau humor do exterior em abril, diz gestora

Segundo a gestora Manatí, o prêmio de risco elevado na precificação dos ativos domésticos é fruto da angústia quanto à direção macroeconômica do atual governo

Data de publicação:23/05/2023 às 08:00 - Atualizado um ano atrás
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A melhora no cenário político no Brasil permitiu uma descorrelação entre os ativos de renda variável domésticos, que foram bem em abril, e os internacionais, que derraparam pelo aumento dos riscos sistêmicos globais, pontuam os gestores da Manatí em carta mensal enviada aos cotistas.

“Há algum tempo, tem-se observado um prêmio de risco elevado nas curvas e precificação dos ativos domésticos, fruto da angústia quanto ao direcionamento macroeconômico a ser imprimido pelo atual governo”, afirma a gestora no documento.

Apresentação do arcabouço fiscal dissipou percepção de risco em relação a ativos brasileiros - Foto: Reprodução

Investidores esperaram pelo pior diante de frequentes e recorrentes ataques a travas que restringiam os gastos públicos visando a responsabilidade fiscal, pelo próprio presidente Lula e por outras autoridades do governo.

Além disso, a memória recente da crise econômica enfrentada  pelo País em meados da década passada, “com potencial egoísmo do executivo levando a agendas cada vez mais ideológicas”, trouxe preocupações extras ao mercado, destacam os gestores.

Alívio com arcabouço fiscal

Com o arcabouço fiscal, independentemente de sua real qualidade e possibilidade de execução, a gestora ressalta que, de concreto, grande parte dos prêmios de risco foi dissipada à medida que houve maior detalhamento da proposta à sociedade.

“Certamente não é o plano ideal e trabalhar com a convergência do endividamento soberano em maior parte fundamentado pelo crescimento da arrecadação é questionável, mas o fechamento da curva de juros e performance dos demais ativos de risco traz uma sinalização digna de nota”, afirmam os profissionais da Manatí. 

Desde então, o real se valorizou frente ao dólar, que veio abaixo de R$ 5,00, e o índice da Anbima (IMA-B 5+), que reflete o comportamento de uma carteira teórica formada por títulos do Tesouro IPCA, avançou 3,0%. Um reflexo do fechamento robusto das taxas dos títulos públicos indexados à inflação de longa duração. 

Ao mesmo tempo, é positivo o contrapeso exercido pelo Congresso que embora tenha sido classificado como “falta de articulação política", na realidade tem atuado na reavaliação de temas controversos propostos pelo governo. Na prática, isso deve mitigar riscos de retrocesso relevante em relação aos avanços econômicos conquistados recentemente.

“Em se tratando de avanços econômicos, a independência do Banco Central segue a todo vapor, com atuação à prova de críticas generalizadas até o momento” ressalta a gestora. 

Juros e inflação

Embora a expectativa seja grande em relação ao início do ciclo de queda na taxa de juros, os gestores consideram que existe uma desancoragem importante em relação às projeções de inflação.

A leitura mais recente do IPCA trouxe surpresas negativas quanto aos preços de serviços, o que indica resistência em relação ao processo de desinflação em curso. Mas sua velocidade mantém aberta as possibilidades e discussões para o primeiro corte da Selic e sua taxa final após o término do respectivo ciclo. 

Para os gestores, o cenário ainda remete a uma oratória ainda áspera e dura. No entanto, eles observam que o movimento de desvalorização de algumas commodities pode trazer viés de melhora para as leituras de inflação no curto prazo. 

Além disso, a percepção de eficácia do novo arcabouço fiscal por parte do Banco Central para ancoragem das expectativas macroeconômicas do País pode levar a uma redução da taxa de juros neutro. 

Há outro risco conjuntural, que pode interferir na trajetória dos juros e que deve ser considerado, ligado à nomeação de novos diretores para o Banco Central, além do término do mandato do atual presidente da autarquia no ano que vem e indicação para o posto por parte do governo em exercício. 

Mana11

O Manatí Capital Hedge Fund Fundo de Investimento Imobiliário, Mana11, teve início em maio de 2022, conta com 2.396 cotistas e um patrimônio de R$ 189,95 milhões.

A maior parte dos recursos está investida em operações originadas na própria gestora, com bom risco de crédito e ganhos de capital proveniente de trading de alocações táticas ou de oportunidades. O retorno é equivalente ao CDI e mais uma taxa de 4,1% ao ano, ou IPCA mais taxa de 8,5% ao ano. 

Segundo a gestora, “o fundo atingiu 14,48% de performance acumulada, de acordo com o patrimônio líquido ajustado pelos dividendos distribuídos”, desde o seu lançamento.

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Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.