Finanças Pessoais

Com a inflação de agosto, negativa em 0,36%, confira o ganho real dos investimentos

Inflação acumulada em 2022 caiu para 4,39%, com a deflação em julho e agosto

Data de publicação:09/09/2022 às 09:28 - Atualizado 2 anos atrás
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Uma vez divulgada a inflação oficial de agosto do País, medida pelo IPCA, que foi negativa em 0,36%, é a hora de saber quanto cada investimento pagou de ganho real no período.

A renda fixa em geral, mais principalmente os fundos de renda fixa, continua surfando no ciclo de elevação da taxa básica de juros, a Selic. É a classe de ativos em que os gestores encontram um cenário de mais oportunidades para rentabilizar o cotista, com uma estratégia que mescla a carteira com títulos públicos e privados, com taxas de juro mais altas.

Com juros altos e deflação em agosto, rendimento da renda fixa fica mais atraente - Foto: Envato

Fundos de renda fixa

O rendimento da carteira híbrida desses fundos de renda fixa é beneficiado ainda pela reviravolta na inflação. De uma trajetória persistentemente em alta até junho, a inflação deu um cavalo-de-pau e virou negativa. Um movimento que de repente transformou todo o ganho dos fundos de renda fixa e da maioria dos demais em rendimento positivo. Encorpado pela deflação.

Levantamento da Mais Retorno, com pesquisa em sua base de dados, mostra que dez fundos de renda fixa renderam mais de 10% no ano, até agosto. Desempenho que supera por ampla margem a variação de 7,72% do CDI, o benchmark dessa classe de ativos, acumulada no período.

Levam vantagem em rentabilidade principalmente os fundos de renda fixa em que os gestores dividem o espaço da carteira com títulos públicos e privados, alocando parte do portfólio com papeis de emissão bancária, como CDBs, e títulos corporativos, como debêntures incentivadas.

Os títulos privados costumam oferecer taxas mais atraentes para compensar o risco mais elevado que supostamente carregam em relação aos papeis de emissão do Tesouro. As debêntures incentivadas, ademais, são isentas de imposto de renda sobre o rendimento.

Os papeis de emissão privada, especialmente as debêntures, também têm contribuído para dar musculatura à rentabilidade de alguns fundos multimercado. Uma classe de ativos que, como a de ações, tem sofrido com a baixa performance da bolsa de valores e de ativos negociados no mercado internacional.  

Fundos de ações

A bolsa de valores tem enfrentado acirrada concorrência da renda fixa turbinada pela temporada de juros altos, em um ambiente que o investidor se preocupa com muitas incertezas em renda variável. Muitos fundos de ações estão no vermelho no mês e no ano.

Um grupo de fundos de ações bem-sucedidos é o que adota uma estratégia mais defensiva, de proteção da carteira. Sua gestão mira papeis de empresas sólidas e boas pagadoras de dividendos.

Ponto comum desses fundos é a formatação de carteiras praticamente padronizadas, formadas quase sempre pelos mesmos papeis, os avaliados como mais resistentes e com mais perspectiva de valorização em um ambiente de elevada turbulência e instabilidade.

Fundos multimercado

Os fundos multimercados, por contarem com mais flexibilidade na composição da carteira, apresentam resultados mais interessantes: 8 deles apresentam rendimento acima de 40% no ano, batendo de longe a inflação acumulada de 4,39%. Mas há fundos que também estão no negativo.

Deflação reforça ganho da renda fixa

O ciclo de alta da Selic, por si só, favorece as aplicações de renda fixa. Mas o que já estava bom para o investidor mais conservador ficou melhor com a inesperada rodada de deflação ou variação negativa da inflação.

O investidor que se suportou o juro negativo quando a Selic estava em 2% ao ano e a inflação em alta viu o ganho nominal da renda fixa todinho virar juro positivo. A deflação tornou o rendimento real mais atraente.

Foi o que ocorreu em julho, quando o IBGE apurou uma deflação de 0,68%, que se repete agora, com a inflação negativa de 0,36% em agosto. Um alívio trazido pelas medidas do governo para baixar os preços de combustíveis e energia, embora os demais itens de consumo, sobretudo os alimentos, persistam em alta.

Com a variação negativa de 0,36% do IPCA em agosto, é possível calcular qual foi o ganho real das principais aplicações de renda fixa em agosto. Mês em que o juro real positivo correspondeu à soma do rendimento nominal e deflação.

Inflação de agosto negativa torna ganho real mais atraente

Aplicação/indicadorGanho nominalGanho real
Bolsa - Ibovespa6,16%6,54%
Fundos Imobiliários (Ifix)5,76%6,14%
CDBs1,15%1,51%
Fundos de Renda Fixa1,14%1,50%
Fundos DI1,13%1,49%
Poupança0,74%1,10%
Dólar0,51%0,87%
Títulos IPCA0,21%0,57%
IPCA-0,36%--
IGP-M-0,70%--
Fonte: Fábio Colombo
Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.