Renda Fixa

Com nova alta da Selic, veja o que pode acontecer com o dólar em agosto

Incertezas fiscais no País e alta dos juros americanos são os dois principais vetores para manter o real depreciado neste mês

Data de publicação:04/08/2022 às 05:00 - Atualizado 2 anos atrás
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O real deve continuar em desvalorização perante o dólar em agosto, de acordo com as expectativas da equipe de Macro & Estratégia do BTG Pactual. Os vetores principais que manteriam o real depreciado, apontam os analistas, são as incertezas fiscais, no cenário doméstico, e o ciclo de juros comandado pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano). A alta da Selic também deve exercer a sua influência segundo a economista da Ourinvest.

Em relatório sobre o cenário para o câmbio, Álvaro Frasson, Arthur Mota, Leonardo Paiva e Luiza Paparounis, da equipe de análise, avaliam que o Fed não deve abrandar a política de aperto dos juros.

Foto: Envato

A previsão é que, nesse ciclo em curso, a taxa de juros dos Fed funds avance para um intervalo entre 3,50% e 3,75% ao ano no fim de 2022. No momento, ela está em uma faixa entre 2,25% e 2,50% ao ano.

Embora o PIB americano tenha recuado dois trimestres seguidos, os analistas não caracterizam o primeiro semestre como recessivo. E tampouco veem espaço para que o Fed mude o tom duro com a política monetária diante de sua preocupação com a estabilidade de preços.

Juros americanos em alta, o que reforça a atratividade dos títulos de renda fixa, deve atrair capitais para investimento nos EUA, um cenário que favorece a desvalorização de moedas emergentes, caso do real.  

O ambiente doméstico também não é visto como amigável à valorização do real, dada a preocupação com o rumo das contas públicas. Para a equipe de análise do BTG Pactual, o risco fiscal voltou ao centro dos temas domésticos responsáveis pela precificação da moeda brasileira.

O ambiente de incertezas fiscais, criado com a aprovação pelo Congresso de projetos que reduzem impostos e, com eles, os preços de combustíveis e de energia elétrica, levou a equipe de analistas do banco a revisar a Selic para 14% no fim de 2022 e para 11% no fim do próximo ano.

É um quadro de viés altista para os juros que “pode colaborar na margem para uma taxa de câmbio mais apreciada, mas o quadro global e o fiscal doméstico neste momento e a perspectiva à frente são compatíveis com taxa de câmbio ao final deste ano e do próximo ano com nosso cenário alternativo, com o dólar a R$ 5,20”.

Uma análise pelo modelo alternativo, com a incorporação de eventos recentes que impactaram o câmbio, aponta que o patamar atual ao redor de R$ 5,25 por dólar deve ser mantido pelo menos até meados de setembro, “quando esperamos movimento de depreciação do real, devido à nova decisão do FOMC (Comitê de Mercado Aberto do Fed, sobre os juros nos EUA) e à proximidade do pleito eleitoral no Brasil”.

Para Fernanda Consorte, economista do banco Ourinvest, o câmbio por esses dias deverá ficar mais atento à leitura do comunicado do Copom e as próximas decisões em relação à Selic. E em horizonte mais à frente aos passos da política monetária do Fed e aos primeiros lances na largada da campanha eleitoral dos principais candidatos à corrida presidencial.

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.