4 capitais brasileiras estão entre as mais baratas para se morar na América Latina; confira
Preço para a compra de imóvel na capital Argentina chega a quase US$ 2,5 mil (R$ 13 mil) o m²
Buenos Aires é a cidade mais cara para se morar na América Latina, São Paulo é a quarta mais onerosa no quesito locação, e Brasília aparece como a quinta com o preço mais alto para a compra de um imóvel. Esses são alguns destaques de um estudo inédito realizado pelo QuintoAndar na região.
A pesquisa foi feita entre as 12 cidades mais populosas de 6 países - Argentina, Brasil, Equador, México, Panamá e Peru - a partir de anúncios imobiliários de sites especializados. Juntas, as cidades comportam mais de 55 milhões de habitantes.
Cidade | Preço m² compra em US$ |
---|---|
Buenos Aires | 2.479 |
Cidade do México | 2.200 |
Cidade do Panamá | 2.129 |
Lima | 1.883 |
Brasília | 1.866 |
Rio de Janeiro | 1.784 |
São Paulo | 1.725 |
Quito | 1.155 |
Curitiba | 1.144 |
Belo Horizonte | 1.117 |
Salvador | 1.112 |
Porto Alegre | 990 |
Em relação à de outros países, as cidades brasileiras não estão no topo dos preços mais elevados na moradia. As três mais caras tanto para alugar como para comprar um imóvel são Buenos Aires, Cidade do México e Cidade do Panamá.
"De uma maneira geral os preços dos imóveis no Brasil estão um pouco defasados. A gente observou um crescimento bastante expressivo no período de 2000 a 2012 e desde então houve desaceleração", observa o economista do QuintoAndar, Vinícius Oike.
Ele esclarece que a partir de 2015 houve um estagnação do setor imobiliário e até uma redução dos preços dos imóveis em consequência da recessão que o País atravessou. Recentemente, nos últimos anos, nos últimos meses, é que se nota uma recuperação mais acentuada do segmento.
E o que explica Buenos Aires apresentar os preços mais salgados para comprar e alugar um imóvel? Oike diz que historicamente, Buenos Aires sempre foi uma das cidades mais caras da América Latina. Há 3 ou 4 anos, os preços chegaram a patamares superiores aos de hoje.
Vale a distinção, no entanto, que esses preços referem-se ao miolo de Buenos Aires, da Cidade Autônoma, uma espécie de microcosmo com um contingente de 3 milhões de habitantes: "Uma região bastante densa, superverticalizada, muito consolidada, com terrenos nobres e valorizados". Um contraponto com a toda a região metropolitana da cidade, com uma população entre 17 e 18 milhões de moradores.
O ranking de preço da locação
A inflação, a valorização do dólar e as elevadas taxas do crédito para a habitação têm feito com que muitos consumidores adiem os seus planos de compra de um imóvel e continuem no aluguel. O ponto é que, como o preço de venda está mais elevado, as pessoas partem para a locação, reduzindo o estoque para aluguel.
São Paulo é a cidade mais cara do País e a 4ª da América Latina quando o assunto é aluguel. A mais barata é Curitiba.
Cidade | Preço m² aluguel em US$ |
---|---|
Buenos Aires | 11.8 |
Cidade do México | 10,7 |
Cidade do Panamá | 10.5 |
São Paulo | 8.6 |
Lima | 8.4 |
Brasília | 6.9 |
Quito | 5.7 |
Salvador | 5.5 |
Rio de Janeiro | 5.1 |
Belo Horizonte | 4.9 |
Porto Alegre | 4.1 |
Curitiba | 3.9 |
“Durante a pandemia, houve uma curiosa combinação de fatores que se traduziu num pequeno boom imobiliário. E é possível perceber que o mercado na América Latina está hoje, em boa parte, aquecido", constata o economista.
E pode parecer contraditório, mas a Argentina é uma exceção, segundo ele. "Buenos Aires vive um cenário de muita oferta e pouca procura. Ainda assim, com a inflação em alta, os preços de imóveis na capital são comparativamente maiores que os de outras cidades da região”, complementa.
Comprometimento de renda
Um dado preocupante, também extraído da pesquisa, aponta para uma situação crítica sobre o peso do aluguel no orçamento dos inquilinos. Entre as 12 cidades, em apenas 3 o comprometimento de renda é inferior a 30% da renda: Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Ou seja, na maioria delas, a despesa com moradia tem um peso considerável nos ganhos do morador.
Outro indicador de dificuldades financeiras da população da região é detectado pelo número de anos que uma família precisa comprometer a sua renda para conseguir comprar um imóvel, que está na faixa entre 7 e 10 anos. As melhores condições, ainda assim alarmantes, são encontradas em Belo Horizonte que aponta para um período ligeiramente inferior a 7 anos.
“Os valores de comprometimento para compra são bastante similares e também indicam uma baixa acessibilidade financeira. Já os valores no aluguel apontam para um mercado formal descolado da renda familiar média. No caso da Cidade do México, há uma fatia expressiva do mercado que atende estrangeiros, que tipicamente têm renda muito mais elevada que a família média local”, ressalta Oike.
Preferência por apartamentos
A pesquisa também mostra que em 11 das 12 cidades analisadas, a procura por apartamentos supera as buscas por casas. A exceção na lista é Quito, em que a demanda por casas é de 54%.
No Brasil, na média, o nível de busca online por apartamentos fica em 60%, mas há cidades como Brasília em que ele sobe para 70%.
"De maneira geral, nas capitais e grandes cidades da América Latina existe de fato uma preferência pelos apartamentos", diz Oike. Um comportamento que, segundo ele, pode ser explicado em parte pela concentração populacional elevada, em cidades que viveram processos acelerados de urbanização, e em parte pela busca de segurança.
Em Salvador, por exemplo, a procura maior é não apenas por apartamentos mas pelos condomínios que oferecem outros itens de segurança, como portaria 24 horas.