Captações de renda fixa batem recorde histórico em 2022, mostra Anbima
Com volume de R$ 456,9 bilhões, esse resultado foi impulsionado pela emissão de debêntures
No mercado de capitais em 2022, as captações de renda fixa bateram recorde histórico, com volume de R$ 456,9 bilhões no período, de acordo com o levantamento da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Esse resultado foi impulsionado pela emissão de debêntures (cerca de R$ 271 bilhões). Se analisado somente o mês de dezembro, o volume de emissões de debêntures correspondeu a R$ 36 bilhões, o maior para esses títulos durante 2022.
Antonio van Moorsel, estrategista-chefe da Acqua Vero Investimentos, afirmou que o volume recorde de emissões corporativas em 2022 deriva sobretudo da conjuntura macroeconômica.
Ele cita o aperto monetário feito pelo Banco Central, a Selic no patamar de 13,75%, movimento que atiçou o interesse dos investidores por alcançar essa rentabilidade e bater a inflação nos rendimentos.
“Em paralelo, as incertezas domésticas e globais contribuíram para maior aversão ao risco, estimulando o êxodo da renda variável para a renda fixa e, por sua vez, aquecendo ainda mais a demanda por tais títulos”, diz.
Para o mercado de capitais como um todo, o ano de 2022 não foi tão positivo assim. De acordo com a Anbima, as ofertas entre janeiro e dezembro captaram R$ 543,8 bilhões, uma queda de 11% na comparação com o mesmo período de 2021.
CRAs, CRIs e CRs
Dentro da renda fixa, o destaque ficou para os CRAs e CRIs. Os Certificados de Recebíveis Agrícolas e Imobiliários captaram R$ 91,1 bilhões no ano passado, número também recorde para a série iniciada em 2012.
Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, explica que a maior procura por CRIs e CRAs se deu pela alta de juros, com a grande vantagem de isenção fiscal para o investidor pessoa física.
De acordo com a Anbima, os CRs (Certificados de Recebíveis) são uma novidade no segmento da securitização e ajudam a democratizar o acesso ao mercado de capitais. Isso por que esse tipo de ativo serve de instrumento para o financiar empresas menores, em setores além do agrícola e do imobiliário, ainda segundo a instituição.
O volume de emissões de CRs encerradas em dezembro foi de R$ 100 milhões. A maior parte do montante foi subscrito por intermediários e demais participantes ligados à oferta (60%).
As pessoas físicas absorveram cerca de 40% de sua colocação, mesmo não possuindo benefício fiscal na compra desses ativos, o que mostra o potencial desses papéis no segmento de varejo.
FIDCs
Já as emissões de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) somaram R$ 46,2 bilhões no ano. A Anbima destaca que o instrumento se projeta como promissor no varejo, em virtude da modernização da regra de fundos.
“As novas regras para fundos de investimentos anunciadas pela CVM contribuem para o horizonte promissor dos FIDCs em 2023. Antes da mudança, apenas investidores qualificados e profissionais acessavam os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios. Agora, o investidor de varejo também poderá acessa-los, o que naturalmente aumenta o 'público-alvo' dos gestores especializados”
Antonio van Moorsel, estrategista-chefe da Acqua Vero Investimentos
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