Capital estrangeiro na Bolsa é negativo em mais de 5 bilhões em julho
O fluxo de capital estrangeiro na B3, a Bolsa de Valores brasileira, que vinha numa forte tendência de crescimento desde abril deste ano, virou o sinal…
O fluxo de capital estrangeiro na B3, a Bolsa de Valores brasileira, que vinha numa forte tendência de crescimento desde abril deste ano, virou o sinal e, até a última sexta-feira, 22, estava negativo em R$ 5,031 bilhões, considerando apenas a movimentação sobre as ações já listadas. Se os últimos dias de julho confirmarem este movimento de saída do investidor internacional da Bolsa, será a primeira vez desde março que o saldo mensal não terá fechado no azul.
No mês, enquanto o fluxo de compra de ativos brasileiros está na casa dos R$ 210 bilhões, as vendas já ultrapassaram os R$ 215 bilhões. Especialista explica que esse resultado negativo pode ser justificado, principalmente, pela busca por realização de lucro.
De acordo com Rodrigo Moliterno, Head de Renda Variável na Veedha Investimentos, muitos dos ativos negociados na B3 viveram um período de valorização acentuada nos últimos meses. Assim, o investidor estrangeiro tende a optar por vender suas posições nestes papéis para embolsar os lucros.
E os números dão respaldo a essa análise do especialista. As maiores altas registradas na B3 no primeiro semestre ultrapassaram uma variação positiva de 100%, o que leva à mudança de posição. Considerando o fechamento desta segunda-feira, dia 26, 4 empresas se destacaram com os resultados acumulados.
- Braskem (BRKM5): valorização de 155,62%
- Banco Inter (BIDI11): valorização de 143,46%
- Hering (HGTX3): valorização de 127,33%
- Embraer (EMBR3): valorização de 116,49%
Na contramão, apareceram as ações do Grupo Pão de Açúcar, com uma variação negativa de 40,83% no mesmo período.
Influência do dólar mais baixo
Embora a busca pelo lucro seja a principal justificativa para um fluxo de capital estrangeiro com saldo mensal negativo até aqui, Moliterno explica que a recente desvalorização do dólar ante o real também pode ter contribuído para este resultado.
Quando há uma forte procura por ativos brasileiros, levando ao avanço do Ibovespa, a moeda americana tende a cair porque há uma maior oferta de dólar trazido pelo estrangeiro, que precisa convertê-los em reais para efetivar as suas compras.
Fluxo de capital estrangeiro em 2021
Mesmo com o resultado negativo para julho registrado até a última sexta-feira, o saldo de capital estrangeiro investidor no Brasil em 2021, descontando as ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês), está positivo em R$ 42,975 bilhões.
Até aqui, o setor que mais atraiu a entrada de capital internacional no mercado brasileiro foi o de commodities. Especialistas explicam que a demanda por elas cresceu em nível global e, junto a isso, a desvalorização do real desde o início da pandemia da covid-19 favoreceu as exportações dos produtos brasileiros.
Além disso, Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, também ressalta que "os preços do Ibovespa e das ações de muitas empresas brasileiras ainda estão baixos". Desse modo, o analista considera que esse momento se torna propício para a entrada do capital estrangeiro, num cenário onde a taxa de juros americana ainda está baixa e mercados emergentes são opções atrativas para a diversificação de portfólio dos investidores.
O Head de Renda Variável da Veedha finaliza explicando que os próximos meses devem ser positivos em decorrência da grande quantidade de IPOs que aconteceram nas últimas semanas e os que ainda estão previstos para acontecer. Novas e promissoras empresas na Bolsa atraem o investidor estrangeiro com um bom apetite para riscos.