Capital estrangeiro na Bolsa dispara no segundo trimestre e chega a R$ 35,8 bi
Fluxo de capital estrangeiro no mercado secundário da B3 salta de R$ 12,2 bilhões em maio para R$16,6 bilhões em junho
A presença do capital estrangeiro na Bolsa de Valores continuou crescendo em junho de 2021. O fluxo registrado foi de pouco mais que R$ 16,6 bilhões no último mês, segundo dados da B3, contra os R$ 12,2 bilhões que entraram em maio e os R$ 7 bilhões de abril, isso só no mercado secundário (ações listadas).
A tendência de entrada crescente observada no segundo trimestre, total de R$ 35,8 bilhões, deve permanecer nos próximos meses, avaliam os especialistas. O principal motivo é a melhora no cenário macroeconômico brasileiro, com perspectivas do início de uma retomada econômica.
De acordo com Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, o crescimento do interesse dos estrangeiros em relação à Bolsa está para além dos últimos dados da economia brasileira, sobretudo o PIB, que ficaram acima das estimativas do mercado. A aprovação de medidas há muito esperadas pelo investidor, como a privatização da Eletrobras e a saída da Petrobras da BR Distribuidora, contribuem para o otimismo interno e externo.
Carvalho também ressalta que "os preços do Ibovespa e das ações de muitas empresas brasileiras ainda estão baixos". Desse modo, o analista considera que esse é o momento se torna propício para a entrada do capital estrangeiro, num cenário onde a taxa de juros americana ainda está baixa e mercados emergentes são opções atrativas para a diversificação de portfólio dos investidores.
Fluxo de capital estrangeiro no próximo semestre
Até aqui, o setor que mais atraiu a entrada de capital internacional no mercado brasileiro foi o de commodities. Especialistas explicam que a demanda por elas cresceu em nível global e, junto a isso, a desvalorização do real desde o início da pandemia da covid-19 favoreceu as exportações dos produtos brasileiros.
Ao mesmo tempo, com os dados econômicos apontando uma possível retomada e a vacinação avançando, outros setores se mostram promissores na Bolsa. O analista da Toro considera que "setores como varejo, shoppings, educação, turismo e aviação ainda têm um desconto relevante (no preço dos papéis)" e devem atrair o capital estrangeiro no próximo semestre.
Na contramão, o que pode influenciar negativamente o desempenho brasileiro com mais força são as tensões causadas pelo cenário político. A CPI da Covid, as recentes suspeitas de corrupção e a possibilidade de reformas não tramitarem como o esperado pelo Congresso podem abalar a confiança do investidor. "Cenário político sempre tem que ficar de olho com alguns pontos de tensão, mas se pautas reformistas forem tramitadas, isso pode destravar valor para a economia e para a Bolsa", afirma o especialista.
De qualquer forma, Lucas Carvalho se mantém otimista e acredita que os próximos dados a serem divulgados confirmem o desempenho positivo da economia brasileira, com retomada das atividades, o que tende a continuar atraindo o capital estrangeiro para a Bolsa.